As resistências das mulheres negras ao regime do Apartheid na África do Sul.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
FLH0421 – Ensino de História: Teoria e Prática
Docente: Profa. Dra. Antônia Terra Calazans Fernandes
Discentes: Gabriele de Novaes Santos - Número USP: 7618933
Thaís Ribeiro Gonçalves - Número USP 8575952

 


Tema

As resistências das mulheres negras ao regime do Apartheid na África do Sul.


Público alvo
A sequência didática será destinada a estudantes do 3º ano do Ensino Médio. O conteúdo proposto se encaixa à proposta curricular estadual para esta série, atendando-se, contudo, em abarcar as Leis 10.639/03 e 11.645/08, concernentes ao ensino de História da África e dos afrodescendentes no Brasil. Além disso, acompanhamos também as diretrizes relativas ao tema das relações de gênero que compõe a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e o Plano Nacional de Educação, de 2001 (Lei n° 10.172).

 

Relevância e justificativa
No campo educacional, as leis 10.639/03 e 11.645/08 determinam o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira como forma de instituir o respeito à diversidade cultural da sociedade brasileira. É necessário que a comunidade escolar deixe de privilegiar determinados conteúdos e comece a promover a valorização e o ensino de culturasque não são abordadas nos currículos, proporcionando assim a apropriação de uma história não contemplada.
Dessa perspectiva, propomos como tema desta sequência didática “o Apartheid na África do Sul” (1948-1951), tendo como recorte o papel que as mulheres negras cumpriram nas suas diversas resistências ao regime. Por um lado, abordar este tema de história contemporânea nos permite abrir uma discussão sobre a segregação racial e sua institucionalização, bem como as diversas lutas que se forjaram a partir daí. Por outro, comporta evidenciar o protagonismo das mulheres negras neste contexto – tendo em vista que, mesmo nas memórias das lutas antiapartheid, são as grandes figuras masculinas como Nelson Mandela, que são habitualmente estudadas. No âmbito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e do Plano Nacional de Educação, de 2001 (Lei n° 10.172), a perspectiva de um ensino que contemple as questões de gênero é indicada, porém, é regra geral nas práticas escolares e no ensino de história que esta temática seja negligenciada.
Para além da relevância do tema, procuramos construir uma prática educacional que privilegie novas abordagens pedagógicas, preocupadas tanto com o uso de recursos didáticos diferenciados (filmes, documentos etc.) quanto com uma aprendizagem ativa, onde os/as estudantes possam desenvolver autonomamente um entendimento crítico da história e da sociedade.

 


Objetivos

  •  Identificar as origens e mecanismos do sistema do Apartheid na África do Sul.
  •  Trazer à tona o protagonismo das mulheres negras na luta contra as leis do Apartheid.
  •  Analisar como as justificativas racistas embasaram a manutenção das desigualdades econômicas, segregação social e espacial, da violência e da repressão;
  •  Reconhecer o processo de resistência da população negra a partir da segunda metade do século XX na África do Sul.
     

Habilidades cognitivas e atitudinais a serem desenvolvidas

  •  Identificação, comparação e análise de fontes historiográficas; reconhecimento do tipo de fonte, autoria, problematização dos contextos de produção, circulação e recepção das fontes estudadas;
  •  Expressão oral, escrita e artística por meio de apresentações, debates e produção de materiais de diferentes tipos. A interpretação do tema através da análise das fontes e da produção sobre as reflexões feitas durante a sequência visa, além da apreensão de conceitos, estimular a leitura e escrita livre da cópia e capacidade de formular e expor ideias.
  •  Desnaturalização das diferenças culturais, compreendendo que a identidade de grupos, bem como as estereotipias e preconceitos, são construções socioculturais e históricas.
  •  Reconhecimento do respeito às identidades, diferenças e especificidades de cada pessoa como direito social inalienável.
  •  Respeito e valorização da diversidade e combate à discriminação.


Metodologia
A sequência didática é composta por quatro partes : 1º apresentação e discussão da proposta e exibição de um filme; 2ª divisão da sala em grupos, pesquisa, discussão e apresentação das análises; 3ª estudo das principais lutas contra o apartheid e o papel das mulheres negras; 4ª desenvolvimento de uma apresentação final baseada em manifestações artísticas.


A sugestão é que se inicie pela apresentação da proposta aos/as estudantes, seguido de uma breve conversa sobre o tema (partindo de questionamentos e discussão, com exposição apenas do que for imprescindível para seguir na próxima etapa). A seguir, deverá ser exibido o filme “Sarafina! O som da liberdade”, que será o eixo para as restantes atividades. A sala deverá discuti-lo levantando seus pontos principais, e será a partir destes pontos quese dividirá em grupos, que ficarão responsáveis por analisar e apresentar estes pontos específicos.


Por meio do uso de documentos, os/as estudantes deverão estudar o papel das mulheres negras na luta contra o Apartheid. Os grupos deverão elaborar e apresentar um trabalho artístico sobre o tema, com destaque para as produções musicais e de dança, utilizando os principais conceitos apreendidos durante o processo.

 


Recursos Didáticos

  •  Reconfiguração do espaço de sala de aula como ambiente para dinâmicas, sendo necessária a mudança das carteiras e posições dependendo da atividade a ser praticada. No caso de debates que envolvam toda a turma a formação de círculos para visualização de painéis, bem como organização por grupos de trabalho em algumas situações de produção.
  •  Mapas.
  •  Textos e imagens projetados.
  •  Música e filme
  •  Papéis, caneta, tintas e demais materiais de papelaria para produção de cartazes e painéis.
  •  Fichas com perguntas.
  •  

Avaliação
 

  •  Participação das discussões em sala e em grupo
  •  Anotações e respostas em fichas
  •  Produção artística final
     

Parte I


O som da liberdade
a) Apresentação da proposta da sequência didática e das partes que a compõem.
(Qual será nosso objetivo? O que os/as estudantes deverão desenvolver durante a sequência? Existe alguma outra sugestão para as atividades? etc.).


b) Discussão: o ponto de partida para as atividades deverá levar em conta o conhecimento dos/das estudantes acerca do conteúdo histórico sobre o Apartheid ocorrido na África do Sul. O primeiro momento consistirá de um questionamento mais geral sobre a História da África para abrir caminho para a introdução dos conteúdos através da abordagem proposta.


(Quem já ouviu falar da África do Sul? Onde fica? Quem vive lá? Alguém sabe o que significa Apartheid e quando aconteceu? Como viviam mulheres e homens, meninos e meninas sob esse regime? Como será que funcionavam as escolas e o ensino? O que eles/elas faziam para mostrar sua revolta? etc.).


O que é Apartheid?

Sistema que hierarquizou o modelo de cultural e econômico europeu em detrimento do africano. E que tinha como objetivo segregar as pessoas negras das brancas, em diversas instâncias: desde o uso dos lugares até os currículos escolares que privilegiavam o ensino de uma história da “classe dominante”, a branca.


Onde e quando ocorreu?

Esse sistema político vigorou de 1948 a 1994, na África do Sul.


Quais grupos étnico/raciais sofreram com a instalação do Apartheid? Por que?

O grupo de brancos descendentes dos ingleses e holandeses, conhecidos como africânderes e bôeres, subjugava o grupo de sul africanos nativos, indianos, mestiços e asiáticos. Isso ocorreu por motivos econômicos, mas para isso foi utilizada, por exemplo, a justificativa religiosa de que os descendentes dos colonos ingleses e holandeses eram enviados por Deus para civilizar os “bárbaros”.
 

Antes da vigência formal do Apartheid já havia distinção entre esses grupos?
Sim. A partir de 1910 já há medidas de segregação, elas são:
- 1910: Constituição exclui negros do governo e gradualmente proíbe os negros de votar.
-1913: Native Land Act veta compra de terras pela população negra fora das áreas “reservadas”.
-1918 – 23: Native Urban Areas Bill e Urban Areas Act instituem a separação espacial nas cidades. Conclusão com o Group Area Act (1950).
-1926: Colour Ban Act veta acesso da população negra a profissões e atividades especializadas, garantindo assim mão-de-obra barata.



c) Exibição do Filme


Justificava do filme


A escolha do filme se dá pela sua história e abordagem. O filme traz diversas discussões que serão levantas em sala de aula, como por exemplo: agência feminina, resistência, violência, protagonismo negro. Além de ser o disparador para as questões tratadas, o filme traz uma importante reflexão para o professor sobre o seu papel político e suas escolhas pedagógicas, sobre qual a função do ensino e de que forma isso se relaciona aos contextos políticos.


Ressaltamos que o uso desta mídia como recurso didático não tem como objetivo substituir outras formas de estudo ou servir como ilustração, antes convindo como um elemento sensibilizador, que tem a capacidade de materializar determinadas imagens relacionadas ao tema abordado. Por meio do uso deste recurso, o/a professor/a deve desenvolver um trabalho de análise crítica, salientando que um filme – como todo documento histórico- é resultado de uma seleção que deve ser decodificada e problematizada, de acordo com os elementos da realidade social que foi representada2. Por este motivo, encadeamos à exibição do filme a dinâmica a seguir.

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1 Disponível para download legendado em: http://raridades0800.blogspot.com.br/2013/07/sarafina-o-som-da-liberdad…
2NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005.

d) Debate
A/o professor/a deve indagar os/as estudantes a discutir o filme, explicitando a importância de selecionar os aspectos mais relevantes para seu estudo, eventualmente conduzindo para alguns temas principais indicados aqui. Durante a discussão, conforme alguns conceitos forem surgindo, é interessante pedir para que eles/elas anotem ou que se escreva na lousa.
(Quem produziu o filme? Por quê? Qual o discurso deste filme? Sobre qual realidade ele trata? Quais são os eventos históricos relacionados ao filme?).

 

 


Parte II
O que o filme quis representar?

a) A sala deverá ser dividida em grupos, de acordo com alguns conceitos e assuntos principais. Explicitamos alguns deles no diagramaabaixo:


b) Os/as estudantes devem escolher (ou ser sorteados) para grupos que farão discussões e análises a partir de determinados elementos e perguntas.


- O filme aborda o tema “violência”: Por quem e por que era utilizada a força policial?

(A força policial era um instrumento que os brancos utilizavam para subjugar e dominar os negros, com a finalidade de controlar e evitar qualquer tipo de reação contra o regime do Apartheid.)


- Houve outra impor o controle sobre as massas? Qual?
(Sim, através dos discursos proferidos pela igreja, sindicatos e meios de comunicação na tentativa de controlar e desqualificar a população negra.)


- O filme aborda o tema “resistência”:
Qual era o método utilizado pelos negros pra resistir?
(Há aqui um ponto importante para ser tratado. Além de explicitar a agência e protagonismo negro, que no filme se dá no momento em que os alunos tentam realizar um musical para homenagear Mandela e também no levante contra a imposição de uma língua oficial para o país; é importante mostrar o papel das mulheres negras, que no filme é representado pela professora que tem a coragem de ensinar os conteúdos proibidos aos seus alunos, criando assim, um desejo de conhecer mais sobre a história africana e ter um país igualitário).

 

c) Pode ser feita uma ficha para preenchimento individual ou para cada grupo, que servirá de roteiro para uma apresentação dos resultados. Os grupos
devem ficar livres para fazer uma pesquisa na internet e livros, ou deduzir as respostas pelo que viram no filme.

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3http://veja.abril.com.br/historia/apartheid-africa-sul/apartheid-quando…

 



Parte III
As mulheres negras e a resistência contra o Apartheid

a) Disparar a discussão:

as temáticas abordadas pelo filme são o fio condutor de nossa sequência. Aqui, continuamos nossa análise a partir de três figuras centrais : Sarafina, a Profa. Mary e sua mãe. É a partir das questões geradas por elas que introduziremos o trabalho com os documentos e a problemática de gênero.

 

SARAFINA
Esta adolescente vive uma série de experiências individuais e coletivas nos mais diferentes contextos de seu meio social e escolar; apesar de a escola ocupar um espaço importante na trama, o ambiente de convivência e aprendizagem de Sarafina não se restringe ao espaço escolar. Em seu cotidiano, ela expressa sua admiração pelo líder político Nelson Mandela, que se encontra preso naquele momento retratado no filme.

 

A história de luta de Nelson Mandela pelo fim do apartheid, em defesa da igualdade de direitos e a conquista da liberdade do povo sul africano, é que Sarafina aprende a respeitar e admirar. Diante de uma foto deste líder pregada na parede de seu quarto, em uma pequena casa onde mora com a sua avó, tios e irmãos menores, ela brinca, conta história, tira duvidas, fala das angústias e sonha com a mesma liberdade que esse líder negro sonhou. A personagem de Sarafina, no desenrolar da trama do filme, revela em vários momentos, na conversa com a foto de Mandela, o seu projeto de nação. Sarafina sonha com uma África do Sul livre de toda a segregação racial, onde os homens e mulheres de todas as etnias respeitem as diferenças culturais para que possam conviver juntos, em uma sociedade justa e democrática. Ela defende o respeito entre os diversos grupos sociais independe de sua cor, religião e sexo.


O que Sarafina desejava? Quem admirava? Pelo que se revoltou? Ela podia se revoltar da mesma forma que seus colegas? Por quê?

 


PROFA. MARY:
Mandela não é a única fonte de inspiração para Sarafina. Em sua luta contra o apartheid, ela também vê em sua professora Mary Massammbuko um exemplo a ser seguindo. Massambuko é uma mulher indignada com a submissão de seus colegas professores que não se opõem ao ensino controlado pelo sistema apartheid, baseado na história dos grupos de brancos que estão no poder. Ela começa a destacar em suas aulas de história, a realidade social de seus alunos. É uma professora de coragem ao permitir que a sua turma de jovens, ansiosos por conhecer a si mesmo e ao seu país, visualize uma história muito diferente da história sobre o povo sul africano do currículo oficial, a fim de desnaturalizar aquele conteúdo escolar obrigatório, que tem os brancos como protagonistas e negros como meros coadjuvantes.


De que forma essa mulher manifestava sua visão sobre o sistema? O que desejava? Que tipos de postura ela tomou?

 


MÃE DE SARAFINA:

Durante o filme, Sarafina tem dois momentos com sua mãe, que trabalha como empregada doméstica na mansão de uma família branca. Num primeiro momento, Sarafina se sente revoltada com a situação de sua mãe, pois entende que sua postura é de submissão, por simplesmente aceitar este emprego – enquanto seu pai morreu lutando. Após ser presa, Sarafina vê novamente sua mãe, e na conversa entre as duas a adolescente ressalta que sua mãe também é uma lutadora, por sobreviver ao sistema.


Qual era a relação de Sarafina com sua mãe? O que ela fazia? Por quê é importante representar essa mulher no filme? De que forma podemos entender sua resistência? O que a impedia de lutar de outras formas?
Qual foi o papel das mulheres na luta contra o Apartheid?


b) Trabalho com documentos (fotografias, pôsteres e textos): A partir das perguntas acima, os/as estudantes devem observar os seguintes materiais em uma projeção e discuti-los.


O principal objetivo é que se consiga estabelecer relações, primeiro entre o filme e as lutas ocorridas durante o Apartheid e, segundo lugar, entender que apesar de os principais líderes serem figuras masculinas, “as mulheres têm sido frequentemente as únicas a levantarem os principais problemas, se organizarem e envolver as pessoas em torno dessas questões. E a relevância de sua participação e o seu papel vital para a libertação negra é inquestionável para a história desse país”4.

Para a maioria das mulheres negras da África do Sul que luta contra o sistema dominante do apartheid, a vida foi uma constante roda de dificuldades, pobreza e desgaste. (...) Quer seja a empregada doméstica que luta para sustentar a família com uma ridicularia, a operária fabril forçada a viver com salários abaixo da média, ou a jovem estudante sujeita a um sistema educacional racista que desperdiça as suas capacidades, as mulheres negras têm vindo gradualmente a tomar consciência de que, sem a abolição do sistema do apartheid, a opressão de que são vítimas continuará e será cada vez pior. Para compreender a opressão das mulheres negras, é primeiro que tudo necessário analisar os elementos do apartheid, bem como os mecanismos que o apoiam

Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU). A luta das mulheres negras contra o Apartheid. Folheto baseado em relatórios das Nações Unidas preparados para a Conferência Mundial de 1980 das Nações Unidas sobre a Década da Mulher e em estudos publicados pelo Centro das Nações Unidos contra o Apartheid, 19825.

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4http://www.anc.org.za/show.php?id=4667
5http://www.fmsoares.pt/aeb/biblioteca/livro.php?registo=007725

 

 



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6http://veja.abril.com.br/historia/apartheid-africa-sul/apartheid-quando…



 

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7http://kandimbafilms.blogspot.com.br/2012_11_07_archive.html

 


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8 https://www.guernicamag.com/wp-content/uploads/2012/10/1.-EW_Drill-Hall…

 

 

 

 


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10http://www.saha.org.za/collections/AL2446/0029.htm

 

 


 

 

 

Carta das Mulheres , sem ano.11

“ Essa organização é formada com o propósito de unir as mulheres numa ação comum para a erradicação de todas as distinções políticas, legais, econômicas e sociais. Devemos nos esforçar para o seguinte:

 

O direito ao voto sem restrições ou discriminação; Para o desenvolvimento de todas as crianças através da educação obrigatória e gratuita, para a proteção da mãe e da criança;

 

O direito à oportunidades para o pleno emprego; Direitos iguais aos homens em relação à propriedade, casamento e filhos; Pela revogação de todas as leis que restringem a livre circulação ou o direito de livre associação; Construir e fortalecer o setor de mulheres no movimento nacional de libertação; Cooperar com todas as outras organizações que tenham o mesmo objetivo na África do Sul; Lutar pela paz permanente em todo o mundo.12

 


c) Finalize esta etapa pedindo para que os estudantes falem e escrevam suas impressões sobre o filme e os documentos. Esse pequeno texto deverá ter ao menos cinco linhas. O objetivo desta anotação é que os grupos possam montar sua apresentação final utilizando os aportes trabalhados ao longo das atividades.

 


Parte IV
Atividade Final

Como atividade final, o professor deverá pedir aos alunos que se dividiram nos grupose que produzam uma música ou dança que privilegie a temática das resistências adotadas pelos negros sul-africanos no período do Apartheid (podem fazer conexões com sua própria realidade também etc.).Não é necessário restringir esta produção à estes tipos de manifestações artísticas, por isso é importante ressaltar que a produção é livre – apesar de ser direcionada. Além disso, se algum/a estudante quiser criar sua produção individualmente, pode o fazer (pode produzir um folder assim como foi mostrado, por exemplo). Dessa forma, a concretização da atividade final pode ser:


a) Discutir com os/as estudantes que papel a música cumpriu durante todo o período do Apartheid, como forma de resistência. Ressaltar que, além das canções usadas nas lutas dentro da África do Sul, vários artistas, como Steve Wonder, U2 e Peter Gabriel contribuíram para difundi-la pelo mundo todo13. Deve se salientar também que a música e a musicalidade, como o próprio filme demonstra (mesmo sendo um musical) no contexto sul-africano, é um elemento cultural, presente em todos os momentos (nascimentos, mortes, comemorações, história oral etc.).

Quais mensagens a música pode passar? Que alcance ela pode ter? Qual o significado delas no contexto sul-africano?

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11http://www.saha.org.za/collections/AL2446/0962.htm
12 Tradução livre das autoras.
13http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/a-musica-para-mandela-1615…

 

 


b) Sugerimos, para aprofundar o tópico anterior, apresentar ao alunos a música “Soweto Blues” cantada por Miriam Makeba, 1987. (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=p-rjW0Fg4QM). A canção foi criada por dois expatriados sul-africanos e gravada originalmente por Hugh Masekela em 1977, ganharia outra ressonância na voz de Miriam Makeba, ex-mulher do trompetista e uma das grandes cantoras e ativistas do século passado. A canção, criada por dois expatriados sul-africanos, relata o massacre no Soweto, em 1976.


É nesse momento que o professor linkará a música como forma de resistência. Além disso, o professor deve localizar o ano em que a canção foi escrita o que isso representou para o momento, remetendo para a luta das crianças de Soweto contra a imposição do ensino em africânder, sempre lembrando de que forma o filme tentou representar.

 


 

 




c) Como atividade final, o/a professor/aos/as estudantes façam uma música ou um coreografia que apresente o conteúdo dado nas aulas e represente uma forma de resistência contra o Apartheid. Este processo deve ser acompanhado, reservando momentos na sala de aula para sua elaboração.


d) Por fim, deve-se pensar em formas de transformar estas apresentações em uma atividade que a escola conheça, se for possível. De todo modo cada grupo ou estudante apresentará suas produções para o restante da sala.


e) É importante lembrar que embora os/as estudantes elaborem a atividade em sala, trata-se um trabalho com cunho artístico, sendo assim, o/a professor/a deverá deixar que o/a estudantes articulem os conteúdos vistos (dado em diversas linguagens) e projete de forma autônoma sua composição artística.

 


Conclusão
Após a aplicação da sequência didática, os alunos além de conhecer uma pequena parte da história e cultura africana, bem como reconhecer os diversos métodos de resistência e luta. É importante salientar, que a abordagem desse tema é de extrema importância para a construção cívica e social do aluno, revelando que é de grande valor reconhecer a beleza das culturas que não são privilegiadas nos currículos. Além disso, essa sequência espera trazer ao professor o desejo de se construir projetos diferentes para a consolidação do ensino, e que sempre será possível abordar os conteúdos de maneira mais atrativa, trazendo para a sala de aula documentos de época, filmes, músicas e um outro olhar sobre a História e um outro modo de ensiná-la nas escolas.

 


 Referências
BITTENCOURT, Circe Maria Fernanades. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo, Cortez, 2008.
BRASIL. Secretaria de Educação Midia e Tecnologica. Parâmetros Curriculares Nacionais, 1991.
FELIPE, Delton Aparecido. Cultura Africana no cinema: Leitura crítica daimagem do racismo na formação de professores. Disponível em: http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem05pdf/sm0…
HERNANADEZ, Leila Maria Gonçalves. “Ateia de segregações: África do Sul, Suazilândia, Lesoto e Botsuana” INA África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo, Selo Negro, 2008.
MAGNOLI, Demétrio. África do Sul: o racismo como instituição conflitos internos e pressões externas o futuro da África do Sul. São Paulo: Contexto, 1998.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005.
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ANC ARCHIVE (arquivo): http://archives.anc.org.za/
APARTHEID MUSEUM - download material educativo (inglês) : http://www.apartheidmuseum.org/downloads
SOUTH AFRICAN HISTORY ONLINE (arquivo) : http://www.sahistory.org.za/
SOUTH AFRICAN HISTORY ARCHIVE (arquivo): http://www.saha.org.za/
VEJA NA HISTÓRIA (edição 1960 do apartheid – fonte)http://veja.abril.com.br/historia/apartheid-africa-sul/apartheid-quando…
Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.)
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM)
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasHumanas.pdf
Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino Médio
http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/235.pdf
Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003
Página22
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm
Lei nº 11.645, de 10 março de 2008.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm

Referencia
Graduandos