500 anos de escravidão –a história que não é contada na escola

 

 BRASIL: 500 ANOS DE ESCRAVIDÃO

A ESCRAVIDÃO NO SISTEMA CAPITALISTA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

Marisa Vitale

Nº USP 3030823

Sequência Didática –Ensino de História: Teoria e Prática

Título: Brasil: 500 anos de escravidão –a história que não é contada na escola

 

Tema: A escravidão no sistema capitalista

Público Alvo: A sequência pode ser ministrada a alunos que estão cursando a partir da 8ª série, porque já tiveram contato com o tema da escravidão nos tempos do Brasil colônia e tem condições de interpretar as reportagens sugeridas.

Material utilizado: imagens e textos.

Objetivos:

Explorar a questão da escravidão, demonstrando que, apesar de a utilização de mão-de-obra escrava ser considerada crime desde 13 de maio de 1888, ela ainda persiste no Brasil, tanto no campo como na cidade.

Aproximar os alunos do mundo jurídico, conscientizando-os de que os trabalhadores têm direitos a serem cumpridos pelo empregador.

Treinar a leitura de textos e imagens com os alunos, abordando os documentos dentro de seu contexto, buscando saber quem o produziu, com qual intenção, para quem foi produzido etc.

Treinar o pensamento crítico dos alunos, permitindo que eles usem o conhecimento de história para abordar problemas e discussões do presente.

Estimular os alunos a participarem da Olimpíada de História, realizada anualmente pela Unicamp.

Apresentar aos alunos a Arte e a Literatura do Nordeste.

Atividades:

Inserida em um bloco pensado para a História do Brasil Contemporâneo, esta sequência utilizaria possivelmente o período de duas aulas, sendo possível seu uso também pelo professor de Sociologia, conjuntamente com o Professor(a) de Literatura ou de Artes, que poderá utilizar a imagem para falar sobre a importância da arte praticada na região Nordeste do Brasil. 

A atividade aqui proposta consiste em abordar a questão da escravidão nos tempos atuais, mostrando que o combate aotrabalho escravo teve retrocesso no Brasil. 

Atividades:

1 -Apresentar a imagem abaixo para os alunos e perguntar qual o seu significado:

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2 -Após estimular os alunos a explorarem todos os detalhes do desenho, sem dar indicação do que se trata, ler o seguinte trecho de jornal:

Escravidão: juiz condena homens por aliciar trabalhadores de Maruim

O juiz do trabalho José Ricardo de Almeida Araújo concedeu liminar condenando a Fazenda Fênix e dois homens identificados como J. D. J.e G. R. Sº pelo aliciamento de 20 trabalhadores sergipanos.

(...)

Os trabalhadores foram transportados para São Paulo de forma irregular, em 2019, e após três meses de trabalho denunciaram que estavam sendo submetidos a condição degradante.Na ação, o MPT-SE solicitou que os acusados fossem proibidos de recrutar e transportar trabalhadores oriundos de localidade diversa do local de trabalho sem a prévia assinatura da Carteira de Trabalho, sem a realização dos exames admissionais no local de origem e sem a devida Certidão Declaratória de Transporte de Trabalhadores (CDTT), nos termos da Instrução Normativa 76/2009 do MTE.

(Infonet/O que é notícia em Sergipe, 01/02/2021)

3 -Voltar à imagem e perguntar o que a notícia tem em comum com a imagem acima.

Após ouvir as respostas, mostrar a imagem dentro de seu contexto:

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4 –Falar sobre a origem do documento:

Trata-se de um Cordel com xilogravuras de J. Borges, extraídas da cartilha “Trabalho escravo: vamos abolir de vez essa vergonha”, que pode ser acessada no site da Organização Internacional do Trabalho: https://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_227286/lang--pt/index.htm

Título: Trabalho escravo: vamos abolir de vezessa vergonha

Tipo de documento: Cordel    

Autor: J. Borges, ganhador de vários prêmios que atestam sua importância como artista popular.

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5 –Demonstrar aos alunos que a imagem foi utilizada para divulgar a Olimpíada Nacional de História do Brasil, um projeto de extensão da Unicamp, desenvolvida pelo Departamento de História, que acontece anualmente. Incentivar os alunos a participarem do evento.

6 –Falar sobre os primórdios da escravidão no Brasil, do indígena ao tráfico de africanos para escravização nas fazendas de cana de açúcar e do significado do dia 13 demaio de 1888:

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Edição do jornal carioca "Gazeta de Notícias" de 13 de maio de 1888.

7 –Explicar que a libertação dos escravos decorreu da aprovação da Lei 3.353, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, e que, desde então, transformar pessoas em escravos se tornou crime.

8 –Voltar ao tempo presente, com as imagens seguintes, estimulando os debates entre os alunos com o intuito de demonstrar que a escravidão ainda existe em grande escala, tanto na lavoura como nos centros urbanos: img21

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9 -Atividade para fazer em casa: pedir aos alunos para pesquisarem reportagens que falem sobre trabalho escravo, na atualidade.

10 –Na aula seguinte: promover o debatecom os alunos sobre as pesquisas que fizeram e leitura dos trechos de reportagem abaixo, retirados do site do Senado Federal, de 15/12/2017, e da Carta Capital,  de 28/06/2021.  

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O governo brasileiro promoveu “um retrocessohistórico” no combate ao trabalho escravo em 2017. A conclusão é de relatório aprovado na quinta-feira (14) pela Comissão de Direitos Humanos (CDH). O relator, senador Paulo Rocha (PT-PA), avaliou as políticas públicas para a erradicação do trabalho escravo no país.

De acordo com o senador, o Poder Executivo “restringiu os meios para efetiva fiscalização” realizada pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM). Criado em 1995, o órgão é integrado por auditores fiscais do trabalho, procuradores do trabalho e policiais federais.

Em 2016, o Plano Plurianual previa uma ampliação de 20% nas ações do GEFM até 2019. O senador Paulo Rocha destaca, no entanto, que o grupo “foi obstruído de modo sórdido e eficaz” por meio de um corte orçamentário.

O relator apresenta números que, segundo ele, indicam “o desmantelamento da política de combate ao trabalho escravo”. De janeiro a dezembro deste ano, o GEFM realizou 18 operações e resgatou 73 trabalhadores. De acordo com Paulo Rocha, “são os menores números da série histórica inaugurada em 2003”.

“A média anual de operações de 2003 a 2016 era de 130, sete vezes mais do que tivemos neste ano. O número de trabalhadores resgatados anualmente desde 2003 chegava à média de 3.096, com pico de 5.999 em 2007, tendo caído à ínfima cifra de 73 indivíduos em 2017”, informa o documento.

Fonte: Agência Senado

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/12/15/combate-ao-tra…

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Referencia
Graduandos