Memória e Movimentos Negros: A Cidade de São Paulo através das resistências

Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Memória e Movimentos Negros:
A Cidade de São Paulo através das resistências
Docente
Profa. Dra. Antonia Terra Calazans Fernandes
Disciplina FLH0425
Uma História para a Cidade de São Paulo: Um desafio pedagógico
Alunas
Gabriela Campos Rix 
Gabriele de Novaes Santos
2013
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
 
 
 
Proposta de SEQÊNCIA DIDÁTICA para o Ensino Médio
 
Memória dos Movimentos Negros:
A Cidade de São Paulo através das resistências
 
 
Sumário
 
Introdução___________________________________________________________________5
     Histórico dos movimentos negros – aporte ao trabalho ....................................................... 7
     Objetivos Específicos ..................................................................... 9
Aplicação da Sequência Didática____________________________________________________10
     Recursos Didáticos .........................................................................______.............. 10
     Organização ...............................................................................______............... 10
                      Parte I São Paulo e o racismo a partir da música _____________________ 11
                      Parte II Análise e comparação de documentos________________________14
                      Parte III Memória e Vida das resistências – pesquisa na comunidade_____20
     Considerações Finais_______________________________________________________20
Bibliografia__________________________________________________________________21
 
 
“Dizem de mim infernos,
Só não falam de mim
o céu que me querem tomar”.
Na boca do povo, Éle Semog
 
 
Este material propõe trazer a discussão sobre a História da Cidade de São Paulo como palco de opressões e exploração, mas também das resistências do povo negro. Desejamos que essa ferramenta auxilie o professor a armar seus alunos para o combate ao racismo e valorização da população negra e sua memória.
 
Desejamos a todos uma boa leitura.
 
 
 
Introdução
 
Os movimentos negros são considerados um dos mais importantes movimentos sociais no cenário político-institucional brasileiro. Em plena transformação, este movimento social tem apontado, tanto para as falhas e incoerências na democracia atualmente existente quanto para as incoerências de uma sociedade profundamente marcada pelo racismo institucional e pela discriminação racial. O estudo dos movimentos negros aponta para determinados limites de suas configurações e dinâmicas internas, ao mesmo tempo em que revelam uma crescente capacidade de dialogar e atuar junto aos poderes estatais e com o conjunto da sociedade civil e, inclusive, com instâncias globais de proteção dos direitos humanos.
 
Uma série de questionamentos e indagações precisa ser feita no sentido de entender melhor seus objetivos, metas e perspectivas. Dessa forma, posicionar como prisma o desenvolvimento desses movimentos na cidade de São Paulo aumenta e diversifica as possibilidades de abordagem e conexão das diversas problemáticas que envolvem o tema. É preciso que se entenda a singularidade dos movimentos negros a partir de uma configuração de outras forças políticas, sociais e culturais existentes na sociedade e da própria resistência estatal frente às demandas deste movimento. O mito da democracia racial foi oficialmente deslegitimado, porém permanece uma realidade no corpus institucional de todo o país: escolas, departamentos públicos, instituições sociais, universidades, etc.
 
 
 
Como é apontado nos Parâmetros Curriculares Nacionais de História, colocamos aqui como objetivo urgente “formar o cidadão crítico”. Portanto, trazendo debates dessa ordem para dentro da escola exploramos sua potencialidade em explicar quem é o aluno no mundo, de explicá-lo em sua comunidade, em sua cidade, as suas relações sociais, culturais, econômicas no meio urbano da metrópole paulistana, ou de qualquer outra no mundo ocidental capitalista, conscientizando-o e problematizando sua existência no espaço, na sociedade e na história, podendo ele, de maneira mais cristalina, “recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaborar propostas de intervenção na realidade, respeitando os valores humanos” 1. Nesse sentido, deve também o professor, em sala de aula, assumir uma posição metodológica e política clara2. Em relação à primeira, tomando cuidado para não cometer anacronismos, trabalhar sempre com a conexão passado-presente, partindo de questões atuais para recorrer ao passado. A segunda diz respeito a combater uma suposta ideia de neutralidade, que tem se demonstrado prejudicial na medida em que mascara opiniões e nega a possibilidade da visão crítica sobre os processos históricos ser fortalecida entre os alunos.
 
Através do trabalho de análise de documentos e discussão apoiada em recursos didáticos específicos, buscaremos problematizar: 1) as relações sociais estabelecidas na cidade, manifestas na segregação racial e sócio – espacial, na violência direcionada aos negros, bem como a repressão política implícita no processo; 2) de que forma influenciaram nas diversas formas de resistência que se conformaram; 3) a configuração atual dessa dinâmica na cidade. Dessa forma, a presente sequência didática vislumbra cumprir com os objetivos mais gerais da aprendizagem histórica a partir da discussão do processo histórico de opressão e resistência em São Paulo, organizadas em três partes. Uma primeira, que procura mediar uma situação inicial na qual os alunos identifiquem esse processo atualmente na cidade de São Paulo através de índices, dados, notícias, reportagens, música e pesquisa de campo. A segunda buscará aprofundar a análise sobre as conclusões já obtidas através da comparação
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1 SOUZA, Eduardo Gomes. Sequencia didática – São Paulo: Padrões de segregação socioespacial em São Paulo. http://lemad.fflch.usp.br/node/7344
2 Idem.
 
 
com fontes das diferentes épocas, relativas aos movimentos, resultando em pesquisa sobre as manifestações de ontem e hoje que estão presentes na vida do aluno. Finalmente, a conclusão do trabalho deve primar à extensão, promovendo a aplicação dessa aprendizagem na própria comunidade do aluno.
 
 
Histórico dos Movimentos Negros – Aporte ao trabalho
 
A história dos movimentos negros brasileiros, de suas organizações políticas, entidades associativas, culturais, religiosas, veículos e pedagogias comunicativas manifesta um profundo e fecundo pluralismo, polifonias organizativas e de estratégias de ação, desde pelo menos o início do século XX. Os movimentos negros passaram por vários momentos em termos de reivindicação coletiva contra o racismo. No final do século XIX, uma série de organizações negras se constituiu como organizações beneficentes a fim de criar uma rede de apoio entre os negros para se contrapor ao racismo dos brancos brasileiros que impediam os negros de ter acesso aos seus clubes esportivos e instituições sociais. Nas décadas de 20 e 30 surge a imprensa negra brasileira, cuja função era produzir um canal de manifestação literária, social, cultural e política da “comunidade negra”, bem como denunciar as práticas de racismo e discriminação racial existentes naquele momento. A imprensa da época, tanto a segmentada quanto a geral, não canalizava as aspirações e dramas dos negros brasileiros.
 
Durante os anos 1930 surge a Frente Negra Brasileira – FNB, considerada a primeira grande organização efetivamente política. A FNB e outras organizações negras, em linhas gerais, reivindicavam a integração do negro na sociedade como cidadãos. Nos anos 40, temos o protagonismo do Teatro Experimental do Negro e da União dos Homens de Cor. No final da década de 70 surge o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial – MNUDCR, reunindo organizações negras do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Nos anos 80 os movimentos negros3 buscam legitimidade de ação política junto aos aparatos estatais. Neste momento uma
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3 A relevância de se designar movimentos negros e não simplesmente Movimento Negro, no singular, se dá porque a noção de movimentos negros capta e traduz de forma mais consistente a dimensão de multivocalidade, pluralidade e plasticidade existente neste movimento social. Quando nos referimos a Movimento Negro deixa-se implícito uma harmonia aparente, um amplo consenso nos modos pelos quais este movimento social tem se organizado e atuado junto à sociedade. Pelo contrário, os movimentos negros são constituídos por organizações de diferentes tipos, escopos, colorações político-ideológicas, objetivos programáticos e condições de ação junto ao Estado e à sociedade.
 
 
 
 
série de experiências de secretarias de promoção da comunidade negra e de centros de denúncia contra o racismo é criada nas principais capitais do país. Já nos anos 90 teremos outro cenário, que diversificará ainda mais as formas de organização, marcada por certa “institucionalização” dos movimentos, mas com o surgimento posterior de movimentos que buscam resgatar elementos de maior combatividade.
 
Tratando-se especificamente dos movimentos negros, a dimensão cultural e simbólica de organizações negras de diversos tipos sempre exerceu papéis de relevância na luta contra o racismo, ajudando a cimentar e a fortalecer a identidade negra, a revalorizar os legados africanos em vários campos, etc. As escolas de samba, os blocos afros, os centros recreativos, terreiros de candomblé e umbanda, os bailes blacks dos anos 70 e 80, os concursos de beleza negra e um sem número de expressões culturais negras regionais são exemplos da confluência entre cultura e política. Através de cantos, danças, expressões corporais e modos de se vestir os negros tentaram e tentam em diversos momentos criar formas que são ao mesmo tempo subjetivas e materiais de resistência ao racismo e aos valores hegemônicos da supremacia branca.
 
Todas essas formas de expressão, que podem, de forma mais abrangente, ser consideradas como movimento ou resistência, são de máxima importância no entendimento da história das cidades. Também o Rio de Janeiro, mas, sobretudo São Paulo, têm grande destaque nesta esfera e a amplitude desses movimentos, os espaços que ocuparam também aqueles que não podem mais ocupar, fazem parte dessa reflexão.
 
 
 
 
Objetivos Específicos
 
 Identificar as desigualdades sociais presentes no espaço urbano;
 
 Apontar, na sua comunidade e na sua cidade, as consequências das desigualdades sociais;
 
 Analisar como a desigualdade socioeconômica produz a segregação social e espacial, a violência e a repressão;
 
 Reconhecer esses processos no espaço urbano da cidade de São Paulo através da ótica histórica;
 
 Compreender esses processos como parte da expansão econômica capitalista na cidade.
 
 Investigar e identificar em documentos de diversos gêneros (mapas, imagens, discursos, reportagens, músicas) a desigualdade e segregação social;
 
 Interpretar e analisar esses documentos para construir a noção de processo histórico da segregação, suas causas e suas consequências;
 
 Relacionar esse processo histórico com o surgimento dos diversos movimentos negros em São Paulo, realizando uma trajetória histórica de análise.
 
 Analisar a comunidade em que vive, observando e reconhecendo tais aspectos.
 
 Observar e identificar em fontes visuais e audiovisuais a atuação dos movimentos negros.
 
 Supor, explicar e criticar as causas e as formas de resistência dos movimentos negros.
 
 Buscar, em sua comunidade, formas de organização. Caso elas não existam, o que as levou a não existir e de que forma é possível criar novas.
 
 
 
Aplicação da Sequência Didática
 
Recursos Didáticos
 
Música
Vídeos
Fotografias
Mapas
Jornais
Anúncios
 
 
Organização
 
Parte I
São Paulo e o racismo a partir da música
 
Objetivo
Duração da Atividade
Recurso
Estratégia de aula
__________________________________________________________________________
Sensibilização        Duas aulas          Música          Divisão em grupos
__________________________________________________________________
 
 
 
Passos da atividade
 
A utilização da música aqui é uma forma de sensibilização para a discussão do tema, oferecendo suporte para conexão com problemas cotidianos da cidade.
 
Divisão da sala em grupos temáticos (cada um será responsável por identificar um tema na música).
Distribuição da letra da música.
 
Audição.
 
Distribuição dos aspectos que deverão ser identificados e discutidos pelos grupos (papéis com o nome do tema).
 
Acompanhamento das discussões e orientação para a apresentação que os grupos farão para o restante da turma.
 
Discussão mediada pelo professor – síntese da construção do racismo na cidade.
 
 
 
 
I Audição e Leitura
 
 
A música apresenta diversas possibilidades de reflexão. As que foram demarcadas são apenas exemplos. Busque em toda a letra conexões possíveis com o tema do seu grupo.
Nome                                                      Artista                                                Ano
NEGRO DRAMA                             RACIONAIS MC’S                                           2002 
 
Negro drama, Entre o sucesso e a lama, Dinheiro, problemas, Inveja, luxo, fama. Negro drama, Cabelo crespo, E a pele escura, A ferida, a chaga, A procura da cura. Negro drama, Tenta ver E não vê nada, A não ser uma estrela, Longe meio ofuscada. Sente o drama, O preço, a cobrança, No amor, no ódio, A insana vingança. Negro drama, Eu sei quem trama, E quem tá comigo, O trauma que eu carrego, Pra não ser mais um preto fodido. O drama da cadeia e favela, Túmulo, sangue, Sirene, choros e vela. Passageiro do Brasil, São Paulo, Agonia que sobrevivem, Em meio às zorras e covardias, Periferias, vielas e cortiços, Você deve tá pensando, O que você tem a ver com isso, Desde o início, Por ouro e prata, Olha quem morre, Então veja você quem mata, Recebe o mérito, a farda, Que pratica o mal, Me ver, Pobre, preso ou morto, Já é cultural. Histórias, registros, Escritos, Não é conto, Nem fábula, Lenda ou mito, Não foi sempre dito, Que preto não tem vez, Então olha o castelo e não, Foi você quem fez cuzão, Eu sou irmão, Dos meus trutas de batalha, Eu era a carne, Agora sou a própria navalha, Tim..tim.. Um brinde pra mim, Sou exemplo, de vitórias, Trajetos e glórias. O dinheiro tira um homem da miséria, Mas não pode arrancar, De dentro dele, A favela, São poucos, Que entram em campo pra vencer, A alma guarda, O que a mente tenta esquecer, Olho pra trás, Vejo a estrada que eu trilhei, Mó cota Quem teve lado a lado, E quem só fico na bota, Entre as frases, Fases e várias etapas, Do quem é quem, Dos mano e das mina fraca, Hum.. Negro drama de estilo, Pra ser, E se for, Tem que ser, Se temer é milho. Entre o gatilho e a tempestade, Sempre a provar, Que sou homem e não covarde. Que Deus me guarde, Pois eu sei, Que ele não é neutro, Vigia os rico, Mas ama os que vem do gueto, Eu visto preto, Por dentro e por fora, Guerreiro, Poeta entre o tempo e a memória. Hora, Nessa história, Vejo o dólar, E vários quilates, Falo pro mano, Que não morra, e também não mate, O tic tac, Não espera veja o ponteiro, Essa estrada é venenosa, E cheia de morteiro, Pesadelo, Hum, É um elogio, Pra quem vive na guerra, A paz nunca existiu, Num clima quente, A minha gente sua frio, Vi um pretinho, Seu caderno era um fuzil. Um fuzil, Negro drama. Crime, futebol, música, caraio, Eu também não consegui fugi disso aí. Eu so mais um. Forrest gump é mato, Eu prefiro conta uma história real, Vô conta a minha.... Daria um filme, Uma negra, E uma criança nos braços, Solitária na floresta, De concreto e aço, Veja, Olha outra vez, O rosto na multidão, A multidão é um monstro,
 
Ser negro é um problema?
 
Porque os negros procuram alisar o cabelo, afinar o nariz, ou seja, “embranquecer”?
 
O negro tem motivos para querer vingança?
 
A violência contra os negros é maior? Porque?
 
Como a cidade pode separar as classes?
 
O que a história nos conta?
 
De quem se fala neste trecho?
 
A sociedade se importa menos com a morte de um negro do que com a de um branco?
 
Como a luta por direi-tos aconte-ce?
 
Qual a importância de se pensar essa história?
 
 
 
 
Sem rosto e coração, Hey, São paulo, Terra de arranha-céu, A garoa rasga a carne, É a torre de babel, Famíla brasileira, Dois contra o mundo, Mãe solteira, De um promissor, Vagabundo, Luz, Câmera e ação, Gravando a cena vai, Um bastardo, Mais um filho pardo, Sem pai, Ei, Senhor de engenho, Eu sei, Bem quem você é, Sozinho, cê num guenta, Sozinho, Cê num entra a pé, Cê disse que era bom, E a favela ouviu, lá Também tem Whiski, red bull, Tênis nike e Fuzil, Admito, Seus carro é bonito, É, Eu não sei fazê, Internet, video-cassete, Os carro loco, Atrasado, Eu tô um pouco sim, Tô, Eu acho, Só que tem que, Seu jogo é sujo, E eu não me encaixo, Eu sô problema de montão, De carnaval a carnaval, Eu vim da selva, Sou leão, Sou demais pro seu quintal, Problema com escola, Eu tenho mil, Mil fita, Inacreditável, mas seu filho me imita, No meio de vocês, Ele é o mais esperto, Ginga e fala gíria, Gíria não, dialeto Esse não é mais seu, Hó, Subiu, Entrei pelo seu rádio, Tomei, Cê nem viu, Nóis é isso ou aquilo, O quê?, Cê não dizia, Seu filho quer ser preto, Rhá, Que irônia, Cola o pôster do 2Pac ai, Que tal, Que cê diz, Sente o negro drama, Vai, Tenta ser feliz, Ei bacana, Quem te fez tão bom assim, O que cê deu, O que cê faz, O que cê fez por mim? Eu recebi seu tic, Quer dizer kit, De esgoto a céu aberto, E parede madeirite, De vergonha eu não morri, To firmão, Eis me aqui, Voce não, Se não passa, Quando o mar vermelho abrir, Eu sou o mano Homem duro, Do gueto, brow, Obá, Aquele louco, Que não pode errar, Aquele que você odeia, Amar nesse instante, Pele parda, Ouço funk, E de onde vem, Os diamantes, Da lama, Valeu mãe, Negro drama, Drama, drama. Aê, na época dos barracos de pau lá na pedreira onde vocês tavam? O que vocês deram por mim ? O que vocês fizeram por mim ? Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho Agora tá de olho no carro que eu dirijo Demorou, eu quero é mais Eu quero até sua alma Aí, o rap fez eu ser o que sou Ice Blue, Edy Rock e Klj, e toda a família E toda geração que faz o rap A geração que revolucionou A geração que vai revolucionar Anos 90, século 21 É desse jeito Aê, você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você, morou irmão? Você tá dirigindo um carro O mundo todo tá de olho em você, morou? Sabe por quê? Pela sua origem, morou irmão? É desse jeito que você vive É o negro drama Eu não li, eu não assisti Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama Eu sou o fruto do negro drama Aí dona Ana, sem palavras, a senhora é uma rainha, rainha Mas aê, se tiver que voltar pra favela Eu vou voltar de cabeça erguida Porque assim é que é Renascendo das cinzas Firme e forte, guerreiro de fé Vagabundo nato!
 
A construção da cidade reflete um sistema racista?
 
A mulher negra sofre mais com os problemas da cidade?
 
Quais são as condições de moradia impostas?
 
De onde é a história a que ele se refere? Como é a história?
 
Qual a importância do rep como meio de expressão?
 
Que tipo de preconceitos os negros sofrem?
 
 
 
 
II Divisão em grupos para análise
Cada grupo ficará responsável por um tema, como ilustrado abaixo:
 
 
Parte II
Análise e comparação de documentos
 
                Objetivo                              Duração da atividade                                          Recursos                          Estratégia de aula
 
 
Passos da atividade
 
O objetivo do uso do vídeo é fazer uma primeira apresentação sobre as diversas formas de resistência presentes nestas décadas, para posterior análise através dos documentos pelos grupos.
 
 
Exibição do vídeo.
 
Divisão da sala em grupos temáticos (cada um será responsável por trabalhar com um tipo de documento).
 
Distribuição dos aspectos que deverão ser identificados e discutidos pelos grupos (documentos).
 
Acompanhamento das discussões e orientação para a apresentação que os grupos farão para o restante da turma ( Perguntas que farão aos documentos, pesquisas, etc.).
 
Discussão mediada pelo professor – síntese das formas de resistência presentes na cidade.
 
Orientação para a pesquisa individual.
 
 
 
 
I Exibição do vídeo
“CULTNE- Mix Negro – 40 anos de luta”
 
 
Este vídeo trata do movimento negro que atuou no Rio de Janeiro e em São Paulo nas décadas de 1930 a 1980. É importante neste momento perguntar aos alunos sobre os espaços que são ocupados por esses movimentos e a relação que estes têm com as cidades.
 
II Dividir a sala em grupos temáticos
 
Cada grupo ficará responsável por um tema, como ilustrado abaixo:
 
RELAÇÃO DE DOCUMENTOS
 
IMPRENSA
 
A Voz da Raça
Órgão oficial da Frente Negra Brasileira é lançado em março de 1933.
 
Chibata
O jornal denomina-se “o chiste da verdade, na mentira dos chistes que presenciamos contra o negro”.
 
O Clarim da Alvorada
Edição que inicia a 3ª fase do jornal, em 28 de setembro de 1940, traz o editorial “Não principiamos, continuamos...”, de José Correia Leite, relembrando a importância histórica do jornal para o movimento negro.
 
Tribuna Negra
O texto A mocidade negra demonstra preocupação em relação ao futuro dos jovens negros e faz uma homenagem a Luís Gama.
 
 
Propostas de análise para o tema Imprensa:
 
Os alunos devem ler os diferentes jornais e estabelecer relações, semelhanças e diferenças entre eles. Devem pensar em que espaços esses jornais circulavam, que mudanças propagandeavam, quais problemas sociais apontam, etc.
Refletir sobre a importância desse movimento.
 
 
ESCOLAS DE SAMBA
Mapa das Escolas de Samba na cidade de São Paulo (Google Maps, 2013)
 
 
(à esquerda) Foto do carnaval em São Paulo, década de 1960.
(à direita) Avenida Prestes Maia, 1969.
 
 
Propostas de análise para o tema Escolas de Samba:
Os alunos devem observar o mapa atual e as fotografias antigas e pensar a cerca da presença da cultura negra na cidade. Refletir sobre o potencial identitário e de denúncia social que as escolas de samba e blocos de rua possuem. Refletir sobre a importância das escolas de samba em São Paulo.
 
 
 
 
ESPAÇOS DE PROTESTO
(à esquerda) Consolidação do MNU – Movimento Negro Unificado - Teatro Municipal - São Paulo. (1978) http://movimentonegrounificadomnu.blogspot.com.br/2013/07/agenda-negra-… (à direita) Marcha contra o genocídio da juventude negra – Teatro Municipal- São Paulo. (22 de agosto de 2013) http://www.pstu.org.br/node/19964
 
 
Poema de Miriam Alves que ilustra o ato público, do Movimento Negro Unificado – MNU, de 7 de julho de 1978
 
Eu sei: "- havia uma faca atravessando os olhos gordos em esperanças havia um ferro em brasa tostando as costas retendo as lutas havia mordaças pesadas esparadrapando as ordens das palavras". Eu sei: Surgiu um grito na multidão um estalo seco de revolta Surgiu outro outro e outros aos poucos, amotinamos exigências querendo o resgate sobre nossa forçada miséria secular Longa Vida ao MNU!!! Longa Vida às/aos militantes do MNU
 
 
Propostas de análise para o tema Espaços de protesto:
 
Os alunos devem observar as fotografias e refletir sobre o poema, a partir disso devem discutir sobre o movimento negro do século XX e o movimento negro atual. Devem discutir se há demandas que ainda estão por ser conquistadas pelos negros. Qual é a força dos movimentos atuais e que importância eles têm em São Paulo.
 
 
 
 
BAILES BLACK
 
 
CHIC SHOW Na década de 1980, fez história em São Paulo com a realização de grandes bailes e festas, principalmente no Palmeiras, sempre trazendo grandes nomes da música black em suas produções
 
 
 
 
Propostas de análise para o tema Bailes black:
Os alunos devem observar no flyer os endereços e identificar sua localização na cidade e a relação desses espaços com a população negra. Devem pensar como e porque os bailes black poderiam ser espaços de organização dos movimentos negros. Pensar também sobre o estilo musical e de onde vem essa influência.
 
 
 
 
 
Parte III
Memória e Vida das resistências – pesquisa na comunidade
 
 
                               Objetivo                                           Duração da atividade                                        Recursos                                                        Estratégia de aula
 
No encerramento da etapa anterior os alunos devem ser orientados a pesquisar em seu bairro ou em algum local de escolha do aluno, expressões da resistência negra na cidade. Podem ser elementos culturais, artísticos, políticos, religiosos, etc. Devem documentar sua pesquisa através de fotografias, relatos, notícias, vídeos, ou qualquer outro meio de registro.
 
Os alunos devem apresentar em aula para o restante da turma o material coletado, apresentando porque o consideram uma forma de resistência à opressão sofrida pelos negros na cidade.
 
Essa etapa pode ocupar uma ou duas aulas a depender do andamento dos debates.
 
 
 
Considerações Finais
 
A presente sequência didática foi elaborada com o intuito de auxiliar os alunos na identificação das formas como se expressa a opressão racial na cidade de São Paulo. A partir de várias abordagens, procura apresentar uma perspectiva histórica positiva que inclui, para além da opressão relacionada aos problemas urbanos, a reação, a resistência. Assim, esperamos contribuir para a aprendizagem da história da população negra na cidade como também uma história de luta, através da política, arte, religião e todas as suas diversas manifestações culturais.
 
 
 
Bibliografia
 
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História : fundamentos e métodos. São Paulo, Cortez,2008
 
Brasil. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais . 1999
 
SANTOS, Márcio André de O. dos, Política Negra e Democracia no Brasil Contemporâneo: Reflexões Sobre os Movimentos Negros. IN Caminhos Convergentes: Estado e Sociedade na Superação das Desigualdades Raciais no Brasil. PAULA, Marilene de, HERINGER, Rosana (orgs.), Fundação Heinrich Böll e ActionAid, Rio de Janeiro, 2009. Cap. 7.
 
VILLAÇA, Flávio, São Paulo: Padrões de Segregação sócio-espacial. Revista Brasileira de ciências Criminais, São Paulo, nº 44, pp. 341-346, julho/setembro 2003.
 
ZABALA, Antoni. A prática educativa. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ArtMed, 1998
REVISTA RAÍZES, Instituto Raízes, 2007, edição 1.
 
Referencia
Graduandos
Anexo Tamanho
memoria_e_movimentos_negros.pdf 2.01 MB