João Goulart e o Golpe de 1964
Ensino de História: Teoria e Prática
Professora: Antonia Terra de Calazans Fernandes
Aluno: Victor Doutel Pastore (N° USP – 7619600)
1° Semestre de 2014 – Vespertino
Sequência Didática: “ João Goulart e o Golpe de 1964”
Introdução
Essa sequência didática constitui uma ideia para a introdução da temática do golpe militar de 1964 na sala de aula. A dinâmica escolhida é partir de um documento histórico que registra algo pontual (um acontecimento, um momento), o Comício de João Goulart na Central do Brasil em 13 de março de 1964, para identificar e trabalhar aspectos conjunturais e conceituais do período escolhido. Em seguida, outros documentos auxiliarão os alunos a levantar questões e chegar a ideias sobre o tema.
O momento abordado, em que se acirra ao máximo a polarização política do Brasil em torno das reformas propostas por Jango, é de fundamental importância para o início do estudo do período do regime militar. Por isso, não pode ser deixado de lado em sala de aula. Por ser um tema ainda muito discutido e controverso, deve ser abordado com cuidado pelo professor, para que se evite cair em discursos como o do “golpe e contra-golpe” ou dos “dois golpes”, que justificam a ação militar como uma
defensiva a um outro tipo de golpe que estaria em curso, o golpe da esquerda1.
Em relação aos procedimentos escolhidos, a sequência priorizará atividades de leitura e discussão de documentos, assim como a análise em grupo de documentos (textuais e visuais) seguida de debates que serão complementados e auxiliados pelo professor. A intenção é que os alunos consigam identificar e montar um quadro sobre os problemas que a sociedade brasileira e o governo enfrentavam em 1964, apreendendo conceitos como os de reforma agrária ou reforma constitucional, mas também seus diversos significados políticos.
Prioritariamente os documentos serão trabalhados não como representações verídicas do passado, mas como representação de ideias e opiniões de determinados autores ou setores da sociedade. Além disso, introduzirão “situações-problemas” para que o docente entre no tema histórico escolhido2. Assim, espera-se que os alunos possam levantar questões referentes ao que está em jogo para o autor do documento. O professor deve auxiliar e informar sobre o contexto a partir daí, visto que os alunos provavelmente o desconhecem.
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1 MATTOS, 2008, p.251-253.
Do vermelho ao negro: Uma sequência didática em três atos
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
DO VERMELHO AO NEGRO Uma sequência didática em três atos
São Paulo
Outubro
2014
Arthur Major de Sousa – NºUSP 7618377 e Pedro Stapf de Souza – NºUSP 7619301
DO VERMELHO AO NEGRO Uma sequência didática em três atos
Sequência didática apresentada à Profª Drª Antonia Terra para o curso de Ensino de História: teoria e prática.
Do Vermelho ao Negro
Uma sequência didática em três atos
Introdução
Há 50 anos do Golpe que depôs Jango, instaurando um Estado de Sítio e uma sucessão de governos militares que abortaram a agenda de reformas sociais e solaparam as liberdades individuais e de manifestação política, nos deparamos com o convite de propor uma sequência didática cujo pano de fundo é a Ditadura Militar Brasileira (1964-1985). O momento é propício. Não apenas em função da data histórica, mas também pela instauração da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a partir da lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2011, que visa abrir os arquivos e apurar as violações aos Direitos Humanos cometidas nesse período. A despeito das inúmeras falhas da CNV - em não quebrar o sigilo do alto escalão do exército, não propor uma revisão da Lei da Anistia de 1979 e nem punir os crimes praticados pelo Estado brasileiro e por agentes desse durante os governos militares, à exemplo de outras nações latino-americanas como a Argentina e o Chile - ela iniciou um debate muito importante na sociedade brasileira sobre verdade, memória e justiça, que precisa ser inserido na sala de aula.
O espaço para tanto seria as aulas de História do Brasil, no entanto encontramos uma série de dificuldades para abordar esse tema. Como aponta Circe Bittencourt1, a História do Brasil atualmente se encontra diluída nos materiais didáticos na chamada “História Integrada” e sua dinâmica interna não raro é reduzida a um produto de processos exógenos, superiores e inexoráveis que determinam nossa trajetória. Neste atual modelo, onde a História dita “Geral” se sobrepõe em importância e quantidade à História nacional nos manuais didáticos, falta espaço na diminuta carga horária da disciplina para a História do Brasil Contemporâneo, em especial do período
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1 BITTENCOURT, Circe. “Identidade nacional e ensino de História do Brasil” em KARNAL, Leandro
(org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Editora Contexto, 2003.