Os Indígenas e os Bandeirantes Reescrevendo a História Convencional

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
 
Disciplina: História da cidade de São Paulo: um desafio pedagógico
Os Indígenas e os Bandeirantes Reescrevendo a história convencional
Renata Garcia Cruz
Número USP - 8029924
Professora Dra. Antonia Terra de Calazans Fernandes
Vespertino – 2º Semestre 2016
São Paulo - SP
 
 
 
Sequência didática
 
Objetivos
A ideia dessa sequência didática é uma tentativa de introduzir saberes relacionados à temática indígena, e é como uma chance de reescrever a história convencional de São Paulo, e do Brasil em geral, quando o assunto diz respeito à importância dos bandeirantes e a importância dos indígenas na povoação e desbravamentos de São Paulo.
 
Sabemos que a figura do bandeirante está enraizada no imaginário coletivo da identidade de São Paulo, e os mesmos são vistos como responsáveis pelo avanço do território da América Portuguesa, tendo um espaço como construtores da nação. A ideia é apresentarmos um outro olhar sobre o desbravamento do espaço e o avanço das fronteiras, inserindo os bandeirantes no contexto dos indígenas, nativos da região, e que tiveram um papel muito importante para o desenvolvimento desses processos – povoamento, desbravamento, e construção de São Paulo.
 
As aulas consistem, dessa forma, em atividades de reflexão e de estímulo às críticas dos fatos apresentados, para que com isso seja possível, em algum nível, a desconstrução desse senso-comum tão reproduzido entre os paulistanos. Para além desse assunto específico, procura-se também com essa sequência didática causar uma certa “provocação” nos alunos participantes, com o intuito de estimular o senso crítico e o questionamento de algumas situações do cotidiano. Assim, busca-se que haja uma aproximação entre o aluno e o conteúdo da disciplina de história, e que o estudante possa enxergar além de algumas convenções muitas vezes presentes em livros didáticos, comentários cotidianos e um imaginário coletivo muito enraizado na sociedade paulista. Desta forma, o estímulo à criticidade talvez possa trazer para o aluno uma consciência de outras realidades e questões que muitas vezes não aparecem na mídia e nem são lembradas – como a questão indígena atual, seja na cidade de São Paulo ou no Brasil - mas que são muito relevantes quando pensamos que todos, ao menos teoricamente, possuem direitos básicos iguais. 
 

Uma Cidade se Faz no Tempo – Fotos do álbum “A Cidade da Ligth"

Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Departamento de História
Ensino de História: Teoria e Prática – Profa. Dra. Antonia Terra de Calazans Fernandes
Aluno: Gabriel Ferreira da Silva Bianchi – nº USP 5165070


Seqüência didática 1 – Uma cidade se faz no tempo – Fotos do álbum “A Cidade da
Light”

 

Para alunos do 9º ano que tenham trabalhado intensamente com a história da cidade de São Paulo
durante um semestre (seqüência elaborada para alunos da Escola Nossa Senhora das Graças).


Objetivos (conteúdos conceituais / procedimentais / atitudinais):


Contribuir para a construção do conceito de espaço público.
 

Exercitar a leitura iconográfica, identificando em seguida algumas das possibilidades e limitações da
fotografia como fonte de informação. Mostrar o papel da legenda na leitura iconográfica.


Estimular a discussão em grupo (a respeito da paisagem urbana, sua construção e maleabilidade).
Tempo previsto: três aulas de 50 minutos em seqüência (tempo de duração de aula no projeto
interdisciplinar).
 

A ditadura em agonia: As greves operárias do ABC de 1979

Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Aluno: Reinaldo Santos de Souza n. USP: 5682800
Disciplina: Ensino de História: Teoria e Prática – noturno
Prof. Antônia Terra

 

Sequência Didática

 

A ditadura em agonia: As greves operárias do ABC de 1979

 

Introdução


Dentre os acontecimentos mais relevantes para a História recente do Brasil, indubitavelmente as greves do ABC ocorridas no final da década de 1970 e início da década de 1980 figuram em uma posição de destaque. O golpe de 1964, que instaurou uma ditadura civil-militar no Brasil, atacou duramente as organizações dos trabalhadores, tanto os sindicatos quanto os movimentos populares. Do início da ditadura até as greves do ABC, houve, via de regra, uma grande paralisia do movimento operário, salvo por algumas exceções pontuais (greve de Osasco em 1968, e também em Minas Gerais no mesmo período). O Ato Institucional 5, instaurado em dezembro de 1968, endureceu ainda mais o regime, dificultando a possibilidade de mobilização dos trabalhadores. Nesses marcos, as greves do ABC rompem com uma paralisia de cerca de 15 anos do movimento operário brasileiro, aumentando a crise da ditadura em seu momento final e de maior agonia, e iniciando um novo ciclo de reorganização do movimento sindical brasileiro. Tal reorganização foi assentada no crescimento da planta industrial impulsionado pelo regime ditatorial, forjando novas lideranças e novas organizações, como é o caso da Central Única dos Trabalhadores, e encontrando sua expressão no plano político através do PT.
 

Em nossa avaliação, a queda da ditadura está intrinsecamente relacionada com as mobilizações de massas ocorridas no país durante a primeira metade da década de 1980, que tiveram nas greves do ABC seu pontapé inicial, bem como sua maior referência. Apesar da transição democrática ter se dado através de um acordo entre as frações burguesas que disputavam o poder no momento, a mobilização dos trabalhadores foi determinante para decretar o fim da ditadura, ainda que não tenha sido suficiente para impor uma derrota mais categórica ao regime. Para além disso, as lideranças sindicais surgidas durante tais greves se consolidaram como grandes referências políticas durante o regime democrático, especialmente Lula, que de representante dos trabalhadores em luta passou a ser o representante da conciliação de classes, atingindo, com isso, a presidência da república. Esses elementos são mais que suficientes para comprovar a importância histórica das greves do ABC e sugerir seu estudo em sala de aula como um dos capítulos da crise final da ditadura civil-militar brasileira.