Arte e Reivindicações Políticas nos Estados Unidos nas Décadas de 60 e 70

Universidade de São Paulo - 2017 - Ensino de História: Teoria e Prática
Victória Ribeiro da Silva Santos. nº USP: 9336644. Período Noturno
 
Sequência didática: arte e reivindicações políticas nos Estados Unidos nas décadas de 60 e 70.
 
 
Primeiro momento: Alteridade Faith Ringgold e seu retrato da branquitude americana
 
Dinâmica da atividade: discussão em pequenos grupos de no máximo dez alunos, com abertura dos resultados da discussão para o conjunto da sala, verificando-se então as semelhanças e diferenças das conclusões alcançadas. A ideia é que a turma parta da sensação de incômodo para o conceito de tensão racial.
 
O quadro acima será o primeiro quadro a ser apresentado aos grupos, que devem analisá-lo isoladamente como parte inicial da atividade, a partir de algumas perguntas norteadoras que serão também entregues aos estudantes:
 
- O que você vê no quadro? Quem são as pessoas retratadas?
- Qual sensação a imagem te causa?
- Quais sentimentos as cores despertam? - A expressão dessas pessoas é receptiva? Se sim, por quê? Se não, por quê? Quais características do rosto delas indica a sua resposta?
- Por qual razão você acha que a autora nomeou a obra com o título “Apenas para membros?”
 
São entregues então aos grupos esses outros dois quadros, com uma nova série de perguntas:
- Qual sensação essas pinturas causam em vocês? Quais as cores? Quais as expressões?
- Vocês notam alguma diferença entre essas duas pinturas e a anterior? Quais?
- Na imagem da esquerda, você acredita que as interações se dão igualmente entre as pessoas?
- Na imagem da direita o que mais lhes chama a atenção? Quais gestos lhes saltam à vista? Por quê?
- Por quê acham que a artista retrata tal cena? Qual a sua intenção?
- Qual a ideia geral que vocês acreditam que a artista quer passar, sendo que se tratam de obras de mesma autoria e da mesma série de produção?
- Atentando-se às datas de produção dessas obras, o que vocês sabem sobre esse período?
 
 
 
Segundo momento: Autoimagem
As narrativas da comunidade afroamericana sobre a própria identidade
 
O movimento Black Power acontece momento histórico da segunda onda feminista, esse momento de efervescência de ideias tem grande reflexo na arte produzida no período.
É o momento em que surgem os Movimento de Arte das Mulheres e Movimento de Artes Negras, as mulheres negras ficam confusas sobre qual movimento seguir, já que vivem dialeticamente as duas opressões, de gênero e de raça.
 
Nessas circunstâncias, as mulheres negras se organizam para conseguir voz tanto no movimento negro quanto no movimento de mulheres. A representação feminina, no entanto, feita por homens e mulheres, vive um momento de transformação, principalmente quando se trata da representação de mulheres negras.
 
A questão da ancestralidade é muito abordada, as fontes estéticas, mitológicas, são africanas, mas o contexto colocado nas obras é o contexto do momento vivido por esses artistas.
A arte, nesse momento, tem um papel político importante, um papel de estímulo e inspiração para a população, tenta sair do meio acadêmico e servir ao povo.
 
Dinâmica da atividade: a intenção é que os alunos, da mesma forma que fizeram no momento anterior, discutam em pequenos grupos e abram para a sala os resultados ao final da discussão, porém com o adicional de prepararem uma lista com dez palavras que foram importantes na sua conversa. O professor então verifica se surgem palavras similares e trabalhe com aquelas que mais se repetiram.
 
O ideal é que os alunos consigam pensar na dualidade entre semelhanças e diferenças das pessoas retratadas, que consigam enxergar a estética como um instrumento de combate e que consigam trabalhar com o conceito de identidade e comunidade.
 
 
 
 
 
Introduzimos então três obras de Faith Ringgold e um desenho de Emory Douglas para a discussão:
 
- Qual diferença vocês enxergam entre essas imagens e as imagens apresentadas na atividade anterior?
- Qual sensação essas obra trazem? - Quem são as pessoas retratadas nesse quadro?
- Quais as cores? - Quais as expressões dessas pessoas? São expressões parecidas ou diferentes?
- Quais as semelhanças e diferenças dessas pessoas?
 
 
- O que essas pessoas estão fazendo?
- Porque esses autores retrataram pessoas realizan-do essas ações? Qual as suas intenções?
- Quais as principais ideias que surgiram até agora na discussão de vocês? Quais similaridades e diferenças conseguiram traçar entre essas imagens? Quais as principais palavras que surgiram até agora?
 
 
Ao analisar essa obra, os alunos serão norteados por algumas questões:
 
- Qual a semelhança entre essa pintura e as duas anteriores?
- Quais são as diferenças?
- Quem são essas mulheres? O que elas tem de especial?
 
 
Segunda lista de perguntas, apresentadas quando a discussão das outras se esgotar:
 
- Se são seres não humanos, porque carregam armas?
- Qual a intenção do pintor em colocar esses elementos na imagem?
 
 
Mostramos então para a classe em conjunto, antes do momento de compartilhar as conclusões, o discurso de Kathleen Cleaver e a música de Billy Paul. A discussão a seguir deve trabalhar com as noções de estética e resistência, além do senso de coletividade mostrado por Billy Paul:
 
- Qual a intenção dos cabelos afro?
- O que é ser negro na canção de Billy Paul? Por que ele pergunta se é “negro o suficiente”?
- Kathleen Cleaver fala sobre padrões, vocês acham que o padrão de beleza que ela menciona mudou? Se sim, completamente? Se não, não houve nenhuma mudança?
- Por que em sua letra Billy Paul começa com “um por um” e vai aumentando os números até “oito por oito”? Qual a sua intenção?
 
 
Segunda lista, apresentada no momento em que a discussão da primeira se encerra:
 
- A noção do <ser negro>, nesse momento, era apenas estética? Se sim, por quê? Se não, por quê?
- Como essas pessoas negras são retratadas? Como vitimas? Como pessoas ativas?
 
Kathleen Cleaver – Discurso sobre cabelos naturais - 1968
 
Billy Paul – Am
Billy Paul - Am I Black Enough For You - 1972
 
"Sou negro o suficiente para você?
Sou negro o suficiente para você?
Sou negro o suficiente para você?
Sou negro o suficiente para você?
 
Nós vamos seguir em frente
Um por um
Nós não vamos parar
Até que o trabalho seja feito
 
Nós vamos seguir em frente
Dois a dois
E todo este mundo
Vai ser novo
 
Entre na fila
Pare de se prender no tempo
É melhor você se decidir
Nós vamos te deixar para trás
 
Nós vamos seguir em frente Três por três
Temos que nos livrar da pobreza
Eu tenho que ficar preto
Preto suficiente para você
 
Eu tenho que ficar preto
Preto suficiente para você
Nós vamos seguir em frente
Quatro por quatro
 
Não é nunca
Não vamos sofrer mais
Entre na fila
Pare de se prender no tempo
 
É melhor você se decidir
Nós vamos te deixar para trás
Decida-se
Pare de se prender no tempo
 
Entre na fila
É melhor você se decidir
Nós vamos ficar em cima
Cinco por cinco
 
E todo este mundo
Vai ganhar vida
Nós vamos seguir em frente
Seis por seis
 
Eu tenho que usar minha mente
Em vez de meus punhos
Nós vamos seguir em frente até
Sete por sete
 
Nós somos filhos de Deus
E nós temos que ir para o Céu
Temos que seguir em frente
Oito por oito
 
Sem nenhuma testemunha
Não é tarde demais
Sou negro
Negro suficiente para você?
 
Sou negro
Negro suficiente para você?
Liberdade, liberdade
Chegou a ser cansativo
 
Eu poderia levá-la
Se eu pudesse gastar uma vez
Temos que ficar
Negros o suficiente para você
Eu sou negro
Negro suficiente para você"
 
Após esse momento de discussão conjunta, compartilha-se os resultados da discussão anterior de cada grupo e realiza-se a atividade proposta no início desse momento.
 
 
 
Terceiro momento: A nação norte-americana Denúncias de uma nação dividida
 
Durante os anos de 1935 e 1943, funciona nos Estados Unidos um programa federal de arte, gerenciado pela Agência de Trabalho e Progresso, que procura dar valor ao modo americano de vida e empregar o maior número possível de artistas.
 
Essa agência acaba desenvolvendo em suas obras temas relacionados ao proletariado, fazendo grandes murais, o que acaba fazendo com que o governo a considere associada ao Partido Comunista e exclua a agência do projeto de artes, perseguindo qualquer projeto artístico que pareça relacionado ao comunismo.
 
Os artistas negros, nesse contexto, sofrem um crescente boicote às suas produções, estejam ou não vinculados a movimentos comunistas e à Agência de Trabalho e Progresso, principalmente quando suas produções eram figurativas ao invés de abstrata - o abstracionismo era a estética estimulada pelo governo.
 
Entre as décadas de 40 e 60 os afroamericanos passaram a embarcar sistematicamente na campanha pelos seus direitos. É um momento em que não há como refletir sobre as ideias que estão em disputa no mundo, porque além de um período de intensa criatividade, é vivenciada também muita repressão.
 
Esses artistas enxergavam uma nação cindida, que por meio de suas leis segregava brancos e negros. A arte foi uma das plataformas de denúncia, de reivindicação por direitos e de inspiração para que a própria comunidade afroamericana pudesse ter em seu horizonte a possibilidade de transformação, vendo-se assim motivada a resistir e, além disso, agir de modo mais ativo, tendo estar a frente dos mecanismos de segregação.
 
 
 
Dinâmica da atividade: Também realizada em pequenos grupos, a diferença é que essa atividade cobrará não o momento de compartilhamento da discussão com a turma e sim a entrega, em prazo estipulado pelo professor, de um trabalho sobre as leis de segregação dos Estados Unidos, uma trajetória da legislação, com a opinião dos alunos também escrita no trabalho.
 
Já foi estimulada a capacidade retórica dos alunos, a sintetização em algumas palavras e, com o trabalho, será avaliada a sistematização individual do conteúdo.
 
Os conceitos que se tem a intenção de trabalhar nesse momento são os de nação, segregação, sentimentos que isso causa, métodos de denúncia e métodos de ação nos quais as pessoas conseguiram pensar.
 
 
 
 
 
"Para a Minha Filha Kakuya, por Assata Shakur
eu tenho sonhos simples para você
de uma liberdade distante
que eu nunca conheci.
Meu bebê,
eu não quero vê-la com fome ou sede
ou passando frio lá fora.
E eu não quero que a geada
mate seu fruto
antes de amadurecer.
eu posso ver um lugar ensolarado –
vida cheio de verde.
eu posso ver sua pele brilhante, cor de bronze
descansando com as flores
e as centopéias.
eu posso ouvir risadas,
não ridicularizando.
E palavras, não sugeridas
pelo ego ou ganância ou inveja.
eu vejo um mundo onde o ódio
foi substituído pelo amor,
e EU substituído por NÓS.
E eu posso ver um mundo
onde você,
construindo e explorando,
forte e realizada,
irá entender.
E ir além
do meu pequeno sonho simples."
 
 
O fim das Jim Crow Laws vem apenas em 1965, quando acabam as leis de diferenciação e segregação racial.
 
 
O conjunto a ser apresentado aos grupos serão, os dois quadros de Faith Ringgold sobre a bandeira americana, o poema de Assata Shakur e a fotografia sobre segregação.
Para essa atividade, deve-se dar mais liberdade ao aluno, fornecendo apenas uma lista geral de perguntas, pois a ideia de tensão racial e de identidade já foi trabalhada, assim como a ideia que vai para além do individualismo e trabalha a noção de coletivo e comunidade:
 
- Os documentos retratam harmonia nos Estados Unidos?
- Qual tipo de desarmonia é mostrada?
- O cenário é de paz?
- Como a construção anterior de identidade se mostra últil no contexto apresentado?
- Com o poema de Assata Shakur, como podemos analisar o horizonte daquele período? Era um horizonte ruim ou esperançoso?
 
Depois da discussão a sala assiste coletivamente aos discursos de Martin Luther King e Malcolm X, que nos trazem mais uma vez a ideia de diversidade apresentada no segundo momento, mostrando que mesmo lutando por um ideal comum, são possíveis diferentes abordagens. Não trabalharemos de forma dicotômica, apenas mostraremos que são duas estratégias diferentes, duas plataformas de ação que não se excluem.
 
Após a exibição dos vídeos, o professor deve lançar questões à sala:
 
- Qual o motivo dos discursos dos dois oradores?
- Qual a diferença nas abordagens?
- Um deles pode ser considerado mais correto do que o outro? Se sim, por quê? Se não, por quê?
- Vocês acreditam que os dois métodos se excluem? Se sim, por quê? Se não, por quê?
 
Martin Luther King Jr. – Eu tenho um sonho - 1963
 
Malcolm X – By any means necessary
 
 
 
 
Quarto momento: Os Panteras Negras O partido que se alçou como vanguarda da revolução
 
A base para esse momento, será o documentário “Black Panthers: the vanguard of the revolution”, que deve ser assistido pelo professor, que passará somente trechos selecionados para o conjunto da sala. Dessa aula não será cobrada nenhuma avaliação.
 
Se for da escolha do professor, pode-se sugerir que cada aluno faça uma análise de alguma das obras apresentadas no conjunto dos momentos, trazendo mais detalhes sobre a vida do autor, sobre o que o levou a produzir a obra.
 
A atividade se iniciará com a leitura alta do poema de Assata Shakur, retomando a noção de qual o horizonte das possibilidades dos participantes daquele momento histórico, a turma deve discutir sobre o poema:
 
- Quem é o povo que evoca?
- O que são as sementes, brotos, árvores?
-Por quê ela afirma que viu a morte?
- O que é o muro?
 
 
 
"Afirmação, por Assata Shakur
Eu acredito no viver.
Eu acredito no espectro
dos dias Beta e do povo Gama.
Eu acredito no brilho do sol.
 
Em moinhos de vento e cachoeiras,
triciclos e cadeiras de balanço.
E eu acredito que sementes tornam-se brotos.
E brotos tornam-se árvores.
 
Eu acredito na mágica das mãos.
E na sabedoria dos olhos.
Eu acredito na chuva e nas lágrimas.
E no sangue do infinito.
 
Eu acredito na vida.
E eu vi o desfile da morte
marchando pelo torso da terra,
esculpindo corpos de lama em seu caminho.
 
Eu vi a destruição da luz do dia,
e vi vermes sedentos de sangue
sendo adorados e saudados.
Eu vi os dóceis tornarem-se cegos
 
e os cegos tornarem-se prisioneiros
num piscar de olhos.
Eu andei sobre cacos de vidro.
Eu admiti meus erros e engoli derrotas¹
 
e respirei o fedor da indiferença.
Eu fui trancafiada pelos injustos.
Algemada pelos intolerantes.
Amordaçada pelos gananciosos.
 
E, se tem alguma coisa que eu sei,
é que um muro é apenas um muro
e nada além disso.
Ele pode ser posto abaixo.
 
Eu acredito no viver.
Eu acredito no nascimento.
Eu acredito na doçura do amor
e no fogo da verdade
 
E eu acredito que um navio perdido,
conduzido por navegantes cansados e mareados,
ainda pode ser guiado à casa
para atracar."
 
 
Após discutir o poema, conjuntamente a sala assiste aos trechos selecionados do documentário. O professor decide se serão todos assistidos de uma vez ou se a discussão será feita a cada trecho mostrado.
 
Aqui se encontrarão assuntos sobre cada trecho, que podem também ser utilizados em um debate realizado ao final de todos os trechos:
 
3m30s – 6m
 
 Organização pela autodefesa.
 Uso estratégico da violência.
 O que podemos deduzir sobre a ação do partido a partir de seu símbolo?
 Significado de paz em um sistema desigual.
 Por que enxergavam a violência como o único modo de atingir a paz?
 
26m40s – 29m
 
 Como eles organizavam os projetos sociais?
 Para que eles serviam?
 
38m30s – 41m
50m – 52m
 
 A importância de uma identidade visual para aumento da popularidade (volta-se a questão também da função da arte)
 O senso ultrapassa o senso de comunidade. Pensar conjuntamente a questão da solidariedade. Uma possibilidade é a análise do panfleto de Emory Douglas.
 
29m - 34m
01h02m50s
01h21m – 01h28m
 
 
 Trabalhar com a noção de repressão e suas consequências. Aqui é possível pensar em um diálogo com as aulas de sociologia, quando se fala sobre monopólio estatal da violência.
 
01h47m – 01h50m
 
 Esse trecho pode ser mostrado conjuntamente com a música Winter in America, pensando nas consequências da repressão e nos sentimentos que um projeto político traz quando sua força é dizimada.
 
Winter in America
 
 
 
 
"E agora é inverno
Inverno nos Estados Unidos
E todos os curandeiros foram mortos
Ou foi traído
Sim, mas as pessoas sabem, as pessoas sabem
É inverno, Deus sabe
É inverno nos Estados Unidos
E não há ninguém lutando
Porque ninguém sabe o que salvar
salvar as vossas almas
De Inverno na América
 
E agora é inverno
Inverno nos Estados Unidos
E todos os curandeiros feito sido morto ou mandado embora
Sim, e as pessoas sabem, as pessoas sabem
É inverno
inverno nos Estados Unidos
E não há ninguém lutando
Porque ninguém sabe o que salvar
E não há ninguém lutando
Porque ninguém sabe, ninguém sabe
E não há ninguém lutando
 
Porque ninguém sabe o que salvar"
 
 
 
É possível ainda uma breve reflexão sobre se o movimento foi um tempo perdido, se influencia no presente dos Estados Unidos, se influencia no nosso presente. Podemos traçar algumas reflexões também trazendo para a nossa realidade, colocando a repressão como um fenômeno internacional, falando sobre as jornadas de junho de 2013.
 
 
Bibliografia
 
As fontes visuais
 
Quadros de Faith Ringgold retirados do site da artista
 
Panfletos de Emory Douglas no Jornal dos Panteras Negras retirados de:
 
Quadro de Jeff Donaldson retirado de:
 
 
Os discursos
 
Kathleen Cleaver. Discurso sobre cabelos naturais. 1968
 
Martin Luther King Jr. Eu tenho um sonho. 1963
 
Malcolm X– By any means necessary
 
 
Documentário
Documentário: Partido dos Panteras Negras: A vanguarda da revolução.
 
Músicas
Gil Scott Heron. Winter in America. 1974.
 
Billy Paul. Am I Black Enough for you. 1972.
 
 
 
Os poemas
Assata Shakur. Coletânea de poemas traduzidos.
 
Fotografia sem data retirada do site http://www.agrandepescaria.com.br/?m=201401
 
 
 
Textos
Federal art project.
 
Lisa E. Farrington. Black Feminist Art. in The History of African-American Women.
 
Lisa E. Farrington. Civil Rights and Black Power. in The History of African-American Women.
Referencia
Graduandos