Evangelização indígena ontem e hoje

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Departamento de História

Ensino de História: Teoria e Prática (FLH0421), 1º semestre de 2018, noturno

Profa. Dra. Antonia Terra Calazans Fernandes

Aluna: Juliana Silva Cunha de Mendonça (nº USP: 7191806)

Atividade: Sequência didática individual

 

 

 

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

 

Modalidade/Nível de Ensino:

Presencial/Ensino Básico

 

Componente Curricular:

História

 

Duração:

3 aulas de 45 minutos

 

 

 

1.   Tema:

 

   Evangelização indígena ontem e hoje.

 

 

 

2.   Fontes primárias utilizadas:

 

   Reportagem do jornal Folha de S.Paulo do dia 11/06/2018 sobre avanço evangélico em aldeias do litoral paulista;

 

   Trecho do capítulo “O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem”, do livro A Inconstância da Alma Selvagem, de 2002, do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que trata do modo como os ameríndios têm uma cultura de incorporação do diferente que ao mesmo tempo facilita e dificulta sua evangelização desde o período colonial;

 

   Trecho do Sermão do Espírito Santo, escrito por Antonio Vieira em 1657;

 

   Documentário Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi, de 2018, sobre um pajé lançado ao ostracismo depois que toda sua tribo foi convertida ao protestantismo. O documentário mostra as consequências do avanço das madeireiras, do agronegócio e, mais especificamente, da religião evangélica neopentecostal na tribo dos Paiter Suruí, em Rondônia, que só tiveram contato com a sociedade maior em 1969.

 

 

 

3.   Intenção educativa:

 

   Fazer com que os alunos percebam a continuidade temporal da questão da evangelização dos índios e como um problema antigo foi sendo reposto e modificado ao longo dos séculos;

 

    Perceber a relação passado/presente e em como o passado influencia questões atuais;

 

    Dar aos alunos acesso a múltiplas fontes e pontos de vista sobre uma mesma questão através do uso  de  uma  matéria  jornalística  atual;  de  um  documentário  também  atual  que  acompanha diversas posições de indígenas que se converteram e que não se converteram; do texto de um antropólogo que investiga como essa questão se articula dentro do conjunto de crenças e da cultura dos povos ameríndios; e do sermão de um padre católico de suma importância tanto para nossa História quanto para nossa Literatura, o que permite um diálogo com outras disciplinas e professores;

 

    Construir o entendimento de que diferentes grupos indígenas e indivíduos reagem de diferentes formas ao processo de evangelização e de que também entre os membros da sociedade maior existem divergências acerca da questão de se e como os índios devem ser evangelizados;

 

    Levar os alunos a construírem sua própria opinião sobre o assunto e a apontarem soluções.

 

4.   Metodologia:

 

    Exibição de documentário seguida de discussão sobre o tema;

 

    Leitura da matéria jornalística e do sermão do Padre Antonio Vieira seguida de proposta de que os alunos produzam sua própria matéria em grupo;

 

    Levantamento por parte dos alunos do que eles precisariam saber para desenvolver a atividade;

 

    Produção do jornal seguida de apresentação para o restante da turma.

 

 

5.   Recursos necessários à realização das atividades:

 

    Projetor para exibição do documentário;

 

    Cópias impressas dos textos utilizados;

 

    Cartolinas, hidrocores, giz de cera, lápis de cor, tesoura, cola e régua para confecção de um jornal.

 

 

 

6.   Conteúdos mobilizados pela atividade:

 

    Conceituais: Evangelização de grupos indígenas no período colonial e na atualidade

        Procedimentais: Debate; diálogo; pesquisa bibliográfica; trabalho em grupo; produção de material próprio; exposição do próprio aprendizado para o resto da turma; expressão escrita; compreensão oral e textual.

 

        Atitudinais: Respeito ao revezamento da palavra; cooperação; atenção; desenvolvimento do discernimento crítico.

 

 

 

 

 

 

 

1.   APRESENTAÇÃO

A sequência didática aqui proposta é voltada a alunos do ensino básico e trabalha o tema da evangelização dos índios brasileiros em dois momentos históricos: o Brasil Colônia e a atualidade. Ao eleger dois períodos temporalmente distanciados, podemos tratar da continuidade dos processos históricos e de como determinadas questões são repostas ao longo do tempo, ainda que drasticamente alteradas. Com diferentes graus, métodos, objetivos e tendo sido perpetrada por diversos grupos, a conversão de povos e indivíduos indígenas ao cristianismo ocorreu de modo praticamente contínuo desde o período colonial, quando diversas ordens religiosas — marcadamente os jesuítas — defendiam a necessidade de expandir a fé cristã ao novo continente.

Desde então, definir se os indígenas deveriam ou poderiam ser catequizados e de que modo, sob quais bases, nunca foi consensual nem entre os diferentes grupos indígenas que entraram  em  contato  com  os  missionários  cristãos  nem  entre  os não-indígenas. Naquela época,   os   grupos   evangelizadores   entravam   em   conflito   com   outros   colonizadores interessados na escravização pura e simples dos indígenas, sem mediação da Igreja, e com outros grupos católicos com os quais entravam em embates teológicos acerca da possibilidade ou não de se catequizar os índios, se eles também teriam sido feitos a imagem e semelhança de Deus ou mesmo se os índios não estariam fora da linhagem adâmica, não tendo sido contaminados pelo pecado original.

 

dentro dos marcos de um Estado brasileiro constituído, a ideia de que os indígenas deveriam ser simplesmente incorporados à sociedade maior, transformando-se em cidadãos brasileiros indistintos dos demais, foi a opinião hegemônica durante muito tempo, inclusive entre aqueles que se colocavam em defesa dos índios. Segundo essa opinião, índios não precisariam de nenhum tipo de proteção especial por parte do Estado e tentar convertê-los seria  um  assunto  privado  entre  os  próprios  índios  e  os  religiosos  que  pretendessem angariá-los, devendo o Estado manter-se fora disso. A concepção de que respeitar os índios seria respeitá-los em sua diferença — lutando para que eles pudessem manter sua diversidade linguística, de crenças e de modo de vida —, e não em sua assimilação, ganhou força muito recentemente, no fim da década de 1960, e ainda hoje encontra-se restrita a grupos mais escolarizados e/ou simpáticos à causa indígena.

Em décadas mais recentes, a expansão de diversas vertentes do cristianismo protestante no Brasil fez com que alguns desses grupos retomassem o processo de tentativa de conversão dos indígenas justo em um momento em que a Igreja católica começava a repensar e a progressivamente abandonar essa prática.

 

 

2.   ESCOLHA TEMÁTICA

 

 

A falta de informação de qualidade a respeito dos diferentes grupos indígenas brasileiros associada à ideia de que seriam um grupo uniforme e residual, e não um conjunto de sociedades contemporâneas, é um dos fatores que fazem com que a sociedade maior ainda hoje tenha dificuldades de compreender e aceitar os indígenas em sua diferença.

A partir de 2003, as diretrizes e bases da educação nacional brasileira passaram a incluir a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura indígena ao longo de todo o currículo. Isso significa que a história indígena não deve ser circunscrita a um período

 

geralmente ao período pré-colonial ou ao início da colonização do território brasileiro —, mas revisitada em diversos momentos históricos, de modo que os alunos percebam que os índios não são um grupo do passado ou congelados no tempo, e sim agentes contínuos da história nacional.

A escolha do tema da evangelização se insere no contexto desse esforço por parte dos professores brasileiros de trabalharem a história indígena em seus currículos de modo continuado, observando o desenvolvimento dos processos históricos e o modo como um mesmo discurso no caso, o discurso de que seria necessário converter os indígenas — pode ser reposto e atualizado com diferentes objetivos e por diferentes agentes ao longo do tempo.

 

 

3.   JUSTIFICATIVA PEDAGÓGICA

 

 

Esta sequência didática foi planejada para alunos não-indígenas do ensino básico e pode ser aplicada em diferentes séries. Idealmente, foi pensada para grupos de alunos a partir do 8º ano que já tivessem tido contato com o movimento Barroco na disciplina de Literatura e que, desse modo, já tivesse sido apresentado aos sermões do Padre Antonio Vieira. Isso permitiria um diálogo com outra disciplina, que poderia trabalhar a questão da representação do índio nessa fase formativa da literatura nacional.

Atualmente, os documentos que norteiam a educação básica brasileira são a Lei

 

9.394, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e o Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso Nacional em 26 de junho de 2014. Além desses documentos, há ainda os PCNs:  Parâmetros  Curriculares  Nacionais,  que  são  diretrizes  elaboradas  pelo  Governo Federal para orientar os educadores acerca dos conteúdos que cada disciplina deve trabalhar

 

em cada ano da educação básica. Embora não sejam obrigatórios, os PCNs servem como norteadores que podem ser adaptados por cada educador.

Segundo os PCNs, identificar o próprio grupo de convívio e as relações que esse

 

grupo estabelece com outros tempos e espaços está entre os principais objetivos da disciplina

 

1

de História durante o Ensino Fundamental . Também constam entre os objetivos:

 

    Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças diferenças entre eles, continuidades e descontinuidades, conflitos e contradições sociais;

 

    Questionar a realidade, identificando problemas e possíveis soluções, conhecendo formas político-institucionais e organizações da sociedade civil que possibilitem modos de atuação;

 

    Dominar procedimentos de pesquisa escolar e de produção de texto, aprendendo a observar e colher informações de diferentes paisagens e registros escritos, iconográficos, sonoros e materiais;

 

    Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade social, considerando critérios éticos;

 

    Valorizar o direito de cidadania dos indivíduos, dos grupos e dos povos como condição de efetivo fortalecimento da democracia, mantendo-se o respeito às diferenças e a luta contra as desigualdades.

 

    Situar acontecimentos históricos e localizá-los em uma multiplicidade de tempos;

 

    Reconhecer que o conhecimento histórico é parte de um conhecimento interdisciplinar.

 

 

 

 

As atividades aqui propostas trabalham no sentido de atingir os objetivos mencionados acima. Ao mobilizarmos fontes unidas tematicamente, porém de tipologias distintas e produzidas em diferentes épocas, por exemplo, ajudamos os alunos a se familiarizarem com vários tipos de registro e a coletarem informações tanto de vídeos quanto de matérias jornalísticas, livros e discussões em sala de aula. Ao trabalharmos com duas

 

 

 

1 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História / Secretaria de

Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998, pág. 43.

 

manifestações   temporalmente   distanciadas   de   um   mesmo   problema      isto   é,   da evangelização indígena —, podemos ajudá-los a situar acontecimentos historicamente, a ter noção de processo histórico, de continuidades e rupturas. Podemos ainda aguçar seu espírito crítico ao colocar a necessidade de que eles próprios se posicionem em relação ao que está sendo exposto.

A necessidade de capacitar os alunos a trabalharem com documentos históricos e a questionarem esses documentos também é colocada pelos PCNs e aplicada nesta atividade ao lidarmos com materiais produzidos em épocas distintas e por fontes diferentes, sempre acompanhados de leituras coletivas e de discussões acerca da mensagem que esses documentos buscam transmitir, de suas intenções e filiações já que além de serem capazes de ler e compreender documentos, os alunos também devem perceber que esses documentos não são provas irrefutáveis do real, como destacam os PCNs:

 

 

 

A noção tradicional de que os documentos eram depositários de verdades indiscutíveis relacionadas com o real foi abalada. Os documentos perderam a dimensão de se bastarem por si e de falarem apenas por meio de seus conteúdos. Reconheceu-se que a transformação dos registros humanos em documentos históricos depende do trabalho do historiador e das problemáticas  relevantes  para  o  seu  tempo  e  sociedade,  cabendo  a  ele dar-lhes nova significação, inseri-los em novos contextos, interrogá-los a partir de temas de estudo e, enfim, realizar todo o trabalho subjetivo de construção de conhecimento subjacente. (Parâmetros Curriculares Nacionais

1998, p.85)

 

 

 

Outro aspecto fundamental nesta sequência didática é a produção de materiais por parte dos alunos e a exposição dos resultados e descobertas obtidas para o restante da classe. A escolha de atividades participativas e em grupo em detrimento de aulas expositivas procura destacar a importância de conteúdos atitudinais como o respeito a opinião dos colegas e a cooperação.

 

4.   OBJETIVOS ESPERADOS

 

 

Este conjunto de atividades trabalha com uma gama variada de conteúdos procedimentais (isto é, com métodos que o aluno precisa aprender ou exercitar para desenvolver os trabalhos propostos) e atitudinais (ou seja, com comportamentos que precisam ser adotados durante a realização das atividades). Ao trabalharem em grupos, os alunos necessitarão  desenvolver  o  respeito  ao  revezamento  da  palavra  e  a  cooperação  com  os colegas. Ao lidarem com textos e vídeos complexos, as crianças terão de exercitar a questão da atenção, da compreensão oral e de leitura, terão de fazer perguntas em relação a um material que pode não ser plenamente inteligível a elas logo na primeira leitura, precisarão discutir com os colegas e com o professor a respeito desses materiais. O uso de fontes históricas como um sermão do Padre Vieira e de um texto ensaístico que faz associações com esse sermão complexifica a leitura e expõe os alunos a textos que não são transparentes à leitura, que não foram feitos para serem entendidos imediatamente por eles, sem um trabalho de insistência e de diálogo com o texto e com os colegas. Ao solicitarmos que os alunos produzam eles próprios um material, são trabalhados o espírito crítico e a autonomia, tudo isso ao passo que eles precisam conhecer um pouco mais de um gênero textual específico: o jornalístico.

Nosso objetivo é que os alunos aprendam sobre a evangelização de grupos indígenas tanto no período colonial quanto na atualidade e que ao mesmo tempo possam exercitar habilidades importantes para o seu desenvolvimento cognitivo e social.

 

 

5.   DESCRIÇÃO DAS AULAS

 

 

    1ª AULA:

 

1º MOMENTO: Exibição de um trecho longo do documentário Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi, (o material original tem 81 minutos, cortaríamos para 30 minutos. O DVD do filme foi disponibilizado juntamente com esta sequência didática);

2º MOMENTO: Discussão do documentário.

 

Perguntas a serem feitas na discussão sobre o documentário Ex-Pajé:

 

   O que aconteceu com Perpera durante o filme? Por que ele já não é um pajé?

 

   Você acha que os índios que se converteram ao protestantismo e que incorporaram elementos culturais da sociedade não-indígena, como celulares e redes sociais, ainda são índios? No que eles são iguais e no que são diferentes de nós?

 

   Qual o ponto de vista de quem produziu este filme?

 

   Qual o interesse e a motivação daqueles que procuram catequizar os índios?

 

 

 

         2ª AULA:

 

1º MOMENTO: Leitura em grupos de cinco alunos da matéria jornalística “Evangelização indígena inclui oferta de cesta básica e obra de Edir Macedo” (a matéria encontra-se disponibilizada na seção de anexos, no fim desta sequência didática);

2º MOMENTO: Discussão coletiva da matéria;

 

Perguntas a serem feitas na discussão sobre a matéria da Folha de S.Paulo:

 

   Os índios têm uma posição única em relação à entrada de igrejas evangélicas em suas aldeias?

 

   Você acha que a evangelização dos índios é um problema? Por quê?

 

   Qual o ponto de vista de quem produziu esta matéria? É o mesmo de quem produziu o documentário Ex-Pajé?

 

 

 

3º MOMENTO: Leitura em grupos de cinco alunos do Sermão do Espírito Santo (o texto encontra-se disponibilizado na seção de anexos, no fim desta sequência didática);

 

 

 

 

 

 

4º MOMENTO: Discussão coletiva do sermão;

 

Perguntas a serem feitas na discussão sobre o Sermão do Espírito Santo:

 

   A quem este sermão é direcionado?

 

   De acordo com o sermão do Padre Antonio Vieira era fácil ou difícil evangelizar os índios brasileiros?

 

   Você acha que grupos religiosos não-indígenas deveriam tentar converter os índios? Por quê?

 

   Qual a justificativa do autor para a catequização dos índios? Quais as diferenças e semelhanças entre as intenções dos padres jesuítas da época deste documento

e dos evangélicos retratados pela reportagem da Folha de S.Paulo?

 

   Existe alguma diferença entre o que os jesuítas estavam tentando fazer com os índios em 1657 e o que alguns grupos evangélicos estão tentando agora, em

2018?

 

 

 

5º MOMENTO: Proposta de que os alunos produzam sua própria matéria em grupo na aula seguinte;

6º MOMENTO: Levantamento por parte dos alunos do que eles precisariam saber para desenvolver a atividade.

 

 

    3ª AULA:

 

 

 

1º MOMENTO: Alunos devem receber materiais, conteúdos e informações que eles próprios elencaram como necessários para a produção da matéria jornalística. Entre esses materiais poderá ser incluso o trecho de A inconstância da alma selvagem no qual Eduardo Viveiros de Castro comenta o Sermão do Espírito Santo (o texto encontra-se disponibilizado na seção de anexos, no fim desta sequência didática);

2º MOMENTO: Discussão coletiva sobre o texto A inconstância da alma selvagem;

 

Perguntas a serem feitas na discussão sobre A inconstância da alma selvagem:

 

   O autor deste texto concorda ou discorda com o Padre Antonio Vieira em relação à dificuldade de se catequizar os índios brasileiros?

 

    Você sabe o que é um antropólogo e que tipo de trabalho ele faz?

 

   Qual o ponto de vista de quem produziu este texto? Essa pessoa é simpática ou antipática aos índios? E aos padres que tentaram catequizá-los?

 

 

  3º MOMENTO: tema e apresentação dos elementos básicos de uma matéria jornalística

(título, subtítulo, linha-fina, foto, legenda, olho, intertítulo etc.).

 

 

4º MOMENTO: Produção da matéria em grupos de cinco alunos.

 

 

5º MOMENTO: Apresentação dos grupos para o restante da turma.

 

 

 

 

 

6.   REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

 

 

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998.

 

BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.

 

                         . Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.

 

. “Produção didática de História: trajetórias de pesquisas”. Revista de

História, São Paulo, nº 164, 2011, p. 487-516.

 

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas híbridas, poderes oblíquos. Trad. Ana Regina Lessa e

Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: EDUSP, 2008.

 

CASTRO, Eduardo Viveiros de. A Inconstância da Alma Selvagem e Outros Ensaios de

Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

 

COLL, César; MARTÍN, Elena (orgs). O construtivismo em sala de aula. São Paulo: Ática,

1996.

 

CUNHA, Manuela Carneiro da (org). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

 

FERNANDES, Antonia; SANTOS, Eva Aparecida; SANTOS, Patrícia; PELLARES, Renata. Experiências docentes: Subprojeto História Capes/Pibid/USP. Revista História Hoje, vol. 4,

nº 7, 2015, p. 205-222.

 

KARNAL, Leandro (org). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São

Paulo: Contexto, 2003.

 

SILVA, Adriane Costa da. Versões didáticas da história indígena (1870 - 1950). Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação, USP, 2000.

 

SILVA, Aracy Lopes da; GRUPIONI, Luís Donizete Benzi (orgs). A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1º e 2º graus. Brasília: Mari/Unicef/Unesco,

1995.

 

MONTEIRO,  John  Manuel.  “A  dança  dos  números:  a  população  indígena  do  Brasil desde 1500”. Em: Revista Tempo e Presença, CEDI, Ano 16, nº 273, p. 16-17.

 

MONTEIRO,  John  Manuel.  Negros   da   Terra:   índios   e   bandeirantes   nas   origens de   São   Paulo. São   Paulo: Companhia das Letras, 1994.

 

PEREIRA, Amilcar Araújo; MONTEIRO, Ana Maria (orgs). Ensino de história e cultura afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.

POMPA,  Cristina.  Religião  como  Tradução.  Bauru:  Edusc,  2003. VIEIRA, Antonio. Sermão do Espírito Santo. Disponível em:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000019pdf.pdf. Acessado em:

18/06/2018.

 

ZERON,  Carlos  Alberto  de  Moura  Ribeiro. A linha de fé: A companhia de Jesus e a

Escravidão. São Paulo: Edusp, 2011.

 

 

 

7.   MATERIAIS PARA UTILIZAÇÃO EM SALA DE AULA (disponibilizados em anexo)

 

 

 

Anexo 1: Trecho do Sermão do Espírito Santo (1657), de Antonio Vieira.

 

Anexo 2: Trecho do livro A Inconstância da Alma Selvagem (2002), do antropólogo

 

Eduardo Viveiros de Castro.

 

Anexo 3: Reportagem “Evangelização indígena inclui oferta de cesta básica e obra de Edir Macedo”, de Anna Virginia Balloussier e Bianka Vieira, publicada no jornal Folha de S.Paulo do dia 11/06/2018.

Anexo 4: Esquematização dos elementos básicos de uma matéria jornalística.

 

Anexo 5: Documentário Ex-Pajé (2018), de Luiz Bolognesi (entregue em DVD).

 

 

 

 

Trecho do Sermão do Espírito Santo, escrito por Padre Antonio Vieira em 1657:

 

 

 

 

(...) se em outras terras é necessário aos apóstolos, ou aos sucessores do seu ministério, muito cabedal de amor de Deus para ensinar, nesta terra, e nestas terras é ainda necessário muito mais amor de Deus que em nenhuma outra. E por quê? Por dois princípios: o primeiro, pela qualidade das gentes; o segundo, pela dificuldade das línguas.

Primeiramente, pela qualidade da gente, porque a gente destas terras é a mais bruta, a mais ingrata, a mais inconstante, a mais avessa, a mais trabalhosa de ensinar de quantas há no mundo. Bastava por prova a da experiência, mas temos também — quem tal cuidara! — a do Evangelho. A forma com que Cristo mandou pelo mundo a seus discípulos, diz o evangelista S. Marcos que foi esta: (...) A S. Pedro coube-lhe Roma e Itália; a S. João, a Ásia Menor; a São Tiago, Espanha; a S.Mateus, Etiópia; a S. Simão, Mesopotâmia; a S. Judas Tadeu, o Egito; aos outros, outras províncias, ef inalmente a Santo Tomé esta parte da América em que estamos, a que vulgar e indignamente chamaram Brasil. Agora pergunto eu: e por que nesta repartição coube o Brasil a Santo Tomé e não a outro apóstolo? Ouvi a razão.

Notam alguns autores modernos que notificou Cristo aos apóstolos a pregação da fé pelo mundo, depois de os repreender da culpa da incredulidade, para que os trabalhos que haviam de padecer na pregação da fossem também em satisfação e como em penitência da mesma incredulidade e dureza de coração que tiveram em não quererem crer (...). E como Santo Tomé, entre todos os apóstolos, foi o mais culpado da incredulidade, por isso a Santo Tomé lhe coube, na repartição do mundo, a missão do Brasil, porque, onde fora maior a culpa, era justo que fosse mais pesada a penitência. Como se dissera o Senhor: os outros apóstolos, que foram menos culpados na incredulidade, vão pregar aos gregos,vão pregar aos romanos,  vão  pregar  aos  etíopes, aos árabes, aos armênios, aos sarmatas, aos citas; mas Tomé, que teve a maior culpa, pregar aos gentios do Brasil, e pague a dureza de sua incredulidade com ensinar à gente mais bárbara e mais dura. Bem o mostrou o efeito. Quando os portugueses descobriram o Brasil, acharam as pegadas de Santo Tomé estampadas em uma pedra, que hoje se nas praias da Bahia; mas rasto, nem memória da que pregou Santo Tomé, nenhum acharam nos homens. Não se podia melhor provar e encarecer a barbaria da

 

gente. Nas pedras, acharam-se rastos do pregador, na gente não se achou rasto da pregação; as pedras conservaram memórias do apóstolo, os corações não conservaram memória da doutrina.

A causa por que as não conservaram, diremos logo, mas é necessário satisfazer primeiro a uma grande dúvida, que contra o que imos dizendo se oferece. Não há gentios no mundo que menos repugnem à doutrina da fé, e mais facilmente a aceitem e recebam, que os brasis; como dizemos logo,que foi pena da incredulidade de Santo Tomé o vir pregar a esta gente? Assim foi e quando menos, assim pode ser e não porque os brasis não creiam com muita facilidade, mas porque essa mesma facilidade com que crêem faz que o seu crer, em certo modo, seja como o não crer. Outros gentios são incrédulos até crer; os brasis, ainda depois de crer, são incrédulos. Em outros gentios a incredulidade é incredulidade, e a fé é fé; nos brasis a mesma fé ou é, ou parece incredulidade.

(...) Os que andastes pelo mundo, e entrastes em casas de prazer de príncipes, veríeis naqueles quadros e naquelas ruas dos jardins dois gêneros de estátuas muito diferentes, umas de mármore, outras de murta. A estátua de mármore custa muito a fazer, pela dureza e resistência da matéria; mas, depois de feita uma vez, não é necessário que lhe ponham mais a mão: sempre conserva e sustenta a mesma figura; a estátua de murta é mais fácil de formar, pela facilidade com que se dobram os ramos, mas é necessário andar sempre reformando e trabalhando nela, para que se conserve. Se deixa o jardineiro de assistir, em quatro dias sai um ramo que lhe atravessa os olhos, sai outro que lhe descompõe as orelhas, saem dois que de cinco dedos lhe fazem sete, e o que pouco antes era homem, é uma confusão verde de murtas. Eis aqui a diferença que entre umas nações e outras na doutrina da fé. umas nações naturalmente duras, tenazes e constantes, as quais dificultosamente recebem a fé e deixam os erros de seus antepassados; resistem com as armas, duvidam com o entendimento,repugnam com a vontade, cerram-se, teimam, argumentam, replicam, dão grande trabalho até se renderem; mas, uma vez rendidos, uma vez que receberam a fé, ficam nela firmes e constantes, como estátuas de mármore: não é necessário trabalhar mais com elas. outras nações, pelo contrário e estas são as do Brasil —, que recebem tudo o que lhes ensinam, com grande docilidade e facilidade,sem argumentar, sem replicar, sem duvidar, sem resistir; mas são estátuas de murta que, em levantando a mão e a tesoura o jardineiro, logo perdem a nova figura, e tornam à bruteza antiga e natural, e a ser mato como dantes eram. É necessário que assista sempre a estas estátuas o mestre delas: uma vez, que lhes corte

 

o que vicejam os olhos, para que creiam o que não vêem; outra vez,que lhes cerceie o que vicejam as orelhas, para que não dêem ouvidos às fábulas de seus antepassados; outra vez, que lhes decepe o que vicejam as mãos e os pés, para que se abstenham das ações e costumes bárbaros da gentilidade. E só desta maneira, trabalhando sempre contra a natureza do tronco e humor das raízes, se pode conservar nestas plantas rudes a forma não natural, e compostura dos ramos.

Eis aqui a razão por que digo que é mais dificultosa de cultivar esta gentilidade, que nenhuma outra do mundo: se os não assistis, perde-se o trabalho, como o perdeu Santo Tomé; e para se aproveitar e lograr o trabalho, de ser com outro trabalho maior, que é assisti-los; há-se de assistir e insistir sempre com ele, tornando a trabalhar o já trabalhado e a plantar o já plantado, e a ensinar o já ensinado, não levantando jamais a mão da obra, porque sempre está por obrar, ainda depois de obrada (...).

 

 

 

 

Trecho de CASTRO, Eduardo Viveiros de. A Inconstância da Alma Selvagem e Outros

Ensaios de Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2002, p. 159-166.

 

 

 

 

O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem

 

O problema da descrença no século XVI brasileiro

 

 

 

 

 

 

 

escreve:

 

Em  uma  página  magnífica  do  Sermão  do Espírito Santo (1657), Antonio Vieira

 

 

 

 

“Os que andastes pelo mundo, e entrastes em casas de prazer de príncipes, veríeis naqueles quadros e naquelas ruas dos jardins dois gêneros de estátuas muito diferentes, umas de mármore, outras de murta. A estátua de mármore custa muito a fazer, pela dureza e resistência da matéria; mas, depois de feita uma vez, não é necessário que lhe ponham mais a mão: sempre conserva e sustenta a mesma figura; a estátua de murta é mais fácil de formar, pela facilidade com que se dobram os ramos, mas é necessário andar sempre reformando e trabalhando nela, para que se conserve. Se deixa o jardineiro de assistir, em quatro dias sai um ramo que lhe atravessa os olhos, sai outro que lhe descompõe as orelhas, saem dois que de cinco dedos lhe fazem sete, e o que pouco antes era homem, é uma confusão verde de murtas. Eis aqui a diferença que entre umas nações e outras na doutrina da fé. umas nações naturalmente duras, tenazes e constantes, as quais dificultosamente

 

recebem a   e  deixam  os erros de seus antepassados; resistem com as armas, duvidam com o entendimento, repugnam com a vontade, cerram-se, teimam, argumentam, replicam “firmes e constantes, como estátuas de mármore: não é necessário trabalhar mais com elas. outras nações, pelo contrário   e  estas  são  as  do  Brasil   que  recebem tudo o que lhes ensinam com grande docilidade e facilidade, sem argumentar, sem replicar, sem duvidar, sem resistir; mas são estátuas de murta que, em levantando a mão e a tesoura o jardineiro, logo perdem a nova figura, e tornam à bruteza antiga e natural, e a ser mato como dantes eram. É necessário que assista sempre  a  estas  estátuas  o  mestre  delas:  uma  vez, que lhes corte o que vicejam os olhos, para que creiam o que não veem; outra vez, que lhes cerceie o que vicejam as orelhas, para que não deem ouvidos às fábulas de seus antepassados; outra vez, que lhes decepe o que vicejam os pés, para que se abstenham das ações e costumes bárbaros da gentilidade. E desta maneira, trabalhando sempre contra a natureza do tronco e humor das raízes, se pode conservar nestas plantas rudes a forma não natural, e compostura dos ramos.” (Antonio Vieira, 1657)

 

 

O imperador da língua portuguesa, como o chamou Fernando Pessoa, elabora nessa passagem um tópico venerável da literatura jesuítica sobre os índios. O tema remonta ao início das atividades da Companhia no Brasil, em 1549, e pode ser resumido em uma frase: o gentio do país era exasperadoramente difícil de converter. Não que fosse feito de matéria refratária e intratável; ao contrário, ávido de novas formas, mostrava-se entretanto incapaz de se deixar impressionar indelevelmente por elas. Gente receptiva a qualquer figura mas impossível de configurar, os índios eram para usarmos um símile menos europeu que a estátua de murta como a mata que os agasalhava, sempre pronta a se refechar sobre os espaços precariamente conquistados pela cultura. Eram como sua terra, enganosamente fértil, onde tudo parecia se poder plantar, mas onde nada brotava que não fosse sufocado incontinente pelas ervas daninhas. Esse gentio sem fé, sem lei e sem rei não oferecia um solo psicológico e institucional onde o Evangelho pudesse deitar raízes.

Entre os pagãos do Velho Mundo, o missionário sabia as resistências que teria a vencer: ídolos e sacerdotes, liturgias e teologias religiões dignas desse nome, mesmo que raramente tão exclusivistas como a sua própria. No Brasil, em troca, a palavra de Deus era acolhida alacremente por um ouvido e ignorada com displicência pelo outro. O inimigo aqui não era um dogma diferente, mas uma indiferença ao dogma, uma recusa de escolher. Inconstância, indiferença, olvido: “a gente destas terras é a mais bruta, a mais ingrata, a mais inconstante, a mais avessa, a mais trabalhosa de ensinar de quantas no mundo”, desfia e desafia o desencantado Vieira. Eis por que São Tomé fora designado por Cristo para pregar

 

no Brasil; justo castigo para o apóstolo da dúvida, esse de levar a crença aos incapazes de crer

 

ou capazes de crer em tudo, o que vem a dar na mesma: “outros gentios são incrédulos até crer; os brasis, ainda depois de crer, são incrédulos”.

(...) O tema da inconstância ameríndia fez fortuna, dentro e fora da reflexão missionária, e bem além de seu exemplo primordial, os Tupinambá litorâneos. Serafim Leite, o historiador da Companhia de Jesus no Brasil, fundou-se nas observações dos primeiros catequistas para identificar a “deficiência da vontade” e a “superficialidade de sentimentos” como principais impedimentos à conversão dos índios; mas socorreu-se também da opinião de leigos, alguns insuspeitos de jesuitismo: Gabriel Soares de Souza, Alexandre Rodrigues Ferreira, Capistrano de Abreu, unânimes no apontar a amorfia da alma selvagem. Essa proverbial inconstância não foi registrada apenas para as coisas da fé. Ela passou, na verdade, a ser um traço definidor do caráter ameríndio, consolidando-se como um dos estereótipos do imaginário nacional: o índio mal-converso que, à primeira oportunidade, manda Deus, enxada e roupas ao diabo, retornando feliz à selva, presa de um atavismo incurável. A inconstância é uma constante da equação selvagem.

A imagem do selvagem inconstante é conspícua na historiografia, desde o eminente e reacionário Varnhagen: “eram falsos e infiéis; inconstantes e ingratos…”. A importação de mão-de-obra africana, é consabido, foi frequentemente justificada pela incapacidade de os índios suportarem o trabalho na plantation canavieira. A antropologia racialista de Gilberto Freyre reservou ao contraste entre o vigor animal dos africanos e a preguiça vegetal dos ameríndios um papel de destaque. Mas autores muito mais politicamente corretos que esses dois também exploraram a oposição índios/africanos em termos da inconstância do gentio brasileiro:

 

 

“[Os antigos moradores da terra] dificilmente se acomodavam […] ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. Versáteis ao extremo, eram-lhes inacessíveis certas noções de ordem, constância e exatidão, que no europeu formam como que uma segunda natureza e parecem requisitos fundamentais da existência da sociedade civil. (Sérgio Buarque de Holanda, 1936)

 

O tema das “três raças” na formação da nacionalidade brasileira tende a atribuir a cada uma delas o predomínio de uma faculdade: aos índios a percepção, aos africanos o sentimento, aos europeus a razão, numa escala que, como em Freyre, evoca as três almas da doutrina aristotélica (...).

Por geral que seja, entretanto, e fundado em experiências variadas, parece-me que o conceito da natureza inconstante da alma selvagem deriva principalmente, no caso brasileiro, dos anos iniciais de proselitismo missionário entre os Tupi. O problema dos índios, decidiram os padres, não residia no entendimento, aliás ágil e agudo, mas nas outras duas potências da alma: a memória e a vontade, fracas, remissas. “É gente de muy fraca memória para as coisas de Deus” (Pires, 1552). Do mesmo modo, o obstáculo a superar não era a presença de uma doutrina inimiga, mas o que Vieira descrevia como “as ações e costumes bárbaros da gentilidade” canibalismo e guerra de vingança, bebedeiras, poliginia, nudez, ausência de autoridade centralizada e de implantação territorial estável —, e que os primeiros jesuítas rotulavam mais simplesmente de “maus costumes”.

(...) O que exasperava os padres não era nenhuma resistência ativa que os “brasis” oferecessem ao Evangelho em nome de uma outra crença, mas sim o fato de que sua relação com a crença era intrigante: dispostos a tudo engolir, quando se os tinha por ganhos, eis que recalcitravam, voltando ao “vómito dos antigos costumes” (Anchieta, 1555).

(...) A aceitação entusiástica mas altamente seletiva de um discurso totalizante e exclusivo, a recusa em seguir até o fim o curso desse discurso, não podiam deixar de parecer enigmáticas a homens de missão, obediência e renúncia; e penso que esse enigma continua a nos  incomodar,  a  nós  antropólogos,  mesmo  que  por  motivos  outros  que  os  dos  velhos jesuítas.

 

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Graduandos
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