Vida e espírito urbano em Jundiaí

Aluno: Gabriel Silva Ramos Zani

Número USP: 8576477

Docente responsável: Prof. Dra. Antonia Terra Calazans Fernandes

Disciplina USP: Uma história para a cidade de São Paulo: Um desafio pedagógico

 

A sequência didática

Este projeto didático tem como problema central, para a sua respectiva análise, os reflexos da urbanização na cidade de Jundiaí.

O projeto de estudo é destinado aos alunos de Ensino Médio.

O programa oferecido tem como missão, suscitar a curiosidade dos alunos e, ao mesmo tempo, contribuir ao recrudescimento do conhecimento histórico e sociológico de cada estudante sobre a sua cidade. Logo, o professor tem como missão, não só facilitar, mas também clarear a compreensão do corpo discente a partir de sua explicação, que deve ser dividida em partes.

O projeto de ensino usa como fontes revistas, dados, livros, fotos e jornais. Com estes instrumentos de estudo, é possível que o professor realize dinâmicas e debates em sala de aula, em duas aulas de 45 minutos.

 

Objetivos

Descobrir o sentido do tempo e o valor da memória de Jundiaí. Relacionar o processo de imigração e industrialização ao crescimento urbano do município. Assistir os alunos no estudo das transformações ocorridas na cidade. Observar e analisar criticamente os efeitos da modernização de uma área. Realização de propostas positivas para melhorias da cidade, em conjunto com os alunos.

 

Parte 1: Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Discussão sobre a imigração e a industrialização, fatores que concorreram ao crescimento espacial e populacional do município.

Sugestão: Após essa breve introdução, a distribuição de fotos antigas sobre a população de Jundiaí, ora em seu trabalho, ora em suas habitações, para os alunos será interessante.

Argos Industrial - início do século 20

 

 

Tecelagem – início do século 20

 

 

Comércio – início do século 20

 

 

Família Brunholi – Finais do século 19

 

Família Marquezin – Finais do século 19

 

 

Funcionários na oficina – Meados do século 20

 

 

Locomotiva – Início do século 20

 

 

Depois da observação de cada imagem, os estudantes poderão compartilhar as características mais marcantes delas e mostrar de que forma os traços relacionam-se com o processo de crescimento da cidade.

Sugestão: Como texto complementar sobre o fenômeno imigratório em Jundiaí, indica-se o livro de Eduardo Carlos Pereira, Cem anos de imigração italiana em Jundiaí, se houver mais alunos interessados no tema.

 

 

Parte 2: O tempo, o movimento e os contrastes iconográficos

Nesta etapa, os alunos analisarão as diferenças entre imagens antigas e atuais de alguns pontos da cidade. O objetivo é mostrar aos estudantes as alterações do espaço – oriundas do crescimento urbano – e como ela se acentua ao longo do tempo.

Sugestão: Para esta parte, é interessante que as figuras ou fotografias correspondam a lugares conhecidos pelos alunos. Isto não só facilitará a observação de cada estudante, mas também irá auxiliar o debate entre orientador e educando.

Vila Arens – Limiar do século 20

 

 

Vila Arens – Início do século 21

 

Solar do Barão – Meados do século 20

 

Solar do Barão – 2013

 

Igreja da Matriz – 1864

 

 

Igreja da Matriz – 2013

 

Após conceder um tempo (de aproximadamente 10 minutos) para o exame individual dos estudantes, algumas questões podem ser feitas, por exemplo:

1) Vocês conhecem esses lugares? Se sim, já visitaram?

2) Há diferenças nas imagens? Se sim, cite-as e apresente os motivos, baseado no que estudamos até este momento, que fazem com que elas estejam desiguais.

 

Parte 3: Jundiaí, condição atual e as suas mazelas

Este momento se constitui no clímax da sequência didática. Nesta parte, a problematização, proposta pelo projeto, ganha mais corpo. Recomenda-se que o professor apresente à sala de aula imagens, dados, referências, entre outros elementos, que confiram a descrição contemporânea do município. O educador poderá instigar os alunos a refletirem sobre os efeitos positivos e negativos da urbanização. O objetivo dela consiste em mostrar aos alunos que nem todos os efeitos da modernização urbana são favoráveis e que, na maioria das

vezes, os frutos negativos são mascarados pelos positivos. A atividade reflexiva pode ser realizada de outras maneiras, cabendo ao orientador a melhor forma.

Sugestão: Para reforçar o debate entre os alunos, encaminha-se a obra de Milton Santos, A Urbanização Brasileira. Antes da atividade, os alunos deverão ler o curto capítulo - A Organização Interna das Cidades: A Cidade Caótica, em que o autor argumenta, de forma coerente, sobre os efeitos negativos da urbanização nas cidades brasileiras. A partir disso, os alunos já estão capacitados a perceberem as semelhanças e as diferenças entre uma problemática de maior escala (fenômeno no Brasil) e uma de menor escala (fenômeno em Jundiaí).

 

Nesta parte, os alunos verão que a modernização, o crescimento urbano, a urbanização em uma área não traz só aspectos positivos. Frutos negativos também são gerados e, com o tempo, se constituem em intermináveis e árduas mazelas à população que ali vive. Recentemente, Jundiaí enfrenta problemas específicos dos centros brasileiros de alta densidade populacional. É explícito, na paisagem da cidade, o contraste entre as favelas e os condomínios fechados como os bairros São Camilo (maior comunidade ou periferia de Jundiaí) e Malota (bairro nobre). Estes elementos são sinalizadores do alto nível de desigualdade social e da incidência de pobreza no município. Além disso, eles ratificam que o espírito urbano que rege o município está social e espacialmente segregado.

Sugestão: Neste momento, aconselha-se que o professor use imagens para tornar as diferenças ainda mais evidentes.

 

 

 

 

A criminalidade é uma das consequências negativas que são geradas em um centro urbano. Jundiaí apresenta uma taxa crescente composta por roubos, tráfico de drogas, entre outros tipos de delito.

Sugestão: Neste momento, orienta-se que o professor exponha para os alunos algumas notícias - retiradas de jornais ou revistas - sobre crimes ocorrentes na cidade. A escolha dos artigos ou editoriais fica a critério de cada professor.

 

 

 

Reportagem - Estadão (21/02/2001)

 

 

Dentre os problemas do município, a questão da saúde é a mais preocupante. A cidade é deficiente no número de unidades básicas de saúde, o que acarreta o demasiado atraso nas consultas que, na teoria, por serem simples, não demandariam um largo espaço de tempo. A parte mais carente dos habitantes do município são os que mais sofrem com o parco serviço, tendo que, ordinariamente, esperar até 180 dias para a marcação de consultas simples.

Sugestão: Nesta parte, aconselha-se aos alunos que eles busquem testemunhos ou exemplos de pessoas que sofrem com estes problemas. Posteriormente, estas provas orais poderão ser compartilhadas com a classe como forma de debate.

 

Parte 4 - A Reflexão

Feita a análise e a discussão acerca dos efeitos da urbanização em Jundiaí, o professor iniciará a reflexão com os alunos. Nesta etapa, as seguintes questões poderão ser expostas como exemplo:

1) A partir dos elementos apresentados – nas fotografias, notícias e nos testemunhos – quais são os aspectos que contradizem a visão positiva da urbanização?

2) Você ou alguém que conheça sofre com estes problemas? Se sim, conte-nos a sua ou a experiência dessa pessoa.

3) De que maneiras estas adversidades podem ser solucionadas na cidade de Jundiaí? Compartilhe a sua proposta.

 

Conclusão

Essa proposta de atividade pedagógica vem com o intuito de estimular o pensamento histórico e sociológico dos estudantes. O aluno, após a conclusão desse curso, deverá entender as causas que providenciaram um espaço urbano e desenvolvido a Jundiaí, e depreender os efeitos oriundos do crescimento urbano. Além disso, este estudo tem como finalidade o desenvolvimento do pensamento ou opinião crítica de cada educando, acerca dos problemas da modernidade e do contexto em que está inserido.

 

Bibliografia

ARROLAMENTOS DAS FONTES HISTÓRICAS DE JUNDIAÍ – Separata da Revista Histórica número 70, vol. 24; Maria Helena Degani Rocha, 1967.

Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 29 de novembro de 2010.

ELEMENTOS ESTATÍSTICOS DO MUNICÍPIO – Prefeitura Municipal de Jundiaí. Coordenador: Tarcísio Germano de Lemos. Organizador: Cláudio Lucato, Jundiaí, 1969.

ELEMENTOS PARA A HISTÓRIA DE JUNDIAÍ – trabalhos apresentado pela Sub-Comissão do “Marco Histórico”, Edição publicada pela Sociedade “Amigos de Jundiaí”, 1955.

JUNDIAÍ, Direção e Pesquisa Histórica: Alceu de Toledo Pontes: Coordenação Editorial: Waldemar Gonçalves, Edição Excalibur, s.d.

 O ESTADO DE S. PAULO: CIDADES, EDIÇÃO DE 01 DE JULHO DE 2000 - PAG. 31

 O ESTADO DE S. PAULO: CIDADES, EDIÇÃO DE 21 DE FEVEREIRO DE 2001 - PAG. 52

PAULISTÂNIA – Órgão Oficial do Clube Piratininga, número 54, Outubro-Dezembro de 1955. Homenagem a Jundiaí no tricentenário de sua elevação à categoria de Vila, S. Paulo, 1955.

∙ Pereira, Eduardo Carlos. Cem anos de imigração italiana em Jundiaí. São Paulo: Estúdio RO, 1988.

Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2010.

REVISTA DE JUNDIAÍ – Edição comemorativa do 330º aniversário da cidade. Editor responsável: Tobias Muzaiel, Editora Jundiaí e Jornal de Jundiaí Regional, Jundiaí, 1985.

 Santos, Milton. A Urbanização Brasileira. São Paulo: EDUSP, 2009.

 

 

Referencia
Graduandos
Anexo Tamanho
vida_e_espirito_urbano_em_jundiai.pdf 931.21 KB