UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
ALINE CANTO DE REZENDE NUSP 10722752
LUIZ CARLOS LEMBO VEDOVELLO NUSP 7665530
SEQUÊNCIA DIDÁTICA:
Conflito Israel-Palestina entre História e Atualidade: Reflexões Interdisciplinares
Trabalho apresentado à disciplina de Ensino de História: Teoria e Prática, ministrada pela Profa. Dra. Antonia Terra Calazans Fernandes, como requisito parcial para aprovação.
SÃO PAULO / SP
2º SEMESTRE 2025
Justificativa
Dentre os variados acontecimentos sangrentos do século XX, o holocausto (1933-1945) foi o símbolo das rupturas numa Europa que se considerava “civilizada”. Desde antes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o genocídio de povos judeus, ciganos, pessoas com deficiência, opositores ao regime nazista e pessoas que “fugiam da norma” (como a comunidade LGBTQIA+) foi perpetrado em massa pelo aparato estatal do Terceiro Reich de Adolf Hitler, com bases em premissas eugenistas, racistas e antissemitas. A industrialização da morte e o totalitarismo na vida social e privada feriram de maneira profunda a coletividade não apenas localmente, como em todo o mundo. Ao fim da Segunda Guerra, havia a necessidade de se restaurar os pactos internacionais e de demarcar a brutalidade e a aparente singularidade do que ocorrera. Desta forma, a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945 substituiu a Liga das Nações (1920-1945), tendo como objetivo prevenir conflitos futuros e equilibrar forças no cenário internacional. Uma temática também prevalente era a de reparação aos judeus por conta do Holocausto. Desde o século XIX, a ideologia sionista levantava a bandeira da criação de um Estado judeu, e, em 1947, a resolução 181 da ONU apoiou a fundação do Estado de Israel em territórios palestinos.
A Palestina é um Estado de reconhecimento limitado internacionalmente, mas cujos vestígios de existência histórica datam de períodos antes de Cristo (a.C.). Seus territórios foram dominados pelo Império Otomano durante centenas de anos, e, no século XX, também foram colonizados pelo Mandato Britânico da Palestina, até 1948, quando a instauração do Estado de Israel inaugurou uma nova fase colonial na Palestina. O sionismo israelense adotou, então, práticas estatais de colonização e limpeza étnica, com diversos momentos históricos de conflito entre árabes e judeus. A partir de 2023, com a intensificação do genocídio palestino promovido por Israel e o estabelecimento de uma “guerra” entre Israel e Hamas, o assunto se tornou parte do cotidiano global por meio das redes sociais e nos meios de comunicação. A circulação rápida dessas informações pelas redes sociais torna o assunto ainda mais latente, que por muitas vezes chega ao aluno sem os filtros mínimos de uma cobertura jornalística eticamente responsável.
Isto posto, propomos a sequência didática “Conflito Israel-Palestina entre História e Atualidade: Reflexões Interdisciplinares” como ponto de partida para o entendimento histórico da temática e a reflexão acerca das continuidades e rupturas relativas à violência, ao conceito de genocídio, à guerra, à memória e à história. Trabalhar essa temática em sala de aula significa não apenas discutir fatos históricos referentes ao fim da Segunda Guerra Mundial e suas consequências geopolíticas no Oriente Médio, mas também desenvolver senso crítico sobre como essas questões são representadas por grupos com diferentes intenções políticas. Desta forma, espera-se que o estudante esteja mais bem preparado para lidar com o debate público, reconhecer desinformações e desenvolver uma opinião própria informada sobre ações atuais e passadas dos diferentes agentes políticos envolvidos nesse conflito e em outros.
Por meio desta sequência didática, almeja-se que o aluno aprenda sobre a importância de questões como Direitos Humanos, luta por justiça e preservação da memória histórica, além de construir um arcabouço teórico que lhe possibilite compreender de forma ampla e profunda contextos de violência, especialmente quando eles são perpetrados pelo aparato hegemônico do Estado. Também se pretende que os alunos assimilem a importância da denúncia e das formas de combate estabelecidas internacionalmente contra o genocídio e que elaborem sua própria crítica sobre os limites efetivos destas. Por fim, incentivar os alunos a refletirem sobre sua agência histórica e pensarem em formas de resolver problemas globais se faz necessário, visando construir a noção de coletividade e ação.
Assim, a sequência didática a seguir visa tratar o tema de maneira crítica e interdisciplinar, mobilizando, para além da História, conhecimentos de geopolítica, linguagens, pesquisa científica e sociologia. Prioriza-se o uso de metodologias ativas na construção desta sequência, isto é, que possam colocar o estudante enquanto sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem, exercitando a autonomia crítica e as habilidades interpretativas de leitura e escrita da história.
Objetivos
- Coletar informações a partir de obras de história em quadrinhos produzidas em contextos e épocas diferentes, com temáticas correlatas que se entrelaçam e se fazem presentes na contemporaneidade, como a memória do holocausto, a diáspora judaica e a questão Palestina.
- Reconhecer as singularidades da linguagem textual das HQs, compreendendo as formas que símbolos, conceitos, estética e escritos assumem conjuntamente para transmitir mensagens e ideias. Além disso, refletir sobre como as histórias em quadrinhos podem se configurar enquanto documentos históricos[1].
- Identificar a construção de discursos políticos e sociais sobre determinados grupos e de que maneira eles sofrem mutações ao longo do tempo.
- Observar a capacidade dos alunos de saber distinguir gêneros textuais, como o memorialístico, o jornalístico e o de manifesto.
- Ensinar e exercitar a capacidade crítica para realizar pesquisas e interpretar notícias, buscando fontes seguras e distinguindo fake news.
- Apresentar acervos históricos digitais e orientar a pesquisa neles.
- Entender que violações de direitos humanos e episódios caracterizados como limpezas étnicas e genocídios são violências ocorridas antes, durante e depois do Holocausto, mesmo após a instauração de marcos internacionais significativos, tal qual a Convenção para a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio de 1948, da Organização das Nações Unidas. São notáveis também outras resoluções posteriores da ONU sobre o conflito no Oriente Médio, como as 242 (1967) e 338 (1973)[2], e, por fim, o Estatuto de Roma (1998), que estabelece o Tribunal Penal Internacional (TPI) como entidade competente para julgar e punir crimes de guerra, de genocídio, de agressão, e crimes contra a humanidade.
- Debater a importância de estudar e questionar os processos históricos de repressão e violência em cenários de guerra e genocídio, ponderando sobre a
importância do conhecimento histórico e geográfico para entender conflitos do passado, presente e futuro.
Público-alvo
Alunos do Ensino Médio, e, com algumas adaptações, acreditamos que o docente possa desenvolver essa sequência tanto no 1° quanto nos 2° e 3° anos do EM. Há também a possibilidade de utilizá-la como parte dos itinerários formativos presentes no Novo Ensino Médio (NEM), dentro da área de Ciências Humanas, segundo a Base Nacional Curricular Comum.
Duração
5 aulas (50min cada)
Materiais necessários para as atividades
- Um datashow, para exibição de documentos;
- Documentos de cada aula impressos para realização das oficinas didáticas; - Acesso à internet para a aula de pesquisa sobre manchetes jornalísticas.
Bibliografia básica
SACCO, Joe. Palestina. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011.
SACCO, Joe; SPIEGELMAN, Art. Nunca Mais… de novo. [S. l]: Revista Piauí, ed.
222, mar. 2025.
SPIEGELMAN, Art. Maus: A História de um Sobrevivente. [S.l.]: Quadrinhos e Cia., 2005.
Bibliografia de apoio ao professor
MCCLOUD, Scott. Understanding Comics: The Invisible Art. New York, NY: HarperCollins Publishers, 1993.
POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.
Aula 1 - Organização das Nações Unidas e Genocídio Resumo
Essa aula tem como objetivo apresentar aos alunos a importância das Nações Unidas na estruturação jurídica internacional para combater crimes como o de genocídio, bem como explicar o significado do termo e seu caráter legal. Também será uma oportunidade de discutir as limitações dessa atuação.
Metodologia
Antes da entrega dos documentos que serão discutidos, o(a) professor(a) pode fazer um diagnóstico com os alunos sobre seus conhecimentos sobre o tema:
- Conhecem o termo Genocídio? O que ele significa?
- Sabem dar exemplos de genocídios, no passado ou presente?
- Existe um debate público sobre se os exemplos apresentados (se houver) são de fato exemplos de genocídio? Quais argumentos são apresentados pelos defensores e pelos acusadores do exemplo?
- Qual a diferença entre um genocídio e uma guerra?
Levantada essas questões, apresentar os documentos abaixo aos alunos, e pedir que respondam, em grupo ou individualmente:
- Qual mecanismo legal foi proposto para prevenir o crime de genocídio?
- Em que ano a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio foi criada?
- Com base nas resoluções 242 e 338 da ONU, pode-se dizer que a Convenção está sendo respeitada? Justifique sua resposta.
Documentos:
FONTE: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasilei…
Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio
Conclusão e assinatura:
Nova Iorque – EUA, 09 de dezembro de 1948
Entrada em vigor: 12 de janeiro de 1951
No Brasil
Aprovação: Decreto Legislativo nº 2, de 11 de abril de 1951
Ratificação: 15 de abril de 1952
Entrada em vigor: 14 de julho de 1952
Promulgação: Decreto nº 30.822, de 06 de maio de 1952
Artigo I - As partes-contratantes confirmam que o genocídio, quer cometido em tempo de paz, quer em tempo de guerra, é um crime contra o Direito Internacional, o qual elas se comprometem a prevenir e a punir.
Artigo II - Na presente Convenção, entende-se por genocídio qualquer dos seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tal como:
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-assassinato de membros do grupo; -dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo; -submissão intencional do grupo a condições de existência que lhe ocasionem a destruição física total ou parcial; - medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; -transferência forçada de menores do grupo para outro.
Artigo III - Serão punidos os seguintes atos: -o genocídio; -o conluio para cometer o genocídio; -a incitação direta e pública a cometer o genocídio; -a tentativa de genocídio; -a cumplicidade no genocídio. Artigo IV - As pessoas que tiverem cometido o genocídio ou qualquer dos outros atos enumerados do artigo III serão, sejam governantes, funcionários ou particulares.
Artigo V - As Partes-contratantes assumem o compromisso de tomar, de acordo com as respectivas Constituições, as medidas legislativas necessárias a assegurar a aplicação das disposições da presente Convenção e, sobretudo, a estabelecer sanções penais eficazes aplicáveis às pessoas culpadas de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no artigo III.
Artigo VI - As pessoas acusadas de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no artigo III serão julgadas pelos tribunais competentes do Estado em cujo território foi o ato cometido ou pela corte penal internacional competente com relação às Partes - contratantes que lhe tiverem reconhecido a jurisdição.
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ESTATUTO DE ROMA DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL Adoção: 17 de julho de 1998, na Conferência de Roma. Entrada em vigor: 1º de julho de 2002.
Jurisdição: O TPI tem jurisdição sobre crimes de guerra, genocídio, crimes contra a humanidade e, desde 2010, o crime de agressão.
(...)
ARTIGO 5
CRIMES DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL
1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes:
(...)
ARTIGO 6 CRIME DE GENOCÍDIO
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal:
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Resolução 242 de 1967
(Tradução Livre)
O Conselho de Segurança,
Expressando sua contínua preocupação com a grave situação no Oriente Médio,
Enfatizando a inadmissibilidade da aquisição de território pela guerra e a
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necessidade de trabalhar por uma paz justa e duradoura em que todo Estado da região possa viver em segurança, Enfatizando, além disso, que todos os Estados-Membros, ao aceitarem a Carta das Nações Unidas, assumiram o compromisso de agir de acordo com o Artigo 2 da referida Carta, 1. Afirma que o cumprimento dos princípios da Carta exige o estabelecimento de uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, a qual deve compreender a aplicação de ambos os seguintes princípios:
Aprovada por unanimidade na 1382a. sessão. |
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Resolução 338 de 1973 (Tradução Livre) O Conselho de Segurança, 1. Exige que todas as partes no atual combate cessem completamente o fogo e suspendam todas as atividades militares imediatamente, não mais tarde do que 12 horas após a adoção desta decisão, e que, daí em diante, permaneçam nos posicionamentos que ocupam;
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- Exige que as partes interessadas comecem, imediatamente após o cessarfogo, a implementar a Resolução 242 (1967) do Conselho de Segurança em todas as suas partes;
- Decide que, imediatamente e simultaneamente com o cessar-fogo, negociações começarão entre as partes envolvidas, sob os devidos auspícios apropriados, com o objetivo de estabelecer uma paz justa e duradoura no Oriente Médio.
Aprovada na 1747ª sessão.
Aula 2 - Holocausto e memória em Maus, de Art Spiegelman Resumo
O objetivo desta aula é debater holocausto e memória a partir da história em quadrinhos Maus, do quadrinista norte-americano Art Spiegelman. A obra, originalmente publicada em duas partes (1986 e 1991), narra as memórias do pai de Art, judeu polonês, sobre o holocausto e sua sobrevivência ao campo de concentração de Auschwitz. Espera-se que os alunos possam entender outras linguagens e representações, assim como debater memória coletiva e trauma (POLLAK, 1992).
Metodologia
- Dividir os estudantes em 4 grupos e entregar um dos documentos abaixo, juntamente com suas respectivas perguntas. Entregar um documento para cada grupo.
- Solicitar aos grupos que leiam e analisem os documentos recebidos a partir das questões propostas correspondentes a cada documento.
- Após os dois grupos terem analisado e respondido às questões, pedir aos grupos que apresentem suas reflexões a respeito dos documentos, expondo estes últimos brevemente.
- Depois, a partir de algum tema que se sobressaiu nas reflexões ou na questão final do documento 5, considere abrir um debate com a sala de aula sobre as temáticas abordadas.
Documento 1



SPIEGELMAN, Art. Maus: A História de um Sobrevivente. [S. l.]: Quadrinhos e Cia., 2005.
1 - Após ler o documento 1, responda às seguintes questões:
- A qual evento histórico o quadrinho se refere? Escreva também um ano nele mencionado.
- Quem são os personagens do quadrinho? Como eles são representados?
- Os personagens chegam a um lugar na última página do documento 1. Qual é esse lugar? Como ele está caracterizado? Qual símbolo está presente?
Documento 2
Documento 3
2 - Os documentos 2 e 3 são compostos por cenas do livro, não necessariamente seguidas. Com isso em mente, responda ao que se pede a seguir.
- Os personagens estão caracterizados de duas formas no documento 2. Quais são elas?
- Quais recursos estilísticos o autor usa para enfatizar essa caracterização?
- Na sua opinião, o título "A ratoeira" se alinha com a caracterização desses personagens? Explique.
- Os cenários do documento 3 trazem informações para o entendimento do contexto histórico. Quais são os elementos utilizados pelo autor que simbolizam essas ideias?
De que forma elas se relacionam com o contexto?
- Em um dos quadrinhos, dois personagens desconhecidos têm uma interação. Explique-a com suas próprias palavras, pensando nos detalhes do desenho. Na sua opinião, por que o autor achou importante inserir essa interação na história?
Documento 4

SPIEGELMAN, Art. Maus: A História de um Sobrevivente. [S. l.]: Quadrinhos e Cia., 2005.
3 - Sobre o documento 4, responda.
- O que o quadrinho relata? Esse evento ocorreu em uma época passada ou atual?
- Identifique o que os personagens dessa cena representam. O que mais chama sua atenção?
- Artie menciona que muitas empresas prosperaram no nazismo. A seguir, na tira, um personagem aparece com uma proposta para Artie. Qual é esse personagem e qual é a proposta? Na sua opinião, qual foi a intenção do autor em relacionar esses dois elementos?
- Ao mencionar Israel, Artie diz que eles seriam representados como porco-espinhos.
Na sua opinião, por que Artie pensa assim?
- Qual é o posicionamento de Artie sobre culpa?
Documento 5
SPIEGELMAN, Art. Maus: A História de um Sobrevivente. [S. l.]: Quadrinhos e Cia., 2005.
4 - Sobre o documento 5, responda.
- O diálogo do quadrinho traz um embate entre passado e presente. De que maneira isso afeta Artie?
- Identifique na fala de Artie um aspecto relativo ao evento histórico que afetou a ele e sua família.
- Pensando na resposta da questão 3e, relacione as duas formas que a culpa assume no discurso de Artie, tanto no documento 3 quanto no 4.
- Na sua opinião, um passado doloroso pode afetar o presente e o futuro daqueles que não o vivenciaram? Disserte.
Aula 3 - Entre memória e atualidade na obra Palestina, de Joe Sacco
Resumo
Para essa aula, utiliza-se como fonte primária a HQ Palestina, uma extensa reportagem do quadrinista Joe Sacco, resultado de sua viagem para Israel e os territórios ocupados da Palestina no início dos anos 1990. Assim, tem-se como objetivo aproximar os alunos do cotidiano das pessoas e diferentes grupos que vivem na Palestina, e as questões políticas e sociais enfrentadas. Para maior contexto histórico, apresenta-se primeiramente o mapa da ocupação do território palestino desde o início do século XX.
Metodologia
- Primeiramente, mostrar o documento 1 para toda a turma. Perguntar: o que veem? Quem são os atores neste mapa? Em que local do mundo estamos? Entre outras questões.
- Incentivar a participação dos alunos para responder às questões. Perguntar se têm visto ultimamente o nome Palestina na mídia ou nas redes sociais, e, se sim, o que se sabe sobre a situação atual.
- Depois dessa interação, dividir os estudantes em 4 grupos e entregar um dos documentos abaixo, juntamente com suas respectivas perguntas. Entregar um documento para cada grupo.
- Solicitar aos grupos que leiam e analisem os documentos recebidos a partir das questões propostas correspondentes a cada documento.
- Após os dois grupos terem analisado e respondido às questões, pedir aos grupos que apresentem suas reflexões a respeito dos documentos, expondo estes últimos brevemente para os colegas.
- Depois, a partir de algum tema que se sobressaiu nas reflexões ou na questão final do documento 5, considere abrir um debate com a sala de aula sobre as temáticas abordadas.
Documento 1
Jornal Folha de S.Paulo, em 31 de julho de 2014.
Documento 2
SACCO, Joe. Palestina. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011.
Documento 3
SACCO, Joe. Palestina. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011.
Documento 4

SACCO, Joe. Palestina. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011.
Documento 5

SACCO, Joe. Palestina. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011.
Com base na leitura e interpretação dos documentos 2 a 5, extraídos da história em quadrinhos Palestina, de Joe Sacco, responda:
- Ao entrevistar um senhor refugiado em Gaza, o autor tenta não esquecer que “isso foi há muito tempo”, e que o refugiado está morando ali “por mais de quatro décadas”.
- A qual evento histórico o autor se refere ao descrever que “isso foi há muito tempo”?
- Por que é importante não esquecer onde é e há quanto tempo o entrevistado mora ali?
- No documento seguinte, o autor conversa com um grupo de três palestinos, que aparentam estar insatisfeitos com a presença do jornalista americano ali. Como eles justificam essa insatisfação?
- Durante uma entrevista com duas mulheres israelenses sobre a ocupação, elas afirmam estar “cansadas dessa conversa”. Sobre essa entrevista, responda:
- Elas são favoráveis ou contrárias à ocupação israelense dos territórios palestinos?
- Com que argumentos uma delas justifica seu posicionamento?
- Por que elas classificam o assunto da ocupação israelense como “cansativo”?
- Numa viagem de ônibus, o autor conversa com uma senhora sobrevivente do Holocausto. Qual a opinião dela sobre Israel? Como ela descreve os soldados israelenses? E como ela descreve os palestinos?
- O autor também se encontrou com alguns assessores de imprensa de uma ONG. Juntos eles discutiram formas possíveis de solucionar o conflito entre israelenses e palestinos. Escreva as duas opções, discuta com seus colegas sobre qual seria a melhor opção entre as duas apresentadas, e marque com um X a conclusão do grupo.
Aula 4 - Introdução à Pesquisa Histórica: acervos e museus digitais
Resumo
O objetivo desta aula é introduzir os alunos na pesquisa histórica, apresentando alguns acervos e memoriais digitais; os discentes entrarão em contato com diversos tipos documentais. Faz-se essencial que o docente oriente os estudantes na realização das pesquisas propostas, ensinando conceitos como verificação de fontes confiáveis, verificação entre pares, formas de se apropriar de fontes primárias e de analisar cientificamente os conteúdos encontrados.
Metodologia
Idealmente, essa aula se realizaria num ambiente com computadores conectados à Internet, como uma sala de informática ou biblioteca, para permitir aos alunos a pesquisa ativa. Contudo, caso este cenário não seja possível, é possível adaptá-lo de algumas maneiras, como, por exemplo, o professor conduzindo determinada pesquisa na qual consiga exprimir como realizá-la, e deixando como tarefa para casa a pesquisa autônoma. Também é importante pontuar que os acervos históricos sobre o holocausto são, na maioria, escritos em inglês; há a possibilidade de se traduzir as páginas para o português brasileiro, tal qual o docente pode selecionar previamente documentos e traduzi-los.
- Apresentar aos discentes os acervos históricos a serem utilizados:
- Sobre o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial: United States’ Memorial Holocaust Museum (USMHM) e sua enciclopédia sobre o Holocausto em português; German Propaganda Archive, da Calvin University, especialmente o acervo Nazi Propaganda: 1933-1945.
- Sobre o genocídio palestino e a resistência palestina: Palestinian Studies, da Brown University; e o The Palestinian Museum Digital Archive.
- Explicar como são constituídos os arquivos digitais, quais coleções os compõem, quem os financia etc.
- Realizar uma pesquisa em conjunto com toda a sala, seja em torno de um tema, um recorte temporal, um tipo documental etc.
- Realizar aos alunos as perguntas listadas abaixo. Incentivar a participação e o debate.
- Dividir a turma em 5 grupos, e, com cada grupo, decidir um recorte para pesquisa.
- Dentro de um mesmo grupo (supondo que tenham 6 integrantes, por exemplo), dividir novamente: três integrantes pesquisam o recorte escolhido em um dos acervos sobre o Holocausto, enquanto os outros três pesquisam o mesmo recorte em um dos acervos sobre o genocídio palestino.
- Após a pesquisa, o grupo se reúne novamente e compartilha entre si suas descobertas e os documentos encontrados. Depois, apresenta para os outros grupos, abrindo, se possível, um debate sobre semelhanças e diferenças nos acervos, seus recursos e suas narrativas.
- É importante que o professor esteja atento e orientando os alunos, instigandoos a questionar as fontes, identificar datas e grupos, etc. Também é essencial que o docente esteja preparado para ajudar os grupos em caso de dúvidas sobre o uso das plataformas digitais.
Documentos
- United States’ Memorial Holocaust Museum (USMHM) - Enciclopédia do Holocausto: <https://encyclopedia.ushmm.org/pt-br>
- German Propaganda Archive, da Calvin University - o acervo Nazi Propaganda: 1933-1945: <https://research.calvin.edu/german-propagandaarchive/ww2era.htm#links>
- Palestinian Studies, da Brown University:
<https://libguides.brown.edu/Palestine/primary>
- The Palestinian Museum Digital Archive:
<https://palarchive.org/index.php/Front/Index/lang/en_US>
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Guia de perguntas para interpretação de fontes históricas |
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Estado que o criou ou a sociedade civil?
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Aula 5 - Nunca Mais… de novo, de Art Spiegelman e Joe Sacco, entre história e atualidade Resumo
A última aula desta sequência didática traz um documento interessante, que junta dois autores anteriormente trabalhados para abordar o conflito entre Israel e
Palestina na atualidade. O quadrinho “Nunca Mais… de Novo”, dos quadrinistas Art Spiegelman e Joe Sacco, foi publicado no início de 2025 pelo jornal The New York Times, e traduzido para o português pela revista Piauí em março do mesmo ano. Já familiarizados com ambos os autores, espera-se que os alunos possam identificar os discursos e as escolhas estilísticas deles, além de debater sobre memória, história e violações atuais dos direitos humanos.
Metodologia
- Dividir os estudantes em 5 grupos e entregar o documento para todos.
- Solicitar aos grupos que leiam e analisem o documento recebido, respondendo cada questão.
- Após os dois grupos terem analisado e respondido às questões, pedir aos grupos que apresentem suas reflexões e debates.
- Depois, a partir da questão final do documento, abra um debate com a sala de aula sobre as temáticas abordadas.
- Neste debate, traga questões para discutir continuidades e rupturas na história e na atualidade. De que forma, por exemplo, os palestinos são representados na mídia? De que forma os judeus eram representados na imprensa durante o Terceiro Reich? Instigue-os a traçar paralelos, pensando em todo o conteúdo da sequência e, principalmente, nos acervos históricos digitais a que tiveram acesso na aula 4.
Documento:
SACCO, Joe; SPIEGELMAN, Art. Nunca Mais… de novo. [S. l]: Revista Piauí, ed. 222, mar. 2025.
Questões
- Pensando na obra dos autores e as histórias que são relatadas nessas obras, por qual razão o título seria “Nunca mais!, e mais, e mais…”? A qual evento atual ele se refere?
- Os eventos que inspiraram as três obras se deram em momentos históricos diferentes. Sabendo disso, responda:
- Há relação dos eventos entre si? Se sim, de que forma?
- É possível identificar uma continuidade?
- Num determinado momento do quadrinho, Art Spiegelman diz que não criou Maus com o intuito de ensinar nada a ninguém e muito menos ser um “Auschwitz para principiantes”. De que forma essa passagem consegue relacionar as temáticas das duas obras, Maus e Palestina?
- Este documento pode ser encarado como um relato jornalístico, uma memória ou um manifesto? Indique elementos dele que sustentem a sua resposta.
- Na última página do documento, um personagem afirma que “uma solução justa seria bem melhor que uma solução final”. Descreva em poucas linhas uma possível solução justa para o conflito representado na obra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Obras abordadas
SACCO, Joe. Palestina. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011.
SACCO, Joe; SPIEGELMAN, Art. Nunca Mais… de novo. [S. l]: Revista Piauí, ed.
222, mar. 2025.
SPIEGELMAN, Art. Maus: A História de um Sobrevivente. [S.l.]: Quadrinhos e Cia., 2005.
- Referenciais teóricos
MCCLOUD, Scott. Understanding Comics: The Invisible Art. New York, NY:
HarperCollins Publishers, 1993.
POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.
WALSH, Catherine. Interculturalidade e decolonialidade do poder: um pensamento e posicionamento "outro" a partir da diferença colonial. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). V.
05, N. 1, Jan.-Jul., 2019.
[1] Para mais, recomendamos consultar: MCCLOUD, Scott. Understanding Comics: The Invisible Art.
New York, NY: HarperCollins Publishers, 1993.
[2] Todas as resoluções da ONU podem ser consultadas em: https://main.un.org/securitycouncil/en/content/resolutions-0
| Anexo | Size |
|---|---|
| Palestina - Sequência didática - Ensino de História.pdf | 4.46 MB |