O Nordeste e a Construção de São Paulo

 

Sequência didática - Ensino de História: Teoria e prática.

Ricardo Cozer Martins Nº USP 7702426

Atividade: O Nordeste e a Construção de São Paulo

Objetivo da Atividade: Debater e identificar quais atividades profissionais os migrantes

nordestinos ocuparam em São Paulo, desde o embarque na cidade. Valorizar o heroísmo e espírito aventureiro dos ancestrais migrantes dos alunos por meio do estímulo de sua
consciência histórica.

Idade: Ensino Fundamental I e II.

Abordagem Histórica: A sequência aborda o período que compreende o fim da Segunda

Grande Guerra em 1945, com o início da chegada em massa a São Paulo, dos migrantes provenientes do Nordeste Brasileiro, estimulados pela industrialização e aumento do setor de serviços na cidade, processo que foi mais intenso nas décadas de 1950; 60; 70. O foco estará sobre as condições de vida dessa população em sua terra de origem, como era a viagem para São Paulo e as condições que encontravam em São Paulo. Buscaremos identificar quais ocupações profissionais os migrantes ocupavam na época e quais ocupam nos dias atuais. Abordaremos o preconceito contra o trabalhador nordestino. Ademais apresentaremos
aspectos da produção cultural do nordestino.

Introdução: O fluxo de migrantes nordestinos para São Paulo se avolumou

consideravelmente. Entre 1950 e 1970 a cidade de São Paulo triplicou de tamanho e a população nordestina multiplicou-se 10 vezes na capital. Os trabalhadores vinham em busca de melhores condições de vida, emprego, melhores salários e opções de lazer, escolas e rede de hospitais que uma metrópole pode oferecer. Muitos desses trabalhadores vinham da área rural do Nordeste, região castigada pela seca e pela fome. A viagem do Nordeste para São Paulo poderia durar até 5 dias, em condições adversas e com pouco dinheiro era uma viagem, praticamente, só de ida. A volta para visitar a família poderia levar anos.
 

 

Geralmente, as famílias migravam aos poucos, contavam com o apoio e hospitalidade dos
amigos e familiares que haviam chegado antes. Mesmo com o ímpeto aventureiro, percebe-se a organização e espírito de comunidade no processo. Esse movimento contribuiu para a expansão da cidade para as periferias. Desbravando regiões sem rua asfaltada e com pouca infraestrutura. A maioria desses migrantes arrumava trabalho nas indústrias paulistas, na construção civil e na limpeza de casas como diarista e posteriormente no setor de serviços.
(Fontes, 2002).

Descrição da Atividade: Por meio de vídeos, trechos de filmes e literatura, estimular a

reflexão sobre o povo nordestino em São Paulo. Buscar que os alunos compreendam a coragem e o espírito aventureiro do migrante, os preconceitos sofridos e principalmente compreender quais são as atividades profissionais que homens e mulheres nordestinos vêm desempenhando em São Paulo.

1:O trecho a seguir a seguir foi retirado do Romance de Graciliano Ramos “Vidas

Secas”

Ler e debater:

a) Por que essa família nordestina está viajando pelo sertão? Como estava a condição de vida deles naquele momento.
b) Quem seriam os seis seres viventes do texto.

Fonte 1: E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande.

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás....
Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, que se retardavam.
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do
rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não
 

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guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos
familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na catinga. Sinhá Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que
ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo...

2: Analisar e debater vídeo

A) Qual é o meio utilizado para chegar a São Paulo? como eram as malas, quais eram os pertences dos migrantes?
B) Qual era o trabalho feito pelos migrantes no nordeste, qual era a expectativa de emprego
relatada pelos entrevistados? Por que eles deixaram o Nordeste?
C) Relacione as imagens do vídeo com o texto de Graciliano Ramos acima. Fonte 2:Imagens raras de nordestinos chegando em São Paulo em 1965 https://www.youtube.com/watch?v=WoXi0rONucw

3: Analisar e debater vídeo

A) Qual o Estado de origem do pedreiro de Paraisópolis?
B) Como são as casas no bairro? Como eles aprenderam a construí-las? C) Como era o bairro no começo, segundo relato dos moradores?

Fonte 3: Irregulares, prédios de até cinco andares surgem em Paraisópolis

https://www.youtube.com/watch?v=3u6ikigprps

4:Analisar e debater vídeo

A) O que Jéssica gostaria de estudar na Faculdade? O ensino da escola dela era bom? B) Os pais de Fabinho acreditavam que a Jéssica poderia passar no vestibular?
C) Por que Fabinho deu risada do Sotaque de Jéssica
D) E vocês, o que gostariam de estudar na faculdade? O que é necessário?
 

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Trechos do filme ‘Que horas ela volta’?
https://www.youtube.com/watch?v=fbSDJgWvhdo

Avaliação: Considerar os debates e questionamentos apresentados pelos alunos durante a

aula. Propor aos alunos exposição com atividades relacionadas ao tema. Os alunos podem criar : reportagens, vídeos, histórias em quadrinho, poema, literatura em cordel, repente, dança, pintura, reprodução de fotos ou entrevista com parentes e vizinhos.
 

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Bibliografia:

FONTES, Paulo Roberto Ribeiro. Comunidade operária, migração nordestina e lutas sociais:

São Miguel Paulista (1945-1966). 2002. 412p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de

Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP. Disponível em:

<http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/280752&gt;. Acesso em: 31 jul. 2018.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 23. ed. São Paulo: Martins, 1969.

Referencia
Graduandos