Universidade São Paulo
Aluno: Pedro Novas da Cunha Figueiredo Graduação: História
Nº USP: 11346921 Curso: Uma história para a cidade de São Paulo: um desafio pedagógico
Docente: Antônia Terra Turno: Vespertino Ano: 2019
Mitos e percepções sobre o imaginário da cidade de São Paulo: O que as canções falam.
Objetivos:
1º Desenvolver com os alunos a percepção sobre o crescimento de São Paulo ao longo do século XX através de letras de canções que retratem as diferentes fases da cidade, bem como, destacar os diferentes grupos sociais representados em tais obras.
2º Promovendo a leitura, audição e comparação destas canções em sala de aula, objetiva-se derrubar certos mitos a respeito do “progresso” da capital paulista, criados com o intuito de divulgar um imaginário paulistano desenvolvimentista de riquezas e oportunidades igualitárias para todos os habitantes da cidade.
Ao final de cada canção será promovido um exercício em forma de debate. Grande parte dos exercícios propostos, contém um esquema sucinto de respostas que podem ser utilizadas e aprofundadas pelo docente.
Público-alvo: Alunos do ensino médio
Duração: O projeto será desenvolvido em três aulas de 45 minutos. Nas duas primeiras aulas, serão apresentadas as canções e será efetuado um debate crítico em sala de aula a respeito das obras fonográficas . A terceira aula será voltada para apresentação de seminários em grupo organizados por alunos, baseados em pesquisa feita sobre outras canções que abordem o tema do imaginário paulistano e suas contradições
Argumentação: A cidade de São Paulo tranformou-se em uma metrópole com características globais em um curto espaço de tempo. Para que esse crescimento fosse efetivado, numerosos grupos sociais foram atraidos à capital paulista com a promessa de “fartura”, “riqueza”, “trabalho” e “prosperidade”. Entretanto, sabe-se que a imensa parcela desses novos moradores foi alijada das benésses economicas e sociais, forçados a viver em bairros distantes do centro econômico ou em habitações de infraestrutura precárias como cortiços e comunidades. É de fundamental importância que o docente trabalhe em cima destas questões enquanto expõe o material fonográfico.
Aula 01: As diferentes fases da cidade de São Paulo.
Para iniciar o debate em sala de aula, o professor deve mostrar aos alunos três canções que retratem as diferentes fases da cidade de São Paulo. O objetivo dessa primeira etapa é desenvolver com os alunos a percepção de que a cidade passou por modificações drásticas ao longo do século XX. As obras escolhidas foram:
A) Lampião de gáz (Zica Bérgami, 1957)1 – memórias do início do século XX
Lampião de gás, lampião de gás Quanta saudade você me traz
Da sua luzinha verde azulada / Que iluminava minha janela,
Do almofadinha lá dá calçada / Palheta branca, calça apertada
Do bilboquê, do diabolô / "Me dá foguinho", "vai no vizinho"
De pular corda, brincar de roda / De Benjamim, Jagunço e Chiquinha
Do bonde aberto, do carvoeiro / Do vassoureiro com seu pregão
Da vovozinha, muito branquinha / Fazendo roscas, sequilhos e pão
Da garoinha fria, fininha / Escorregando pela vidraça,
Do sabugueiro grande e cheiroso / Lá do quintal da rua da Graça
Minha São Paulo, calma e serena / Que era pequena, mas grande demais!
Agora cresceu, mas tudo morreu / Lampião de gás que saudade me traz.
Questões e debates:
1. - Quem compôs essa canção? Quando foi composta? Qual o estilo da canção?
Resposta: A canção foi composta por Zica Bergami, artista paulista que residiu na cidade de São Paulo durante quase toda a sua vida2. A composição é do ano de 1957 e foi feita sob o ritmo de valsa, estilo muito popular no inicio do século XX, enfatizando o caráter nostálgico da obra.3
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1 Inezita Barroso. Lampião de Gáz. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-hiGGJNyjq0>, <1958>. Acesso em: 03 Nov. 2019.
2. - A qual época as memórias expostas na letra nos remete? Como era a cidade retratada?
Resposta: a canção nos remete à infância da compositora, vivida nas primeiras décadas do século XX. O docente deve enfatizar as caracteristicas da cidade presentes na letra: cidade pequena, com características provincianas, etc.
3. – Determine o significado de lampião de gaz, carvoeiro, almofadinha, bilboquê, diabolô. Depois, relacione os termos citados com a época retratada na música e as diferenças entre os brinquedos e práticas da atualidade.
Resposta: Lampião: Grande lanterna elétrica ou a combustível, portátil ou fixa; Poste de iluminação em vias públicas. Carvoeiro: Indivíduo que fabrica e/ou vende carvão. Almofadinha: Homem que se veste com apuro exagerado; janota. Bilboquê: Brinquedo que consiste em uma bola de madeira furada, presa a um cordão, e que, atirada para o ar, deve, ao cair, encaixar-se em um bastonete ao qual está amarrada. Diabolô: Jogo em que se apara, num cordel atado pelas pontas a duas varas, uma espécie de carretel com forma de ampulheta que se arremessa ao ar.4
Lampião de gás antigo5
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2 Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, disponível em http://dicionariompb.com.br/zica-bergami
3 As informações sobre o ritmo valsa foram extraídas do livro Uma História da Música Popular Brasileira de Jairo Severiano
4 Definições extraídas do Dicionário Michaelis on-line. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/
5 Imagem disponível em: https://br.pinterest.com/pin/188658671868512253
Bilboquê6
Diabolô7
4. – Explique em sala de aula quem eram os personagens Benjamin, Jagunço e chiquinho.
Resposta: Eram personagens de uma conhecida revista infantil do início do século XX chamada “O Tico-Tico”8
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6 Imagem disponìvel em: https://br.pinterest.com/pin/380976449702720249/?autologin=true
7 Imagem disponível em: https://br.pinterest.com/pin/513832638737901070/
8 Informação retirada do jornal Folha de São Paulo em publicação de 03 de setembro de 2005. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/folhinha/dicas/di03090505.htm
Exemplar da revista “O Tico-Tico” de 1922 com os personagens Benjamim, Jagunço e Chiquinho.9
5. – “Da garoinha fria, fininha / Escorregando pela vidraça (...)”. relacione o fim do fenômeno natural denominado garoa e o surgimento das grandes tempestades, com as mudanças climáticas decorrentes do crescimento urbano da cidade10.
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9 Imagem Disponível em: http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/tico-tico-o-n-890/ti173100/25356
10 Revista Pesquisa Fapesp. Edição 195 de Maio de 2002. Disponível em https://revistapesquisa.fapesp.br/2012/05/11/da-garoa-a-tempestade/
B|) Sampa (Caetano Veloso, 1978)11 – um retrato da segunda metade do século XX
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim, Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos Mutantes
E foste um difícil começo
Afasta o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os Novos Baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa
Questões e debates:
1. – Quem compôs a canção? Quando foi composta? Qual o estilo da canção?
Resposta: A canção foi composta por Caetano Veloso em 1978 e Retrata as experiências e memórias do artista baiano quando ele viveu na cidade na década de 1960. A canção foi composta propositadamente em ritmo de Samba-choro para enfatizar o caráter nostálgico da canção12
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11 Caetano Veloso. Sampa. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=4UeFwOEoobg>, <1978>. Acesso em: 03 Nov. 2019
12 Jairo Severiano e Zuza H. de Mello. A Canção no Tempo, vol II: 85 anos de músicas brasileiras São Paulo: Editora 34, 1998, p. 246.
2. - A qual época as memórias expostas na letra nos remete? Como era a cidade retratada?
Resposta: segunda metade do século XX. O trecho “da feia fumaça que sobe apagando as estrelas”, nos remete à época em que São Paulo era uma cidade de fábricas e industrias
3. – “Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas / Da força da grana que ergue e destrói coisas belas / Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas (...)”. Comente com o alunos essa passagem da música, relacionando o crescimento populacional, as construções massivas de novos prédios e a poluição ocasionada pelo número crescente de automóveis e fábricas presentes na cidade na segunda metade do século XX
Chaminé de fábrica em São Paulo (1972)13
Favela localizada no atual parque do ibirapuera (década de 1950)14
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13 Imagem disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-7704201500…
14 Imagem disponível em: http://www.virgula.com.br/esporte/parque-do-ibirapuera-que-ja-foi-uma-f…-
C) São Paulo, SP (Fernanda Abreu, 2000)15 – A megalópole do século XXI
São Paulo- SP, São Paulo -SP
São Paulo – SP / São Paulo, São Paulo, São Paulo - SP
São Paulo- SP, São Paulo -SP
São Paulo – SP/ Sangue Amor e Poder
Cidade, santidade urbana / intensidade humana
dispersão -concentração / de tudo que se anula reforçando a afirmação de vida-ebulição
Vida - ebulição.
São Paulo / SP - Sangue, Amor, Poder / São Paulo / SP - Sussurro Pornô
Sucesso Pesado- Suave Pressão / São Paulo / SP - Sampa o que?
Sampartida, Samputada, Samporrada, Sampilhada
Sampartida, Sampa o que?
Chama pra si toda a responsa de ser
a maior cidade desse país...
Megacidade da América do Sul / Parente urbana de um clube de cidades gigantescas
Priminhas entre si totalmente poluídas / com excessiva humanidade.
E tome Nova Délhi, Calcutá com Nova Iorque / Lagos, Londres, Moscou de Hong Kong,
Tóquio, México, Xangai / Tóquio, México, Xangai
No umbigo tropical do atlas nacional
um santo desgarrado industrial
explode-implode tudo que é clichê
no país do carnaval.
São Paulo- SP, São Paulo -SP
São Paulo – SP / São Paulo, São Paulo,
São Paulo - SP São Paulo- SP, São Paulo -SP
São Paulo – SP/ Sangue Amor e Poder
No eterno cinema da visão paulista
tá tudo engarrafado como cão engabelado
pela chinfra da inocência fulminante do olhar que vê São Paulo
com a força da palavra MUITO / com a força da palavra TUDO
com a força da palavra URBANO / com a força da palavra HUMANO
Na contramão da violência / um amador cinegrafista tão singelo só registra o que é paz,
o que é carinho / o que é sincero,
o que é pacato / o que é oásis
na cidade sitiada pela força negativa social.
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60-anos-veja-fotos-historicas-a/#img=14&galleryId=157102 15 Fernanda Abreu. São Paulo, SP. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Nzb6x_VmxEM>, <2000>. Acesso em: 03 Nov. 2019
Passando pelo Minhocão
atravessando o brega-runner de edifícios paredão...
E a criança tá olhando o Tietê / E a velhinha tá cantando na Paulista.
E o velhinho tá chorando no Anhangabaú / E o mendigo tá dançando na Consolação.
No umbigo tropical do atlas nacional um santo desgarrado industrial explode-implode tudo que é clichê
no país do carnaval.
A tua periferia aperta o cinto da respiração social
São Paulo tem pra todo mundo, mas não tem pra ninguém
Toda Noite, Todo Dia / Toda Noite Algum Namoro
Algum Trabalho, Alguma Festa
Desafia esse colapso feroz em SP mandando ver
Colapso feroz em SP mandando ver
Misturação de qualquer tribo / Misturada no Prazer de Outra Gangue Misturada no Prazer de Outra Turma / Misturada no Prazer de Todo Gueto Migração misturação em SP / Sangue, Amor e Poder
No umbigo tropical do atlas nacional um santo desgarrado industrial explode-implode tudo que é clichê
no país do carnaval.
Questões e debates:
1. - Quem compôs a canção? Quando foi composta? Qual o estilo da canção?
Resposta: a canção foi composta pela artista carioca Fernanda Abreu no ano 200016. Foi gravada em estilo de Rap, conferindo à obra um carater urbano e moderno
2. - A qual fase da cidade a música remete? Como é a cidade retratada?
Resposta: A canção remete aos últimos anos do século XX, época em que São Paulo já era uma megalópole global
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São Paulo atual17
3. – “Megacidade da América do Sul / Parente urbana de um clube de cidades gigantescas
Priminhas entre si totalmente poluídas / com excessiva humanidade
E tome Nova Délhi, Calcutá com Nova Iorque / Lagos, Londres, Moscou, Hong Kong,
Tóquio, México, Xangai (...)”. Por que a autora compara São Paulo com todas estas cidades? O
que elas têm em comum?
4. – “Misturação de qualquer tribo / Misturada no Prazer de Outra Gangue
Misturada no Prazer de Outra Turma / Misturada no Prazer de Todo Gueto
Migração misturação em SP / Sangue, Amor e Poder”. O termo misturação exibido no trecho,
nos remete a qual característica social da cidade de São Paulo?
Resposta: a ideia de muitas classes sociais e grupos humanos convivendo em São Paulo.
5. – “A tua periferia aperta o cinto da respiração social (...)”. Comente essa frase.
6. – “São Paulo tem pra todo mundo, mas não tem pra ninguém”. Qual é a ideia implícita nesse trecho?
Resposta: a ideia mítica de que a cidade está aberta a todos e não rivaliza com nenhuma outra.
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Aula 02: quebrando os mitos sob r e “p rogresso ” , “op ortun id ad es igu alitárias” e da
“cid ad e d e b raços ab ert os”
Nessa etapa, o docente deverá comparar algumas canções com o intuito de derrubar mitos sobre a cidade de São Paulo. As obras escolhidas foram:
A) Exemplo 01
1. São Paulo, Mãe madrinha.18
(Germano Mathias)
São Paulo, Super Mãe, Madrinha,
De um progresso que caminha, Geração a geração,
Cidade que é tua e que é minha, E que cabe inteirinha,
Dentro do meu coração,
A força desse teu calor humano,
Está no cotidiano, E na miscigenação São Paulo, tenho mais de mil motivos, Tantos pontos positivos,
Para te amar de paixão.(bis) Urra meu, que tem Palmeiras, Coringão e Tricolor,
Que saudade, Ayrton Senna, Um exemplo de valor,
Tem metrô, Memorial, Municipal, Rita Lee
Nos três dias de folia, Carnaval no Anhembi(bis) Tem Museu do Ipiranga, Parque do Ibirapuera,
Interlagos, Fittipaldi,Emoção que acelera,
Tem Demônios da Garoa, Samba tipo Adoniran Trem das onze, coisa boa, Foi legal pro Jaçanã(bis)
Tem Bixiga, Penha, Lapa, Pacaembu, Morumbi,
Tem Santana, Liberdade, Peruche, Tucuruvi,
Vila Matilde e Prudente, Barra Funda, Butantã, Esqueci de tanta gente
Mas eu me lembro amanhã(bis)
2. Saudosa Maloca19
(Adoniran Barbosa)
Se o senhor não está lembrado
Dá licença de contá
Que aqui donde agora está
Esse adirfício alto
Era uma casa velha
Um palacete assombradado
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mas um dia, eu nem quero me alembrá
Veio os homis c'oas ferramenta
Que o dono mandô derrubá
Peguemos tudo as nossas coisas E fumos pro meio da rua Apreciar a demolição
Que tristeza que eu sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração
Mato Grosso quis gritá Mas em cima eu falei Os homis tão cá razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemos quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o cobertor
E hoje nóis pega as páia nas gramas do jardim
E prá esquecê, nós cantemos assim
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossa vida
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossas vidas
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19 Demônios da Garoa. Saudosa Maloca. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Y-LYOG5EjSo>,
<2002>. Acesso em: 03 Nov. 2019
Questões e debates:
1. – Quais são os autores das duas obras destacadas?
Resposta: Germano Mathias e Adoniran Barbosa são dois destacados compositores de samba da cidade de São Paulo20
2. – Quais são os agentes sociais da canção “Saudosa Maloca”? o que é uma “Maloca”?
Resposta: “Mato grosso” e o “Joca” representam homens pobres de origem italiana que viviam em São Paulo. “Maloca” é originalmente uma habitação indígena. Na canção, o termo se refere à uma casa velha e humilde21
3. – Considere os dois excertos:
1º “São Paulo, Super Mãe, Madrinha / De um progresso que caminha, Geração a geração/Cidade que é tua e que é minha, E que cabe inteirinha, dentro do meu coração/ a força desse teu calor humano (...).
2° “Aqui donde agora está, esse adirfício alto/ era uma casa velha, um palacete assombradado/ Foi aqui seu moço, Que eu, Mato Grosso e o Joca / Construímos nossa maloca/ Mas um dia, eu nem quero me alembrá/ Veio os homis c'oas ferramenta / Que o dono mandô derrubá (...)que tristeza que eu sentia/ cada táuba que caía, doía no coração (...)”.
Qual o tipo de acolhimento a parcela social mais pobre recebe da cidade de São Paulo? O “progresso que caminha” está intimamente ligado à uma boa receptividade das classes sociais menos favorecidas? Quais classes sociais tendem a considerar São
Paulo como uma “Mãe, madrinha”?
4. “Tem Museu do Ipiranga, Parque do Ibirapuera, Interlagos, Fittipaldi, Emoção que acelera(...)”. O trecho retirado da canção “São Paulo, mãe madrinha”, fala sobre lugares específicos de lazer da cidade de São Paulo, supostamente “abertos ao público”. Considerando as duas canções, seria possível aos personagens de “saudosa maloca” frequentarem lugares como o autódromo de interlagos ou o museu do
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21 Jairo Severiano e Zuza H. de Mello. A Canção no Tempo, vol I: 85 anos de músicas brasileiras
São Paulo: Editora 34, 1997, p. 315.
Ipiranga? Cite outros lugares públicos da cidade de São Paulo cuja participação popular se restringe a setores elitizados. 22
B) Exemplo 02
1. Amanhecendo
(Billy Blanco)23
Começou um novo dia já volta quem ia
O tempo é de chegar
De metrô chego primeiro Se tempo é dinheiro
Melhor vou faturar
Sempre ligeiro na rua Como quem sabe o que quer
Vai o paulista na sua Para o que der e vier
A cidade não desperta Apenas acerta
A sua posição
Porque tudo se repete São sete, e às sete
Explode em multidão
Portas de aço levantam! Todos parecem correr!
Não correm de, correm para, Para São Paulo crescer!
Vam bora, vam bora
Olha a hora, Vam bora, vam bora
Vam bora!
2. Periferia (trecho da letra) (Mano Brown)24
Na periferia a alegria é igual É lá que mora meus irmãos Meus amigos.
Na periferia a alegria é igual
E a maioria por aqui se parece comigo....
A mili anos mesma coisa eu vi periferia bicho solto sem da sopa
Confira!!!
O desemprego assola os manos, sem dinheiro pra sobreviver,
Ninguém quer perder os seu sonhos, morar na periferia sem ter
Dívidas, sustentar família.
Ainda pouco eu vim lá do parque, meu irmão falou que ta sujo
E os manos quem sabe, demorou os pm já passou, enquadrou,
Mas não achou, ninguém rodou, então já era....
Se tem algum lugar periferia já está ganhando (já está
Ganhando)
Na fé só faltou axé (é lá que mora meus irmãos meus amigos)
Mas se tem algum lugar periferia já está ganhando (já está
Ganhando)
Na fé só faltou axé (e a maioria por aqui se parece comigo)/.../
Somos pretos, loucos, fi de baiano devotos do rap do alvinegro
Praiano
Helião, cruz na caminhada, monstro na pegada, sorte vai na frente
Descola o malote
Sem mais para o momento negão, demorô, vem comigo negô, vem
Comigo negô, vem comigo negô, vem comigo negô, vem comigo negô
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22 O debate sobre a utilização do espaço público da cidade é baseado no livro de Tereza Pires do Rio Caldeira, Cidade de Muros: Crime, Segregação e cidadania em São Paulo.
23 Coro do Teatro Municipal de São Paulo amanhecendo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JTmdVFEHyas>, <1974>. Acesso em: 03 Nov. 2019
24 Negra Li, Hélião & Mano Brown Periferia. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=jbhIPlPfxZ8>,
<2005>. Acesso em: 03 Nov. 2019
Questões e debates:
1. – Quais são os autores das duas obras destacadas? Quando as canções foram compostas?
Resposta: A canção “Amanhecendo” foi composta pelo compositor paraense Billy Blanco e faz parte da obra “Paulistana – retratos de uma cidade”. Esse disco foi feito com o intuito de louvar mitos e imaginários da cidade de São Paulo25. O Rap “Periferia” foi composto por Mano Brown, integrante do grupo de Rap Racionais MC’s, famoso por criar canções que retratam a realidade da periferia paulistana26
2. – Quais são os agentes sociais da canção “Periferia”?
Resposta: de acordo com o trecho “Somos pretos, loucos, fi de baiano devotos do rap do alvinegro (...)”,
podemos inferir que os agentes sociais são negros e descendentes de nordestinos.
3. – Considere os excertos:
1º “Começou um novo dia, já volta quem ia/ O tempo é de chegar/ De metrô chego primeiro Se tempo é dinheiro / Melhor vou faturar”
2º “O desemprego assola os manos, sem dinheiro pra sobreviver / Ninguém quer perder os seus sonhos, morar na periferia sem ter Dívidas, sustentar família.”
Qual a contradição existente entre os dois trechos selecionados?
Resposta: A canção “amanhecendo” retrata uma São Paulo mitológica vibrante, com emprego e riqueza. A canção “periferia”, no entanto, retrata a realidade do desemprego e da falta de recursos financeiros das populações mais pobres da cidade, sobretudo, os negros e nordestinos.
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26 Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, disponível em http://dicionariompb.com.br/racionais-mcs
Aula 03: proposta de trabalho em grupo (aula 02)
Nessa parte do projeto, os alunos serão convidados a apresentar seminários em grupo a respeito de pesquisa previamente efetuada sobre outras canções que tematizem a cidade de São Paulo, indicando mitos, construções ideológicas ou dilemas presentes nas obras musicais.
É importante que os alunos indiquem os autores, os interpretes e o ano das gravações, a fim de estabelecer uma relação entre a música e a época da cidade em que a obra foi composta.
Bibliografia:
- CALDEIRA, Tereza Pires do Rio. Cidade de muros. Crime, segregação e cidadania em São Paulo. Trad. port. 2. ed. São Paulo: Edusp, 34, 2003
- DUARTE, Regina Horta. “Turn to pollute”: poluição atmosférica e modelo de desenvolvimento no “milagre” brasileiro (1967-1973). Niterói: Ed UFF, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
- SEVERIANO, Jairo. Uma História da Música Popular Brasileira. São Paulo: Editora 34, 2008.
- SEVERIANO, Jairo e Zuza H. de Mello. A Canção no Tempo vol I: 85 anos de músicas brasileiras. São Paulo: Editora 34, 1997.
- SEVERIANO, Jairo e Zuza H. de Mello. A Canção no Tempo vol II: 85 anos de músicas brasileiras. São Paulo: Editora 34, 1998.
Sites:
- Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Disponível em: http://dicionariompb.com.br/ Acesso em: 02 out 2019
- Pinterest. Disponível em: http://pinterest.com/ Acesso em: 02 out 2019
- Dicionário Michaelis on-line. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno- portugues/ Acesso em: 02 out 2019
- Dicionário Michaelis on-line. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno- portugues/ Acesso em: 02 out 2019
- Folha de São Paulo. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/ Acesso em: 02 out 2019
- Dicionário Michaelis on-line. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno- portugues/ Acesso em: 02 out 2019
- Guia dos Quadrinhos. Disponível em: http://www.guiadosquadrinhos.com/. Acesso em: 02 out 2019
- Guia dos Quadrinhos. Disponível em: http://www.guiadosquadrinhos.com/. Acesso em: 02 out 2019
- Revista Pesquisa Fapesp. Disponível em: https://www.revistapesquisa.fapesp.br/. Acesso em: 02 out 2019
- Youtube. Disponível em : https://www.youtube.com/. Acesso em: 02 out 2019
- Scielo. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 02 out 2019
- Virgula. disponível em: http://www.virgula.com.br/. Acesso em: 02 out 2019