UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
ANDRESSA VENANCIO DA SILVEIRA, 14651354
ANTONIO FIX ARANTES, 5506480
GIOVANA SANTOS BOMFIN, 13647764
LISANDRA FERREIRA DOS SANTOS BRITO, 13717765
SEQUÊNCIA DIDÁTICA:
Brasil em três linguagens: literatura, música e pintura na construção da identidade nacional no século XX
Ensino de História: teoria e prática (FLH0421)
Profª Antonia Terra de Calazans Fernandes
2º semestre/2025
SÃO PAULO
2025
- Identificação
Modalidade de Ensino: Ensino Fundamental II (9º ano) ou Ensino Médio.
N° estimado de aulas: 6 (01 bloco a cada duas aulas).
Tempo de aula: 45 minutos/aula.
- Objetivos e Justificativa
O presente plano de aula – voltado às últimas séries do Ensino Fundamental, sobretudo o 9º ano, e ao Ensino Médio – tem como tema central a construção da identidade nacional ao longo do século XX. A proposta busca trabalhar a leitura e escrita dos discentes a partir da análise de diferentes linguagens artísticas que abordam um mesmo tema: a identidade nacional brasileira.
A atividade propõe o estudo de três fontes: Macunaíma: o herói sem nenhum caráter (1928), de Mário de Andrade; O lavrador de café (1934), de Cândido Portinari; e Refazenda (1975), de Gilberto Gil. Por meio da leitura e discussão dessas obras, pretende-se que os discentes reflitam sobre como a ideia de “ser brasileiro” foi representada em distintos contextos históricos e culturais, identificando continuidades e rupturas nesse processo.
O trabalho com leitura e escrita se concretiza na proposta de que os alunos realizem a leitura e a interpretação das fontes – de forma individual ou em grupo – e, a partir delas, respondam a questões de caráter crítico que estimulem a análise, a argumentação e o diálogo. Dessa forma, busca-se ir além da simples identificação de informações, promovendo a construção de sentidos e o exercício da escrita reflexiva.
Além disso, espera-se que os alunos reconheçam as semelhanças e as diferenças no modo como Mário de Andrade, Cândido Portinari e Gilberto Gil elaboram suas visões sobre a identidade nacional. O professor, ao final da sequência didática, também deverá contextualizar os contextos históricos específicos em que cada obra foi produzida, com o objetivo de observar como os discentes veem as motivações e os debates presentes no século XX a respeito da questão identitária. O docente deverá fazer tal contextualização apenas no final da sequência didática para não interferir nas respostas das atividades e nas interpretações dos alunos.
Com isso, o plano de aula visa o desenvolvimento do pensamento crítico e à formação de cidadãos conscientes da pluralidade histórica e cultural do país, capazes de compreender as transformações nas representações da diversidade brasileira ao longo do século XX.
Os objetivos específicos do plano são:
- Desenvolver a leitura e a escrita a partir da análise de fontes artísticas;
- Trabalhar com diferentes gêneros textuais em relação à escrita;
- Compreender quais os recursos são mobilizados no processo de interpretação das fontes (saberes prévios, conteúdos relacionados de outras disciplinas, relações de temporalidade histórica, etc);
- Discutir como Mário de Andrade, Cândido Portinari e Gilberto Gil pensaram uma identidade nacional a partir de perspectivas regionais e tradicionais em diferentes momentos históricos;
- Identificar as motivações e os contextos em que cada obra foi produzida, reconhecendo continuidades e descontinuidades no debate sobre a identidade nacional.
- Avaliação e resultados esperados
Segundo o historiador Jaime Pinsky, para pensar um ensino de História com horizontes na aplicação de conceitos fundamentais como cidadania, diferença, semelhança, permanência, transformação ou convivência, é necessário desenvolver nos estudantes um sentido histórico que os ajude a atuar no mundo de maneira crítica e reflexiva (Pinsky, 2018,
p. 40). Na esteira da contribuição pedagógica feita pelo autor, o presente plano didático busca seguir o mesmo princípio, apresentando aos alunos elementos úteis a esse processo de tomada de consciência - dentre eles, a leitura, a escrita, a interpretação de fontes e as discussões possíveis em torno delas. Pretende-se, assim, alcançar a atenção dos discentes por meio de questionamentos que os aproximem e, ao mesmo tempo, os diferenciem dos atores e vivências do passado, fomentando reflexões sobre continuidades, rupturas e a formação de identidades e tradições ao longo do tempo histórico.
Pinsky também alerta para o perigo de se fazer História apenas pela exposição linear de fatos e datas, o que pode levar à falsa impressão de que a historicidade se resume a um conjunto de acontecimentos prontos e acabados (Pinsky, 2018, p. 45). Diante disso, o uso de fontes primárias durante as aulas torna-se um recurso essencial para decompor esse processo e complexificar o estudo da História, evidenciando os caminhos de interpretação e as escolhas implicadas na construção do conhecimento histórico. É, portanto, com esse propósito que o plano de aula se utiliza de documentos — Macunaíma (1928), de Mário de Andrade; O lavrador de café (1934), de Cândido Portinari; e Refazenda (1975), de Gilberto Gil —, articulando diferentes linguagens artísticas e contextos históricos em torno da temática da identidade nacional brasileira.
As atividades serão desenvolvidas em três blocos, cada um dedicado a uma das fontes. No primeiro, a análise de trecho selecionado de Macunaíma permitirá aos alunos discutir a representação do Brasil e de sua diversidade cultural a partir da literatura modernista, culminando na produção de um texto reflexivo. O segundo bloco, será voltado à observação e interpretação da pintura O lavrador de café, de Cândido Portinari, promovendo uma reflexão visual e simbólica sobre o trabalhador como figura central da identidade brasileira. Já no terceiro bloco, a música Refazenda será explorada como releitura contemporânea da brasilidade, enfatizando como Gilberto Gil retoma e ressignifica elementos da cultura popular nordestina e do imaginário nacional. Em todos os casos, o trabalho coletivo e o debate orientado pelo professor buscam favorecer a leitura crítica, a escrita interpretativa e o desenvolvimento da argumentação histórica.
Como parte integrante das atividades de análise das fontes, propõe-se ainda uma produção escrita final, em que os discentes deverão elaborar um texto comparativo entre as três obras, identificando mudanças e continuidades nas representações da identidade nacional ao longo do século XX. Essa atividade escrita funcionará tanto como instrumento de avaliação quanto como exercício de consolidação do trabalho de leitura, escrita, comparação e análise crítica — habilidades centrais não apenas para esta sequência didática, mas para o ensino de História como um todo.
Espera-se, ao final do processo, que os alunos compreendam que a identidade nacional não é uma essência fixa, mas uma construção histórica e cultural em constante transformação, permeada por disputas de sentido, silenciamentos e reinterpretações ao longo do tempo.
- Materiais didáticos
O plano de aula prevê o uso de materiais como lousa, recursos audiovisuais (projetor e aparelho de som) e textos impressos sobre as fontes selecionadas. Também serão utilizadas fichas de leitura e respostas (consultar anexos).
-
- Fontes
Fonte 1: Macunaíma (obra de Mário de Andrade).
Escrita e publicada em 1928, Macunaíma é uma das obras mais importantes da primeira fase do Modernismo brasileiro. Essa fase foi caracterizada, entre outras pautas, pela busca de uma cultura que realmente representasse o Brasil, escapando das influências puramente europeias e incorporando elementos do nacional-popular às representações artísticas.
A partir dessa preocupação central, Mário de Andrade escreveu Macunaíma buscando representar, na figura do protagonista – personagem presente na mitologia de diferentes povos indígenas do Brasil –, um verdadeiro “herói sem nenhum caráter” e que, justamente por isso, possuísse todos os caracteres. Em outras palavras, o autor desejava criar um personagem no qual todos os brasileiros, dos mais diversos estados e regiões do país, pudessem se reconhecer.
A narrativa acompanha a vida – e a morte – de Macunaíma, um anti-herói dotado da habilidade de se metamorfosear, assim como de transformar objetos e pessoas ao seu redor, em diferentes criaturas. Nascido às margens do rio Uraricoera, na Amazônia, o personagem empreende, junto a seus irmãos Maanape e Jiguê, uma jornada até São Paulo para recuperar o muiraquitã – pedra mágica dada a ele por sua primeira paixão, Ci (Mãe do Mato), e roubada pelo capitalista Venceslau Pietro Pietra.
A espinha dorsal da narrativa se consolida justamente entre os capítulos 4 e 5, quando ocorre essa travessia simbólica entre o mundo mítico e o urbano. Para trabalhar a questão da identidade nacional presente em Macunaíma, o presente plano de aula realiza um recorte do quinto capítulo da obra, intitulado “Piaimã”. O trecho selecionado encontra-se disponível – juntamente com a íntegra do capítulo – nos anexos, e será explorado ao longo da sequência didática proposta. A análise desse trecho permitirá que os alunos exercitem a leitura crítica e a escrita reflexiva a partir de uma fonte literária modernista, relacionando-a às demais obras estudadas no plano de aula.
Fonte 2: O Lavrador de café (pintura de Cândido Portinari).
Pintada em 1934, essa obra se insere no contexto da arte modernista. Ao retratar Nilton Rodrigues, um homem negro que empunha uma enxada em um cafezal, Portinari busca representar o trabalhador rural brasileiro. Esse estilo de pintura busca construir um relato do país na época, se importando em retratar os tipos sociais que viviam no Brasil, consolidando uma arte nacional.
As mãos e pés desproporcionalmente grandes são uma influência do expressionismo e buscam retratar a longa trajetória dos trabalhos braçais, também ressaltada a partir da expressão do trabalhador. Ao seu lado direito, uma árvore já derrubada, demonstrando o desmatamento da vegetação nativa para a produção de monocultura. Ao seu lado esquerdo, uma linha férrea que representa o transporte mais eficiente da época, referindo-se tanto ao transporte de pessoas como para o escoamento do café. Um quadro onde o protagonista é o camponês o que se valoriza nele é seu trabalho árduo e constante.
Espera-se que através da observação dos elementos do quadro, os alunos possam compreender o contexto social e produtivo da época, assim como enxergar os elementos que o pintor buscava ressaltar e valorizar nesse sentido para construir sua ideia sobre a identidade brasileira. Portanto, torna-se possível a partir da leitura da obra refletir a respeito de quem eram os sujeitos, locais e ciclos sociais presentes na sociedade brasileira do século XX, para em seguida pensar no propósito dessa escolha de representação do pintor.
Fonte 3: Refazenda (composição de Gilberto Gil).
Composta em 1975, Refazenda é a faixa de abertura do álbum homônimo de Gilberto Gil. A canção constitui uma importante fonte primária por marcar uma nova fase na trajetória do artista: afastado da Tropicália, Gil retoma uma produção musical renovada, que exalta aspectos da identidade nacional vinculados ao campo, à cultura rural e às raízes brasileiras.
A letra combina temas tradicionais – ligados à vida rural e à natureza – e temas universais, que remetem à constante transformação humana e natural. Nesse sentido, a canção distancia-se das músicas de protesto político que marcaram a produção de Gilberto Gil nos anos anteriores e inaugura uma nova tônica em sua obra: a retomada das raízes brasileiras, especialmente nordestinas.
A música será trabalhada integralmente com os alunos, de modo a possibilitar a identificação de elementos presentes na letra e na melodia que expressem uma identidade nacional. Por meio dessa abordagem, pretende-se evidenciar a continuidade de uma agenda cultural centrada na valorização do nacional-popular, perceptível desde o Modernismo dos anos 1920 até o final da década de 1970.
Em particular, espera-se que essa reflexão permita aos alunos compreender o caráter diverso, dinâmico e fluido que a identidade nacional assume no Brasil ao longo do século XX. A análise dessa fonte musical, portanto, também visa estimular a leitura crítica e a escrita reflexiva dos discentes, em diálogo com as demais obras estudadas no plano de aula.
- Descrição das atividades
5.1 Bloco 01: Identidade nacional em Macunaíma (1928) de Mário de Andrade Duração prevista: 1h30 (compreende duas aulas de 45 minutos).
Materiais didáticos: Trecho selecionado do quinto capítulo de Macunaíma, “Piaimã” (o trecho selecionado será distribuído em uma ficha, consultar anexo 1), ficha de leitura (anexo 2), ficha de respostas (anexo 3).
Objetivo da aula: Compreender, por meio da leitura crítica e da leitura interpretativa de trechos de Macunaíma, como a obra traz para o centro e (re)formula a ideia de identidade nacional, apresentando-a com um processo descontínuo em constante transformação, no qual as matrizes culturais do Brasil se interpenetram. A atividade convida os educandos a escrever e argumentar sobre como o texto de Andrade transforma elementos de uma nova narrativa identitária.
- O docente deverá iniciar essa aula expondo a literatura como forma de pensar e representar o país, situando a possibilidade de utilização de romances como fontes historiográficas que expressam ideias, disputas e imaginários, e que por isso podem revelar como diferentes momentos históricos imaginaram o país e sua identidade.
- Em seguida, orienta-se que apresente brevemente Mário de Andrade, explicando a importância do autor.
- Após a introdução, o professor apresentará Macunaíma: o herói sem nenhum caráter, sem adentrar no seu conteúdo, apenas como uma obra produzida no início do século XX. A proposta é colocar o texto em circulação como um objeto a ser interpretado pelos próprios alunos, não explicado preliminarmente.
Juntamente será distribuído a folha com os trechos (uma para cada aluno), uma ficha de leitura (uma para cada aluno) e uma ficha de resposta (uma por grupo).
- A seguir, o professor orientará os alunos a se organizarem em grupos de até cinco integrantes, e distribuirá cópias de trechos do quinto capítulo de Macunaíma (“Piaimã”), em que Macunaíma e seus irmãos, viajando para São Paulo, se banham em uma lagoa encantada e, ao saírem, cada um aparece com a pele em uma cor diferente.
- O docente então iniciará a leitura coletiva do trecho e, em seguida, proporá que os alunos individualmente respondam a ficha de leitura;
- Após isso, o docente deverá suscitar a discussão entre os grupos e pedir para que escrevam, em tópicos, suas impressões e hipóteses na ficha de resposta a partir de perguntas disparadoras como:
-
-
- Que aspectos do Brasil aparecem nesse texto?
- Como o texto trata as diferenças entre as personagens e/ou situações? iii) O que ele parece sugerir sobre quem somos como povo? iv) Que imagens de “brasileiros” o texto cria?
- O que causa estranhamento ou dúvida na leitura?
- Que marcas do tempo em que foi escrito vocês conseguem perceber? vii) Que vozes aparecem e quais parecem estar ausentes?
-
-
viii) O que essa cena pode nos informar sobre como Mário de Andrade via a formação do povo brasileiro?
O educador deve circular entre os grupos, incentivando o debate e auxiliando os estudantes, mas sem oferecer interpretações.
- O docente deve orientar os grupos a partilharem com o restante da turma suas interpretações, além disso, conduzirá o diálogo retomando questões que façam os estudantes refletirem sobre o Brasil construído no texto, perguntando, por exemplo: “O que significa ter uma identidade nacional em um país com tantas culturas diferentes” ou “Seria possível unir o Brasil em uma identidade nacional única? Como isso poderia acontecer?.
A mediação tem como propósito promover o debate em sala e ajudar os alunos a perceber que o texto, como qualquer documento histórico, produz uma representação atravessada por valor e escolhas do tempo em que foi escrita.
- No encerramento da aula, o docente fará uma retomada da ideia de que a leitura e a escrita são ferramentas para se pensar historicamente, e que a literatura, como qualquer outro documento, é uma forma de discurso sobre o país.
5.2 Bloco 2: A representação da natureza em Refazenda de Gilberto Gil (1975).
Duração prevista: 1h30 (compreende duas aulas de 45 minutos).
Objetivo da aula: A aula tem como objetivo a análise de um diferente tipo de fonte histórica (fonográfica), visando a compreensão dos docentes sobre a formação dessa imagem do espaço brasileiro no século XX. A aula também pretende trabalhar com diferentes gêneros textuais (texto poético e texto argumentativo), ampliando a prática de leitura e escrita dos alunos. O professor deverá observar a capacidade de síntese e de que forma os alunos conseguem relacionar os conteúdos ministrados até o momento da atividade através das atividades escritas.
Materiais didáticos: recursos audiovisuais para reprodução da múscia, ficha de leitura (anexo 5), folha de redação (6).
- O docente deverá iniciar a aula organizando a sala em grupos de até 05 alunos, com o objetivo de que os mesmos realizassem discussões a respeito da atividade proposta.
- Após a organização, o docente colocará a música Refazenda para os alunos ouvirem, distribuindo a ficha de leitura, que contém a letra e as questões para análise inicial do que os alunos compreenderam da letra (anexo 5).
Essa parte deverá ser realizada de forma individual.
- Após a realização da primeira atividade, o professor pedirá para os alunos, em grupo, analisarem a música a partir das seguintes perguntas:
-
- Quais referências à identidade nacional vocês percebem na letra da música?
-
Por que você a considera “brasileira”?
-
-
- Com que postura o interlocutor se coloca em relação a natureza?
- O que vocês percebem de diferente em relação a maneira como o Mário de Andrade trata a identidade nacional em Macunaíma para a maneira como o Gilberto Gil trabalha a questão da identidade nacional em Refazenda?
-
Nessa parte, o professor também poderá projetar a capa e a contracapa do álbum Refazenda, a fim de ilustrar como os aspectos da identidade nacional são representados e mobilizados pelo cantor (anexo 4).
- Após a análise em grupo, o professor deverá propor que os alunos realizem uma atividade individual com base nas discussões elaboradas. A ideia é que os alunos produzam uma redação orientada pela seguinte questão: “Com base na leitura e na conversa, escreva um texto em que você formule uma hipótese sobre como o texto constrói a ideia de Brasil. Pense em que aspectos desta busca pela “brasilidade” e mobilize tanto a obra de Gilberto Gil, quanto a obra de Mário de Andrade.”.
O educador pode sugerir que os alunos procurem adaptar essa redação em até 30 linhas, já que o público alvo da atividade (9º ano ou turmas do ensino médio) deverá se adaptar a essa formatação para as redações de vestibulinhos e vestibulares. Para isso, o professor deverá distribuir a folha de redação (anexo 6), enfatizando que o gênero textual deverá ser um texto argumentativo.
Espera-se também que o professor conecte o exercício à próxima aula, dedicada à análise da obra O lavrador de Café (1934) de Cândido Portinari, como outra construção simbólica de identidade nacional e de sintetização da “essência brasileira” através da incorporação dos povos e culturas do país.
5.3 Bloco 3: A imagem do trabalhador em “O lavrador de café” de Cândido Portinari (1934).
Duração prevista: 1h30 (compreende duas aulas de 45 minutos).
Objetivo da aula: Analisar a representação do trabalhador negro rural e discutir como raça, trabalho e modernização aparecem no quadro como elementos da identidade nacional, conectando a obra ao debate histórico sobre desigualdades sociais no Brasil.
Materiais didáticos: materiais audiovisuais para projeção do quadro, ficha de análise da obra (anexo 8) e ficha comparativa (anexo 9).
- O docente deverá iniciar a aula organizando a turmas em duplas ou trios;
- Após isso, o educador deverá retomar as atividades anteriores e as representações da identidade nacional já trabalhadas. Para isso, o docente poderá propor um levantamento dos alunos a respeito das principais características das obras anteriores.
- O docente então deverá projetar a imagem no telão e distribuir uma ficha de análise da obra para cada aluno (anexo 8), permitindo que os mesmos interpretem e identifiquem elementos presentes na imagem.
Essa etapa visa compreender de quais formas e quais os elementos os alunos podem mobilizar para realizar uma leitura de imagem, que se difere da leitura de um texto (como foi trabalhado nos blocos anteriores).
- Após a análise individual da obra, o professor deverá distribuir uma ficha para que os alunos, agora em conjunto, trabalhem na elaboração de uma tabela comparativa entre a obra analisada na aula e nas demais (Macunaíma e Refazenda), guiando-se a partir das seguintes perguntas presentes na ficha:
- Faça uma breve síntese daquilo que você e sua dupla ou trio compreenderam das obras;
- Descreva e qualifique como a natureza é apresentada em cada uma das obras;
- Apresente de que forma os autores mobilizam a figura humana em suas obras; iv) Como cada obra representa o povo brasileiro?;
v) Argumente de que forma as obras apresentam a construção dessa “identidade nacional”.
- Após a realização da atividade, o docente deve pedir aos alunos que se manifestem a respeito de suas respostas, compartilhando-as com a turma para que todos possam conversar a respeito da produção da identidade brasileira no século XX. Durante esse processo, o professor poderá utilizar a lousa como um espaço de exposição das ideias debatidas pelos anos, construindo coletivamente um painel para que os mesmos visualizem o que foi trabalhado ao longo da sequência didática.
- Ao final, o docente deverá conduzir uma reflexão sobre a construção da identidade e sua historicidade, chamando a atenção dos docentes para a leitura crítica das fontes e a importância de sua utilização na construção dessa brasilidade.
O educador, ao final, também poderá mobilizar símbolos que deem aos alunos uma ampliação a respeito do contexto histórico do modernismo e dos movimentos relacionados à produção de cada uma das fontes, ampliando os saberes dos alunos. Além disso, também poderá mobilizar as figuras representadas nas obras (como o trabalhador rural) e questões relacionadas à miscigenação.
- Anexos
Anexo 1: Macunaíma, Mário de Andrade (1928).
Foi selecionado um trecho do capítulo 05 para ser distribuído para os alunos. O professor poderá distribuir, caso seja da vontade dos alunos, o capítulo ou o livro na íntegra. A escolha de apenas um trecho se deu para que dê tempo para a execução das demais atividades.
Ficha com o trecho selecionado.

Capítulo na íntegra.






Anexo 2: Ficha de leitura individual para Macunaíma (folha A4 impressa na horizontal - verso da página com o trecho selecionado).

Anexo 3: Ficha de respostas em grupo (questões norteadoras, folha A4 impressa na horizontal).
Anexo

Anexo 4: Gilberto Gil, Refazenda (1975).
Abacateiro, acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos, brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro, teu recolhimento é justamente o significado
Da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro, sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem
O seu agosto azedo, cedo, antes que o janeiro
Doce manga venha ser também
Abacateiro, serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro, saiba que na Refazenda
Tu me ensina a fazer renda, que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba
Abacateiro, acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos, brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro, teu recolhimento é justamente o significado
Da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro, sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem
O seu agosto azedo, cedo, antes que o janeiro
Doce manga venha ser também
Abacateiro, serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro, saiba que na Refazenda
Tu me ensina a fazer renda, que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba

Figura 1: capa do álbum Refazenda (1975) Figura 2:contracapa do álbum Refazenda (1975)
Anexo 5: Ficha de leitura Refazenda (folha A4 impressa na horizontal).

Anexo 6: Folha de redação.

Anexo 7: O lavrador de café, Cândido Portinari (1934).

Anexo 8: Ficha de análise (O lavrador de café)

Anexo 9: Ficha de análise comparativa.

Fontes
ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 1928.
GIL, Gilberto. Refazenda. Warner Music, 1975.
PORTINARI, Cândido. O lavrador de café, 1934. Pintura, óleo sobre tela.
Bibliografia
DE SOUZA GUEDES, Matheus. Identidade nacional e cultural brasileira no modernismo de Mário de Andrade: uma análise da obra Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928).
Temporalidades, v. 13, n. 2, p. 182-201, 2021.
Canal Brasil. Gilberto Gil e a Trilogia Ré (Realce, Refavela e Refazenda). Programa Som do Vinil com Charles Gavin. Canal Brasil, 2012. (Programa de televisão). Disponível online em: https:// www.youtube.com/watch?v=K3d_9TkZkcU.
PINSKY, Jaime. O ensino de história e a criação do fato. São Paulo: Editora Contexto, 2018.
SOUTO, Vinícius Rangel. A Refazenda de Gilberto Gil: uma interpretação. In: XXXI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música – João Pessoa, p. 1-16, 2021.
| Anexo | Size |
|---|---|
| Brasileiros Identidade Sequência didática - Ensino de História.pdf | 12.74 MB |