Escola Normal de São Paulo (1846): Um Pioneirismo na Educação da Cidade de São Paulo

 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
D.H. – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Disciplina: Uma História para São Paulo – Um Desafio Pedagógico
Profa. Dra. Antonia Terra Calazans Fernandes
Aluno: José Heleno Barbosa – 8629746
ESCOLA NORMAL DE SÃO PAULO - 1846
( Um pioneirismo na educação da Cidade de São Paulo)
Dezembro de 2013
 
 
 
 
 
1. TEMA: ESCOLA NORMAL DE SÃO PAULO : Um pioneirismo na educação da
Cidade de São Paulo - ( Atual Colégio Estadual Caetano de Campos)
 
A Sequência Didática proposta tem por objetivo fornecer ao aluno de ensino fundamental e
médio, elementos de informação sobre a Escola Normal de São Paulo – Colégio Estadual
Caetano de Campos, com o intuito de mostrar a importância da educação básica, fundamental
e ensino médio, na formação escolar.
 
2. COMPONENTE CURRICULAR
O conteúdo compõe a disciplina História do Brasil – História da educação na Cidade de
São Paulo.
 
3. PLANEJAMENTO
Apresentação do material: discussão em sala de aula, problematização dos elementos e
fontes apresentados no tema; proposta de visita ao prédio da Secretaria da Educação, local
onde funcionou a Escola Normal e Colégio Caetano de Campos, na Praça da República, para
posterior coleta de impressões dos alunos.
 
4. TEXTO ILUSTRATIVO: O começo de tudo
 
1846 – É instaurada a primeira Escola Normal de São Paulo, em 09 de novembro. A Escola
tinha como regente e único professor o Dr. Manoel José Chaves.
Instalada em um prédio junto à Catedral da Sé (prédio pertencente aos religiosos), tinha
como missão a formação de professores primários. De sua fundação até os dias atuais a
Escola passou por diversas instalações e nomenclaturas, bem como alterações em sua grade
curricular.
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Edifício contíguo à catedral da Sé.
Fonte: Poliantéia¹ comemorativa: 1846 - 1946;
Primeiro centenário do ensino normal de São Paulo, s. d.
- Primeira sede da Escola Normal de São Paulo.
 
 
 
 
Os primeiros anos
 
O curso para formação de professores tinha duração de dois anos e as disciplinas contavam
de: gramática e língua nacional, teoria e prática de aritmética, noções de geometria,
caligrafia, princípios de religião do Estado, lógica métodos e processo de ensino. Todas as
disciplinas eram lecionadas pelo mesmo professor-fundador e as turmas variavam entre 11 e
21 alunos matriculados por ano.
 
Em 1867 a Escola foi fechada por falta de verba e devido à aposentadoria do Prof. Dr.
Manoel José Chaves, sendo reaberta em 1875, passando a funcionar em uma ala da Faculdade
de Direito do Largo de São Francisco; nesse período passando a admitir alunos do sexo
feminino. As alunas estudavam em local e horário separadas dos alunos do sexo masculino
para não haver contato entre eles: nem físico nem perceptivo.
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Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo de São Francisco Curso Anexo.
Fonte: Poliantéia comemorativa: 18461946;
Primeiro centenário do ensino normal de São Paulo, s. d.
 
- Pesquise, em outras fontes se o prédio ainda existe e se houve intercorrências com o
mesmo nos Séc. XIX e XX.
 
 
Novo fechamento em 1878, desta vez por problemas de instalação, material didático e
baixa frequência bem como aproveitamento sofrível: dos 214 alunos – rapazes e moças,
matriculados no período, apenas 44 receberam carta de habilitação, ou seja: se formaram.
Em 1880 é novamente reaberta, desta vez na Rua do Tesouro. Funcionou por algum tempo
no prédio do Fórum Civil e depois no número 39 da Rua da Boa Morte (Rua do Carmo), onde
durante uma visita do Imperador D. Pedro II recebeu a classificação de “pardieiro” dadas as
condições precárias do prédio.
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Sobrado da Rua da Boa Morte (atual Rua do Carmo)
Fonte: Poliantéia comemorativa: 1846-1946;
Primeiro centenário do ensino normal de São Paulo, s. d.
- Vamos encontrar no mapa do centro da cidade, esta localização e observar o que mudou...
 
 
 
Novos rumos
 
Após todos estes percalços, em 1890, assume a direção da Escola Normal, o médico Dr.
Antonio Caetano de Campos que realiza grandes reformas até mesmo no âmbito do ensino
da Província. Além da construção de um edifício grandioso para a escola Normal, agrega dois
anexos para “Escolas-modelo”. Estas Escolas-modelo tinham como objetivo, além do ensino
primário, o aperfeiçoamento e melhoria na formação de professores através do estágio de
normalistas e, sob sua direção foram designadas duas notáveis educadoras: dona Maria
Guilhermina Loureiro de Andrade e a americana Miss Márcia Brow.
 
 
 
Do centro antigo para a Praça da República
 
Em 1894 é inaugurado o novo edifício da Escola Normal, na Praça da República. Com
projeto do arquiteto Antonio Francisco de Paula e execução do engenheiro Ramos de
Azevedo, o prédio, em estilo neoclássico, originalmente projetado com dois pavimentos
verticais teve de ser ampliado anos depois para três, dadas as necessidades de acomodações.
Além dessa transformação o prédio ainda sofreu várias intervenções na sua estrutura para
atender ao traçado urbano da região central da cidade que se expandia, chegando mesmo a
ser ameaçado de demolição no final da década de 1970, para “acomodar” a estação do
Metrô República, só sobrevivendo graças ao repúdio de parte da população.
 
 
 
 
 
A indignação do então presidente da Empresa Municipal de Urbanização –
EMURB, na gestão do prefeito Olavo Setúbal, o engenheiro Ernest Robert de Carvalho
Mange , foi explicitada no depoimento prestado em 2002 ao Núcleo de Referência em
Memória da Educação, do Centro de Referência em Educação Mário Covas – CRE.
 
Diante da proposta de derrubada do prédio da Escola Normal, apresentada pelo
presidente da Companhia do Metrô, Plínio Assman, em reunião para a implantação da
linha LesteOeste do metrô em São Paulo, Mange relembra sua reação:
 
“Eu não vou aceitar isso. Eu acho um absurdo que, para se construir uma
estação do Metrô se derrube a cidade! Meu Deus do Céu! O Metrô foi criado
exatamente para circular debaixo da cidade e para não derrubála.
Para não fazer
essa política horrenda que nós fazemos nessa cidade até hoje, de derrubar a cidade
para abrir avenidas, é um absurdo urbanístico! É um contrassenso, eu não tenho
como qualificar isso, é uma selvageria, a sociedade está destruindo o seu passado.
(...) Eu não vou admitir isso.(...)
Peço licença para me retirar porque não posso participar desse ato de vandalismo,
desse assassinato da cultura!.”*
*Crédito do texto: CRE-Mário Covas, SP.
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Jardim da Infância, cons truído atrás da Es cola Norm al “Caetano de Campos”,
demolido em 1939. Fonte: Poliantéia comemorativa: 1846-1946;
primeiro centenário do ensino normal de São Paulo, s. d.
 
 
 
 
 
Uma reflexão:
-O prédio do Jardim de infância em forma de cúpula, foi demolido para dar lugar à Av. São Luís,
que atualmente liga a Praça da República à Rua da Consolação.
-Muito provavelmente, não fossem intervenções como a descrita acima, teríamos hoje o prédio da
Praça?
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Trajetória: de sua inauguração em 1894 como Escola Normal até 1978 como Colégio
Caetano de Campos
 
Em 1976, agora já como Colégio Caetano de Campos (devido aos processos de
reformulação do ensino), o prédio foi tombado pelo CONDEPHAAT e, em 1978 o colégio foi
desmembrado: inicialmente para o bairro da Aclimação em um antigo terreno da Faculdade de
Veterinária da USP e, posteriormente uma parte dos alunos foi para uma sub-sede no Colégio
Visconde de Porto Seguro, antiga Deutsche Schule (Escola de Alemão) na Praça Franklin D.
Roosevelt, bem próximo a sua antiga sede na Praça da República.
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Colégio Caetano de Campos – Praça Roosevelt
Foto: José Heleno, 2013
 
 
 
 
 
Atualmente, a unidade Aclimação atende ao Ensino Fundamental I e II e Educação
Especial. A unidade Consolação atende ao Ensino Fundamental II, Ensino Médio e Educação
de Jovens e Adultos - EJA (fundamental e médio).
No prédio do antigo Colégio na Praça da República, funciona atualmente a Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, dando rumo a sua vocação: do surgimento como Escola
Normal, para Colégio Estadual, ao comando da educação do Estado, como Secretaria da
Educação.
 
 
 
Algumas personalidades ilustres que estudaram no Colégio Caetano de Campos
Sérgio Buarque de Holanda (professor e historiador), Conde Francisco Matarazzo, Mário de
Andrade (escritor e historiador), Cecília Meireles (escritora), Oscar Americano (engenheiro)
e Dorina Nowil (fundadora do Instituto de Educação para Cegos do mesmo nome).
 
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Alunos da escola Modelo – Anexo da Escola Normal.
Fonte APESP. s.d., s.a.
- Observe as fotos: ocorreram mudanças no prédio...
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Normalistas, 1954. Fonte: Jornal Nosso Esforço.
 
 
 
 
 
PROBLEMATIZE ESTAS FOTOS:
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- A sua escola mantém uma ficha de leitura para o aluno? Se não, que tal pensarmos em
fazê-lo individualmente...
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Foto: José Heleno, 2013.
- Aluno com o uniforme e emblema atual do Colégio Caetano de Campos, Praça Roosevelt.
Compare com o emblema da foto anterior (1943).
 
 
 
 
 
 
5. ANEXO I: - Mapa do Centro de São Paulo. Fonte: SPTURIS
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As áreas marcadas com “seta vermelha” indicam o percurso da Escola Normal, desde sua fundação até o Colégio
Caetano de Campos.
 
 
 
 
6. PROBLEMATIZE
-Indique, seguindo as setas, os endereços vistos no texto e assinale no mapa, a unidade
Consolação do Colégio Caetano de Campos.
-Descreva, de forma espontânea suas impressões do ensino atual.
 
 
 
11
Nota:
1. Poliantéia: Celebração solene de um acontecimento.
 
 
 
Bibliografia:.
1. TANURI, Leonor Maria. “O ensino normal no Estado de São Paulo”.
Ed. FEUSP, São Paulo, 1979.
 
 
 
Créditos:
1. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Informações e consultoria)
2. Texto da página 6: extraído de documento do Centro de Referência em Educação Mário
Covas, também disponível em: www.crmariocovas.sp.gov.br .
3. Fotos atuais das páginas 7 e 9: “Luan”, aluno do ensino fundamental do Colégio Caetano
de Campos, Consolação. Direitos de imagem autorizado pelo pai do aluno.
 
 
 
 
Referências e Consulta:
1. Centro de Referência em Educação Mário Covas
2. IECC: www.iecc.com.br – Caetano de Campos, a escola que mudou o Brasil.
3. Visitas “in loco” ao Colégio Estadual Caetano de Campos – Sedes: Aclimação,
Consolação e Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
4. Mapa Centro de São Paulo: www.sp-turismo.com
Referencia
Graduandos